
Presente em mais de 200 países, o aplicativo norte-americano Uber surgiu como alternativa ao táxi ao possibilitar que motoristas particulares ofereçam carona a partir de um sistema pago. Ativo há um ano no Brasil, o app pode ser acionado nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
Toda a transação é feita pelo próprio app, do cálculo de preço pelo trajeto ao pagamento, via cartão de crédito. Por padrão, os motoristas ficam com 80% do valor.
Leia também: Vídeo com punição popular a motorista malandro bomba na web
Muitos países alegam que o app, criado em 2010 nos Estados Unidos, estimula uma “concorrência desleal”. De qualquer forma, sua aceitação foi ampla: atualmente, a startup tem valor de mercado de mais de US$ 40 bilhões, mas não sem acumular polêmicas ao redor do mundo.
O caso mais recente envolve diretamente dois dirigentes do Uber: o diretor-geral do app na França, Thibaut Simphal, e Pierre-Dimitri Gore-Coty, responsável por sua aplicação em toda a Europa, foram detidos para interrogatório em uma investigação conduzida por um tribunal francês.
As polêmicas, entretanto, atravessam fronteiras de outros países. Veja 8 exemplos em que o Uber causou complicações:
Brasil

Em abril de 2015, taxistas das maiores cidades do país protestaram contra o Uber, alegando que “os motoristas cadastrados não têm qualquer licença para prestar serviço de transporte público”, de acordo com a Associação Brasileira das Cooperativas e Associações de Táxis (Abracomtaxi). Por conta disso, o aplicativo passou a exigir licença dos motoristas para exercer atividade remunerada, seguro que cubra o passageiro e que, no mínimo, o carro seja sedã a partir de 2009. O porta-voz do Uber no Brasil, Fábio Sabba, afirmou que o aplicativo é legal no país e concluiu: “O que acontece é que ainda não existe uma regulação específica para a economia compartilhada”. No momento, há um projeto rodando na Câmara Municipal de São Paulo que pede a proibição do aplicativo na cidade, o que levou a companhia a se manifestar:

Índia

A Índia apresentou o caso mais grave envolvendo o Uber: uma passageira acusou um funcionário do app de estupro. Segundo a Justiça de Nova Délhi, este motorista teve licença permitida pelo app mesmo depois de ter sido preso há três anos por abuso sexual. O comissário especial Kuldeep Singh Gangar declarou: “Mantendo em vista a violação e o crime horrendo cometido pelo motorista, o departamento dos transportes baniu todas as atividades relacionadas ao oferecimento de qualquer serviço de transporte pelo Uber”. O presidente-executivo do app, Travis Kalanick, concordou com a punição dada ao motorista: “Faremos tudo, eu repito, tudo para ajudar a levar este criminoso à justiça”.
França

Taxistas franceses foram às ruas, bloquearam estações de trem e dificultaram o acesso aos principais aeroportos por conta da “concorrência desleal” do aplicativo, que já tem 400 mil usuários por lá. As manifestações foram violentas a ponto de causar destruição de viaturas, o que levou o presidente daquele país, François Hollande, classificar o episódio como “violência inaceitável numa democracia, num país como a França”. Dois dirigentes do Uber foram presos por lá, acusados de permitirem que motoristas não profissionais fossem remunerados, além de contornar os encargos sociais. O próprio Hollande defendeu publicamente que o Uber deve acabar. A França já havia proibido o uso do aplicativo em janeiro, mas ele continua em operação.
Portugal
O país ficou tão empenhado em banir o aplicativo, que decidiu suspender os pagamentos direcionados ao Uber. Ainda assim, ele continua funcionando em Portugal, mas a ANTRAL, associação que representa os taxistas, alerta que vai recorrer novamente ao Tribunal de Lisboa para “evitar acontecimentos como os ocorridos em França”.
Itália

Os profissionais italianos também alegaram “concorrência desleal” por parte do aplicativo e entraram com ação em um tribunal de Milão. Ainda que a corte italiana tenha proibido as operações do app no país, o serviço UberBlack, composto por profissionais habilitados para realizar o serviço, continua operando em Milão e Roma.
Espanha

No fim do ano passado, o aplicativo foi banido depois de nove meses de operação na Espanha. As operadoras de telefonia e cartão de crédito tiveram transmissões cortadas com o Uber. O responsável pelo app naquele país, Carlos Lloret, disse: “Somos uma nova concorrência em um ambiente onde são pagos milhares de euros por uma licença, impostos altos e um mercado que permanece fechado, mas nossa visão está voltada para o consumidor, queremos oferecer uma solução mais eficiente”.
Tailândia e Alemanha

O governo da Tailândia pediu a retirada do serviço por conta da falta de licença dos profissionais do Uber. Um tribunal de Frankfurt, na Alemanha, utilizou do mesmo argumento para banir o Uber pelo país, acrescentando que as caronas custam além do real “preço de operação de viagem”.