Como ganhar um internauta tarado

“H40carente fala reservadamente para Gatinha: Quer teclar?”. Normalmente é dessa forma que começa a aproximação nas salas de sexo na Internet. Pessoas das mais variadas idades procuram a grande rede para expor os seus mais secretos desejos e taras. Os homens são a grande maioria e usam dos mais variados artifícios para pegarem suas presas virtuais. Difícil é saber o que passa na cabeça dos “taradinhos da rede” quando eles estão digitando. O importante é que as salas de sexo estão sempre cheias e, detalhe, aquela perguntinha típica dos homens, “Foi bom pra você? Gozou?” não costuma ser feita. Meninas, preparem-se para uma viagem rumo ao desconhecido: a cabeça dos homens que fazem sexo virtual e aprenda como deixar todos eles apaixonados.

O estudante de informática Flávio, 28 anos, pode ser considerado uma verdadeira máquina de sexo virtual. Solteiro e sem namorada, ele dedica pelo menos duas horas por noite para se divertir na grande rede. “Faço por que eu gosto mesmo. Além disso, como eu estou sem namorada, não há mal nenhum”, declara. O maior problema é quando o homem deixa o mundo virtual ser mais importante do que o real. “Já fui embora de boates mais cedo somente porque queria fazer sexo na Internet. É uma coisa quase que compulsiva. Me sinto muito bem desta forma”, diz. Quanto ao que acontece nas salas, ele se empolga: “O primeiro passo é chamar a menina para o reserlove. Depois eu começo a dizer que estou tirando a roupa dela e vou me empolgando. Na maioria das vezes eu fico pensando em outras mulheres, tipo Cindy Crawford. A grande vantagem é que eu faço coisas que eu não teria coragem de propor à uma mulher”, confessa.

“Eu libero todas as minhas fantasias”, afirma o publicitário Cláudio, 26 anos. “Sei que parece coisa de criança, mas muitas vezes é melhor do que o sexo real”, exagera. Esses homens só podem estar de brincadeira! “Não passo pela vergonha de uma eventual broxada, posso gozar quantas vezes eu quiser, e ainda não tenho que provar nada para elas. Já tive tantas relações virtuais que, se eu contasse todas, teria que escrever um livro”, confirma.

A pedagoga e advogada Deise Maria Dias Gonçalves teve essa idéia e escreveu um livro. Depois de comprar um computador novo e ser apresentada ao mundo erótico virtual por um vizinho, ela teve a feliz idéia de catalogar suas aventuras. E que aventuras! Durante dez meses, ela e mais quatro intrépidas mulheres mergulharam fundo no “cybersex” e fizeram sexo virtual com nada mais, nada menos, do que 433 homens no Brasil e em mais nove países. As conclusões são reveladoras: “A maioria dos homens faz sexo virtual porque quer uma companhia pois são muito carentes. Normalmente são homens sós que acessam a rede de madrugada. Em geral, o que os atrai é a hipótese de que a mulher que está do outro lado é perfeita e, como não há uma visualização, eles sempre dão conta do recado”, afirma. Depois de tanta pesquisa, ela fez um verdadeiro perfil do internauta “doido para dar umazinha virtual”: a maioria deles é casados, têm entre 20 em 40 anos, sugerem um encontro real depois do virtual ou pedem para terminar “a relação” por telefone. A fantasia mais citada é aquela que a maioria dos homens têm: transar com duas mulheres ao mesmo tempo, eles adoram quando a mulher diz que tem a bunda grande, o chamado popozão, adoram “69” nas preliminares e mulheres de quatro na hora “dos finalmentes”. As desculpas para estarem fazendo sexo virtual são as mais diversas: uns dizem acordar com tesão, principalmente quando o papo é de madrugada, carência, problemas no casamento e, acreditem, há aqueles que juram que na Internet tem muita mulher gostosa.

Para o psicólogo Marcio Rocha, o sexo virtual tem os seus prós e contras. “A vantagem é que a liberação dos desejos sexuais é sempre boa para o ser humano, seja real ou virtualmente. O homem é um predador natural e é normal que eles utilizem este meio para tentar obter prazer. O grande problema é quando o sexo virtual se torna um vício. Nestes casos, o homem se sente tão realizado virtualmente que pode acabar tendo bloqueios em futuras relações no mundo real, como a impotência”, alerta. Outro dado interessante foi divulgado na semana passada pelo Instituto de Psicologia Racional de Munique, na Alemanha. Para eles, o sexo virtual para casais que estão constantemente longe um do outro é muito bom porque sem ele as relações a longa distância não suportam a separação. De acordo com o instituto, uma conversação erótica por telefone ou pela Internet permite que a relação perdure.

E foi por causa do fim de uma relação real que o designer Paulo resolveu se aventurar no mundo virtual. Triste com o fim do relacionamento, ele se atirou no mundo virtual e, como ele mesmo afirma, a experiência valeu a pena. “Primeiro estranhei, mas depois achei legal. O grande barato é que eu começava no virtual e terminava no real, fiquei especialista nisso. Saí com tantas mulheres que eu perdi a conta. Casadas, solteiras….Claro que, em muitos casos, desliguei o padrão de qualidade e ia pra cama com a mulher somente para não perder a viagem”, confessa.

Foi depois que sua namorada viajou que o estudante de engenharia Fábio, 24 anos, resolveu se consolar na web. “Minha namorada foi fazer um curso em Londres e eu fiquei numa tristeza danada. Para passar o tempo resolvi ir numa sala de sexo e foi muito bom. Além de amenizar a saudade que eu estava sentindo, usei várias coisas que eu aprendi lendo a conversa dos outros com a minha namorada. Uni o útil ao agradável: não traí minha namorada e ainda apimentei a relação quando ela voltou”, alegra-se.

Sexo virtual é traição? De acordo com a pesquisa que a Deise fez, a maioria dos homens acha que não; já as mulheres acham que sim e o impasse está criado. Vamos pensar pelo lado positivo! Afinal de contas, em tempos de Aids, a grande vantagem é que a doença não é transmitida pelo computador. Pelo menos até aparecer a primeira doença virtualmente transmissível. Deus nos livre!