Financiando um sonho > Um bom investimento

É verdade que o financiamento, por ser um comprometimento de longo prazo, é menos flexível. Uma vez decidido comprar o imóvel, não há volta, ou seja, não dá mais para pensar em se mudar até que a dívida seja quitada. Por outro lado, se ganha em tranqüilidade, já que, no caso do aluguel, o locador pode, por exemplo, decidir vender o imóvel, deixando o locatário com uma mão na frente e outra atrás.

A casa própria, apesar dos sacrifícios, é um patrimônio que pode durar a vida toda. É exatamente assim que o comerciário Fernando Paiva pensa. “Minha esposa e eu passamos um tempo morando de aluguel, mas sempre tivemos o sonho de ter a nossa própria casa. Quem não tem?”, conta. Fernando e a mulher, Susi, optaram, então, por um financiamento. “Um conhecido nosso chegou a nos oferecer uma Carta de Crédito por R$ 5.000,00, mas pesquisei e percebi que o banco era o melhor negócio”, diz.

O ideal é ir a vários bancos e pedir uma simulação para você saber por quanto sairá sua casa no final das contas. Assim, você pode pesar a entrada, as prestações e o preço final para ver qual dos bancos oferece a proposta mais vantajosa

No Brasil, há várias modalidades de financiamento para a casa própria. Entre elas, está o SFH (Sistema Financeiro da Habitação), a mais conhecida, com prazos de até 30 anos para quitação da dívida e possibilidade do uso do FGTS para dar entrada, amortizar ou quitar o saldo devedor, o que é uma grande facilidade.

De olho nas taxas

“Pelo SFH, é possível financiar um imóvel de até R$ 350.000,00 e as taxas são baratas”, garante Nelson de Sousa, professor de finanças do Ibmec-Rio. Mas a taxa de juros muda, mesmo que pouco, de banco para banco. O valor do imóvel também é determinante na variação da taxa. O consultor Maurício Visconti explica que, no caso de um imóvel de até R$ 120.000,00, a taxa de juros, ao ano, é de aproximadamente 9,5%. Para imóveis entre R$ 120.000,00 e R$ 150.000,00, os juros podem chegar a 10,5% ao ano. Por fim, se o empreendimento tiver o valor entre R$ 150.000,00 e R$ 300.000,00, a taxa de juros varia entre 10,5% e 11,5% ao ano. “Se o valor do imóvel ultrapassar R$ 350.000,00, fica mais difícil financiar, porque o sistema já não é mais o SFH”, explica Maurício. “A partir desse valor, você entra na Carteira Direta”, complementa o professor Nelson de Sousa. Aí, os juros são mais altos.

Quando o funcionário público Antônio Vieira Sobrinho procurou um plano de financiamento, descobriu que, no final, pagaria o equivalente a três casas próprias. Por isso, ele aconselha: “O ideal é ir a vários bancos e pedir uma simulação para você saber por quanto sairá sua casa no final das contas. Assim, você pode pesar a entrada, as prestações e o preço final para ver qual dos bancos oferece a proposta mais vantajosa”.

O consultor Maurício Visconti também chama atenção para outro ponto: “Acredito que, acima de tudo, o que vale é a sua confiança no banco, no gerente. É ele quem vai viabilizar tudo para você”. Por isso, Maurício aconselha o financiamento no próprio banco onde você é correntista, o que também pode trazer vantagens como desconto nas taxas e facilidade na análise de crédito. Mas, além dos juros, é bom lembrar que os bancos têm vários outros tipos de encargos, como seguro e taxas administrativas. Leve tudo isso em conta antes de assinar o contrato de financiamento para ter a certeza de que os gastos adicionais irão caber no seu orçamento.