Empurrando com a barriga > Quando romper – ou não

A hora do rompimento é considerada a mais complicada. “Nada é fácil, existem muitas raízes no relacionamento e muitas delas são legítimas. Ela sabe racionalmente que tem que sair, mas existem um conjunto de outros fatores que têm importância nessa decisão”, considera Amélio da Silva. A passagem da decisão para a atitude cria inúmeros temores, que são naturais, porém difíceis de lidar. “Primeiro a relação termina emocionalmente e depois é que vai para as atitudes”, afirma Meireles.

Segundo a psicóloga, a decisão interna de terminar vai influenciar toda a convivência a partir dali, e se transmitirá em pequenas atitudes: “No fundo, ele sabe que a companheira não mais o suprirá como antes, não se doará como antes. Não será bom para ela nem para ele”, conta. Muitas mulheres passam por inúmeros conflitos internos que acabam indicando uma via mais simples, mas que não soluciona: “Para ela é mais fácil dar um basta em tudo do que usar as ferramentas necessárias para reerguer o relacionamento”, acredita Meireles.

Nesses casos, a psicóloga aponta que a terapia de casal pode ajudar na compreensão real do relacionamento e também no julgamento individual, mas ressalta que só as sessões no divã não farão milagres. “As pessoas pensam que a terapia irá salvar o relacionamento. Às vezes, ela só reafirma que a relação já não tem mais sustentação e deve acabar. A psicologia não afasta nem aproxima, apenas esclarece a forma de enxergar os conflitos. Para uma relação continuar sólida ambos têm que querer continuar juntos, se doando à relação”, insiste.

A chave para um rompimento mais ameno é ser verdadeiro com o parceiro. Apesar das frustrações e do sofrimento inerente à situação, a mulher deve ser firme na decisão. A psicóloga explica: “Conversa é sempre a melhor solução. É necessário mostrar o que já foi tentado para manter viva a relação. Deve-se falar abertamente, as pessoas têm medo de ser sinceras para não magoar, mas é importante ser verdadeiro independentemente de qualquer coisa. Ela já sabe de antemão que vai causar um sofrimento”.

O maior vilão nessas situações é a carência. Segundo Amélio da Silva, logo após o término, muitos sentem falta da companhia do antigo parceiro e acabam sucumbindo à dor da solidão repentina: “Ele pode até reatar por sentir falta da disponibilidade dela em tentar lhe agradar, mas não quer dizer que voltou a amá-la. Quando a carência passar, a insatisfação aparecerá. A relação continua fadada ao fracasso”. O autor fala ainda em arrependimento: “Muitas pessoas só dão valor quando perdem e acabam se arrependendo da decisão”.