Depois de três meses da perda de seu filho, Luciane optou por uma nova gravidez. “Confesso que tinha muito receio de perder meu neném de novo, mas meu marido me encorajou tanto que eu topei”, conta. Mas as angústias continuaram durante a nova gestação. “Tinha medos que as mães que nunca perderam um filho não costumam ter. Medo de cair ou ter algum problema mais grave como má formação, medo que a placenta descolasse, dobrasse ou passasse em torno do pescoço do bebê…”, confessa ela, que durante a nova gravidez, redobrou os cuidados. “Não contei logo para as pessoas que estava grávida, só quando tive certeza de que estava tudo bem comigo e com o bebê. Tomei muito ácido fólico, ferro e vitaminas para que a Anna Laura viesse forte e saudável”, relata Luciane.
E nove meses depois, a alegria e o alívio tomaram conta da vida da editora: “O dia em que a Anna nasceu foi incrível. Você não sabe se ri ou se chora. Você só quer abraçar, beijar e mostrar todo o amor que sente. Dá um certo medo de pegar aquela coisinha tão frágil, mas ao mesmo tempo você não quer que ela saia dos seus braços. Foi o momento mais feliz de minha vida, como se eu fosse a mulher mais vitoriosa da face da terra”, resume.
Para Daniele, lidar com uma nova gravidez também não foi nada fácil. “Você se sente perdida, não sabe direito o que aconteceu. Há um medo enorme de nunca mais poder ser mãe”, revela. Mas sua tristeza foi amenizada com a notícia da chegada de Amanda. “Recebi recomendações médicas para aguardar seis meses até recomeçar as tentativas de uma nova gestação, mas um mês depois estava grávida novamente. Acho que havia uma vontade inconsciente dentro de mim”, afirma. Mesmo diante da felicidade da gravidez, Daniele também relutou em contar para os amigos. “Estava muito insegura nos primeiros meses da nova gestação. Os dias de ultrassonografia eram uma data feliz e de muito tormento. Queria ver o bebê, ouvir os batimentos cardíacos, mas ao mesmo tempo tinha pavor de que o médico dissesse que ele não estava bem”, lembra.
A filha de Daniele nasceu prematura, com menos de seis meses, e a mamãe teve de ultrapassar um novo obstáculo. “No dia em que ela nasceu, a vi por um minutinho, depois ela foi levada para a UTI, onde permaneceu por 171 dias. Foi uma nova luta pela vida. Mas hoje, Amanda é uma criança saudável e sem seqüelas. Sua vida é um verdadeiro milagre. Ela é minha maior alegria”, diz.
Mesmo diante de tantas incertezas, o sonho de ser mãe também falou mais alto na vida de Ana Paula. Mas o destino pregou uma peça e a angústia voltou a aparecer quando a enfermeira teve descolamento de placenta. “A insegurança era tão forte que eu tinha pânico de fazer ultrassom e medo até de ir ao banheiro. Achava que ia acontecer tudo de novo”, confessa. Mas, hoje, ela relembra do ocorrido sorrindo. “Nunca mais esquecerei o momento em que Sophia nasceu. Sentir aquele cheirinho, escutar o choro e ver aquela cara toda sujinha é demais. Não tem preço”, comemora.
Conselho de mãe
Elas lutaram e chegaram lá. Mostraram que a vontade da maternidade é capaz de superar qualquer obstáculo. E, agora, como mães, aconselham: “Vale a pena tentar novamente. Vale a pena superar os medos e tentar quantas vezes for necessário. A sensação de cuidar e amamentar é gratificante”, afirma Luciane. Apesar da dor, elas são exemplos de que é possível se recuperar e recomeçar. “Na perda de um filho, o mundo desaba. Você questiona por que Deus fez aquilo com você, se tantas mulheres no mundo têm filhos indesejados. É difícil de aceitar, mas a vida não nos dá um fardo que não podemos carregar. É possível se reerguer e começar tudo de novo”, garante Ana Paula.
E se depois de muito esforço, a natureza continuar a impedir a gestação, Ana Paula destaca que há outras formas de realizar o sonho da maternidade: “Eu e meu marido sempre conversávamos a respeito e tínhamos em mente que, se não desse certo depois de muitas tentativas, adotaríamos uma criança”. As mamães garantem que, quaisquer que sejam as dificuldades para ser mãe, os esforços serão retribuídos no futuro. “No dia em que tiverem seus filhos nos braços, tudo valerá a pena. Tudo será pequeno diante da grandeza de poder ser chamada de ‘mamãe'”, acrescenta Daniele.