Para instigar os sentidos

Dizem que sexo é imaginação, fantasia. E, se a gente reparar bem, o que não falta no mundo é estímulo para essa química muy caliente fluir entre cérebro e resto do corpo. Para uns, é um cheiro, para outros uma imagem ou um toque. Não importa: de posse das chaves certas dos sentidos, o que vale é abrir portas da percepção sexual com acessórios ao gosto do freguês, desde filmes e revistas pornôs a perfumes, tecidos e palavras. Temperos que estão à disposição para uso individual ou acompanhado, prontos para dar sabor extra até aos mais conhecidos e variados pratos. Basta se deliciar.

Não é de hoje que se discute o que excita homens e mulheres. A julgar pelo material disponível na praça, ou mesmo por uma despretenciosa pesquisa, o erotismo masculino se mostra predominantemente mais visual e essencialmente genital. Já o feminino parece mais tátil, ligado à pele, ao contato e aos odores. “Alguém disse que o órgão sexual das mulheres é o cérebro e eu concordo. As coisas que me excitam são as que me estimulam a imaginação”, confessa a secretária Marília Ribeiro, fã de longa data de romances apimentados e contos eróticos. “Adoro ler e ficar imaginando as cenas. Acho que a mulher prefere coisas que a coloquem num contexto sexual. Uma simples foto de um homem pelado não me excita se eu não imaginar que aquele cara veio de algum lugar, que ele chegou em mim, me disse certas coisas”, garante ela. Com a produtora Adriana Luiza Sanches, acontece algo parecido. “Gosto de cheiros. Tem alguns perfumes que me deixam louca. Tive um ex-namorado, que era uma loucura na cama, ele usava um que até hoje, se eu sinto em outra pessoa ou numa loja, já fico toda nervosa. Não sei se mexe com a minha memória, mas aquilo me deixa louca, passo mal”, assume.

Com os homens, a preferência por imagens é realmente predominante. Despontam no ranking masculino as revistas de mulher pelada e os filmes de sacanagem. “Acho inclusive muito bom colocar um filme antes e durante a coisa. Ajuda a dar um clima, desperta algumas vontades”, comenta o técnico de informática João Henrique Paes. Na opinião do sexólogo Marcos Ribeiro, essa diferença de preferências entre homens e mulheres tem a sua razão de ser. Tudo ainda vem da maneira com que os dois encaram a sexualidade. “Os personagens masculinos das revistas ou dos filmes pornográficos não são homens envolventes, que percam algum tempo conquistando a mulher. Pelo contrário, na maioria das vezes não há contexto, é apenas uma cena de sexo porque a imaginação erótica masculina tende à satisfação instantânea, eliminando tudo o que lhe pareça obstáculo. Já a mulher prefere o romance, se excita com o personagem do homem forte, seguro, que se apaixona por ela. O erotismo feminino nem sempre está ligado ao relacionamento sexual, mas sim às emoções”, comenta ele.

Isso, no entanto, não significa que homens e mulheres não possam se excitar com os mesmos acessórios. Cumprindo a função de dar “um plus a mais” à relação sexual, como sugeriu o técnico em informática João Henrique, os filmes pornôs também têm conseguido agradar à mulherada. “Meu namorado gostava e foi implantando aos poucos, digamos assim. Ele deixava o vídeo ligado enquanto a gente transava. No começo, eu achava que aquilo ia desconcentrar ou que ele pudesse estar fantasiando com a mulher do filme. Mas um dia, resolvi desencanar e também achei bom. Já tenho até as minhas preferências de títulos, atores. Às vezes, nem é a imagem que me excita mais, é o som, os gemidos”, revela a personal treinner Rafaela Carneiro.

É claro que, se tratando de sexo, não há regras gerais bem como não existe material erótico específico para mulheres ou homens. Cada um, conhecendo o que detona sua libido, é quem elege suas preferências. “O uso desse tipo de acessório, embora, como o nome já diz, não seja imprescindível para a satisfação, é altamente válido para a saúde sexual a dois”, comenta Marcos Ribeiro. No entanto, muitas vezes é preciso vencer a barreira inicial do constrangimento o que, com o bom e velho diálogo, sempre fica mais fácil. “Um bom começo é utilizar esses recursos individualmente e ir levando aos poucos, sempre com o consentimento de ambos, o que realmente excita para a cama. Explorando isso, o casal desperta suas fantasias, se recicla, provoca interesse, desperta prazer”, finaliza o sexólogo.