O mundo sem eles é simplesmente inconcebível para todos nós. Mais do que fazer parte do nosso dia-a-dia, os telefones, tanto o fixo quanto o móvel, e as funções que estes desempenham hoje em dia influenciam na nossa maneira de agir, pensar e se relacionar (em esfera local e planetária). E, como não poderia deixar de ser, o modo como usufruímos dessa possibilidade de comunicação a distância acaba se refletindo também nos nossos bolsos. A começar pelo sem número de empresas prestadoras de serviço telefônico, a variedade de tarifas vigentes (uma para cada faixa de horário diferente) e os não-sei-quantos planos de telefone disponíveis no mercado conseguem confundir a cabeça do consumidor. Para economizar, ele precisa ser persistente: fazer cálculos, se encontrar num mar de informações – muitas vezes mal apresentadas e até escamoteadas – comparar números e situações e, daí, tirar suas próprias conclusões.
Já vamos adiantando o seguinte: tanto no fixo como no celular, o maior segredo para economizar é saber bem qual é o seu perfil de consumo. Quantos minutos ou pulsos costuma falar e como usa os telefones – se faz muitas ligações interurbanas, se liga para outro país, se manda muitos torpedos etc. Analisar os seus gastos e ficar matutando meios de pagar menos por mês, nunca é demais! A escolha de um plano adequado ao seu perfil de consumo é a fundamental. Aqui vão algumas dicas e informações que podem facilitar muito o seu trabalho na hora de pesquisar operadoras de celular e prestadoras de telefonia fixa – e, é claro, seus mil-e-um planos e tarifas.
Telefonia móvel
A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PRO TESTE) acabou de publicar, na revista PRO TESTE desse mês (número 41), os resultados de uma extensa pesquisa sobre tarifas de celular. A associação analisou nada menos do que 530 planos de tarifas – todos os disponíveis nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – praticados por operadoras de telefonia móvel (Brasil Telecom, Claro, CTBC Telecom, Oi, Sercomtel Celular, Telemig Celular, Tim e Vivo), o que possibilitou descobrir quais as melhores opções para os consumidores de cada localidade.
Para facilitar a comparação de preços, a PRO TESTE estipulou três perfis de consumo: o primeiro para quem faz apenas ligações locais com média de dois minutos cada, outro para quem faz ligações locais e interurbanas de dois minutos e o terceiro para aqueles que fazem chamadas locais com média de cinco minutos. Os resultados da pesquisa são uma verdadeira mão-na-roda para os consumidores, que, seja pela falta de tempo ou de informação, vivem gastando mais do que o necessário com o celular. “Quando o consumidor chega numa loja para comprar um celular, ele fica perdido. É uma imensidão de planos e a única pergunta que os vendedores fazem é ‘você quer um pré-pago ou um pós-pago?’. Raramente perguntam qual o consumo do usuário, que tipos de ligações ele costuma fazer, os destinos das chamadas, e em quais horários”, constata a coordenadora da pesquisa, Priscila Grativol.
Atenção às conclusões! Para o perfil de quem fala pouco, o primeiro, os planos mais em conta são os da Tim, sendo que, para os sulistas, a melhor opção é a Brasil Telecom. No segundo perfil de consumo, caracterizado por quem também costuma fazer ligações interurbanas, a Claro é a mais barata em toda região Sul, a Vivo é a mais cara em São Paulo, enquanto a Oi é a operadora com tarifas mais caras em todos os estados e regiões onde opera, tirando o Rio de Janeiro. Para o terceiro perfil, a PRO TESTE concluiu que, para quem mora no Triângulo Mineiro, a CTBC é a mais econômica. Já no Rio e em Sampa, a Claro oferece melhores tarifas. E ainda, na região sul a Brasil Telecom e a Claro são as mais vantajosas.
Celular pré-pago: um tiro pela culatra
Os celulares pré-pagos ainda são os preferidos dos consumidores. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações ( Anatel), 81% dos brasileiros optam por esse tipo de plano. “Os brasileiros convivem com uma dificuldade grande de manter e controlar o orçamento. Por conta disso, preferem adquirir um aparelho pré-pago, que aliás já é bem mais caro que um aparelho pós-pago, para colocarem créditos quando puderem e, quando não puderem, apenas receberem ligações. Só que o preço do minuto no pré-pago é, em média, duas vezes mais caro que no pós-pago”, alerta Priscila. É isso mesmo. Um carioca que se enquadra no primeiro perfil, por exemplo, pode gastar com 90 minutos em ligações R$ 68,00 ou R$ 110,70 (diferença de R$ 42,70!), dependendo unicamente da escolha entre um pós-pago ou um pré-pago.
A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor considera a tarifa dos planos pré-pagos abusiva. A validade dos créditos do cartão também é alvo de crítica por parte da PRO TESTE. “Fora o fato do aparelho pré-pago já ser mais caro, se o consumidor paga antecipado pelo serviço, não tem cabimento a operadora restringir o uso da linha pré-paga ao expirar o prazo que impõe para a validade dos créditos. Já entramos com uma ação civil pública na Justiça para acabar com o limite de validade dos créditos dos celulares pré-pagos. E quanto ao preço abusivo das tarifas desse tipo de plano, também já estamos reivindicando junto à Anatel”, garante Priscila Grativol.
Telefonia fixa
Chamada oficialmente de Serviço Telefônico Fixo Comutado ( STFC), a telefonia fixa, nem precisamos dizer, exerce um papel fundamental no nosso cotidiano. O número de telefone é simplesmente uma das principais referências de qualquer pessoa, empresa, instituição, órgão. Afinal, é através dele que conseguimos entrar em contato com quem – ou o que – quer que seja. Mas deixemos essa baboseira introdutória de lado e vamos ao que interessa.
Não é somente a telefonia móvel que oferece toda uma gama de possibilidades de plano. Planos alternativos de pulsos, de minutos ou de reais, para quem fala muito ou pouco, planos para quem faz chamadas de longa distância, planos adequados para aqueles que querem controlar cada centavo gasto. Além disso, hoje em dia, ter um pré-pago ou um pós-pago também é uma escolha a se fazer quando se adquire uma linha de telefone fixo. Para não deixar nenhum leitor na mão, pesquisamos os planos e tarifas de três grandes prestadoras de telefonia fixa, que juntas dão conta de todos os estados desse nosso Brasilzão: a Telemar (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas e Roraima), a Brasil Telecom (Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia e Acre) e a Embratel (que tem áreas de prestação desse serviço em todo território nacional). Mas não deixe de pesquisar as demais prestadoras de STFC – Intelig, CTBC Telecom, Sercomtel e Vésper – porque uma delas pode ser a melhor opção para você! ( Veja o ranking das reclamações recebidas pela Central de Atendimento da Anatel).
O consumidor que opta pela Telemar pode escolher entre quatro planos alternativos, todos estipulados pela quantia de pulsos. São planos de valores diferenciados de assinatura mensal conforme o consumo do cliente em ligações locais. Tem de 190 pulsos (R$ 50, 64), 300 pulsos (R$ 64,83), 410 pulsos (80,74) e 630 pulsos (R$ 112,45). Entretanto, esses planos não incluem chamadas para longa distância, chamadas locais a cobrar recebidas, nem chamadas para celular, que são cobradas fora do valor mensal da assinatura. Quando o consumo ultrapasse o limite mensal, os pulsos excedentes são cobrados de acordo com a tarifa normal. Não é preciso pagar taxa de adesão e a prestadora garante que o usuário pode mudar para qualquer outro plano alternativo a qualquer momento.
Já a Embratel oferece planos alternativos não em pulsos, mas em reais, o que permite usar os créditos da mensalidade não apenas em ligações locais (como nos planos de pulsos da Telemar), mas também em chamadas de longa distância nacionais e internacionais e para celular. A Embratel chama seu serviço de telefonia fixa de Livre e oferece planos alternativos pós-pagos para quatro diferentes perfis de consumo. São eles o Livre Pós R$ 28,00, Livre Pós R$ 50,00, Livre Pós R$ 70,00 e Livre Pós 100,00. Caso o consumo ultrapasse o valor mínimo estipulado, as chamadas excedentes são cobradas com as mesmas tarifas, sem alteração. A habilitação do plano é gratuita. Quanto mais alto o comprometimento mínimo, menor o valor das tarifas. Dessa forma, uma pessoa que mora no Espírito Santo que tenha escolhido o plano Livre Pós R$ 28,00, ao fazer uma ligação local de seu telefone para outro fixo, vai pagar R$ 0,1098 por minuto. Se essa pessoa tivesse habilitado o plano Livre Pós R$ 70,00, por exemplo, gastaria menos por minuto: R$ 0,1001.
A Embratel ainda conta com planos de telefonia fixa pré-pagos, o Livre Pré, que funcionam através de cartões de recarga, cujo valor é revertido em créditos para você fazer ligações locais para fixo e para celular. A vantagem é que você pode controlar rigorosamente os seus gastos, escolhendo, no ato da compra do cartão, quanto vai gastar por mês. E você consulta seus créditos a hora que quiser, sem pagar nada por isso, discando *200 do seu próprio aparelho. A desvantagem é ter que ir a uma casa lotérica comprar o cartão de recarga (ser correntista dos bancos Itaú e Bradesco permite que a recarga seja feita por débito automático) e o limite de validade dos créditos (30 dias, e somente em alguns casos, 60 dias).
As tarifas vigentes nesses planos pré-pagos da Embratel não diferem muito das tarifas dos planos pós-pagos, como acontece descaradamente na telefonia móvel. São duas as modalidades de plano Livre Pré da Embratel: o Livre Pré 21 e o Livre Pré 50. No primeiro, o usuário é obrigado a fazer uma recarga mínima mensal de R$ 21,00 (que vale apenas por 30 dias), e no segundo, de R$ 50,00. Se compararmos um plano pré-pago com um pós-pago da Embratel, veremos que, em alguns casos, a tarifa no pré-pago chega a ser até mais barata. Para moradores de Alagoas, por exemplo, o custo é de uma ligação local para telefone fixo custa R$ 0,1080 por minuto pelo Livre Pré 21 e R$ 0,1130 pelo Livre Pós R$ 28,00. Lembrando, mais uma vez, que quanto maior a quantia fixa paga por mês, menores os valores das tarifas. No plano pós-pago com compromisso mensal de R$ 100,00, a ligação local para outro fixo custa R$ 0,0935 (ou seja, quase dois centavos a menos por minuto do que no plano com compromisso mensal de R$ 28,00) e a local para celular, R$ 0,7210 (economia de mais de dez centavos por minuto).
Para quem faz chamadas interurbanas com freqüência, a Telemar oferece o 31 DDD Amigo: você escolhe um Estado e sempre que ligar para essa localidade paga uma tarifa mais barata que a praticada normalmente. Não há taxa de adesão, nem mensalidade. Todas as prestadoras de telefonia fixa costumam oferecer planos de tarifas de DDD reduzidas para clientes que utilizam esse serviço, sem cobrar nenhuma taxa de adesão ou mensalidade. Você passa a utilizar sempre o mesmo código de operadora e esta, por sua vez, lucra com a sua fidelidade. Mas vale lembrar que algumas empresas permitem que o usuário escolha mais de uma localidade para falar com tarifa reduzida.
Já para quem mora nas regiões sul, centro-oeste e nos estados de Tocantins, Rondônia e Acre, outro serviço de telefonia fixa disponível é o da Brasil Telecom. Segundo a empresa, nessas regiões se concentram cerca de 40 milhões de pessoas, aproximadamente 23% da população brasileira. Quem quiser adquirir o serviço telefônico fixo comutado (STFC) da Brasil Telecom paga R$ 33,46 (incluídos impostos) para habilitar o telefone. O Plano Básico da empresa para clientes residenciais conta com uma franquia mensal de 100 pulsos, em ligações locais para telefone fixo. A mensalidade sai por R$ 41,20 (já com impostos) e ultrapassando essa quantidade, os pulsos são cobrados como excedentes. A outra opção de plano sugerida pela Brasil Telecom é o Plano Residencial 300 pulsos. Para saber se compensa migrar do plano básico para o plano de 300 pulsos (a migração é gratuita), a Brasil Telecom orienta seus clientes a averiguarem a quantidade média de pulsos excedentes em sua conta telefônica. Se essa média for de 180 a 300 pulsos, a prestadora garante que a mudança vale a pena. Mas se o excedente ultrapassar os 300 pulsos ou for inferior a 180, é melhor permanecer no Plano Básico mesmo, que assim o consumidor economiza mais.
Telefone popular
No final do mês de setembro, o ministro das Comunicações, Helio Costa, chegou a um acordo com as operadoras de telefonia fixa para criar o telefone popular, destinado à população com renda abaixo de três salários mínimos. As características do serviço ainda não estão totalmente definidas, mas a proposta é oferecer uma assinatura básica aproximadamente 50% mais barata que a convencional, o que significa custar em torno de R$ 19,90 (com impostos). Ao invés de uma franquia de 100 pulsos (ou 170 minutos), geralmente a oferecida nos planos básicos, o telefone popular teria uma de apenas 60 pulsos (ou 100 minutos), barateando o serviço para as operadoras – já que, segundo estudos do Ministério das Comunicações, mais da metade dos usuários não usam todos os 100 pulsos da franquia, sendo de 40 pulsos mensais a média de consumo do plano básico.
Chamadas interurbanas e para celular não serão incluídas na franquia. Será necessário usar um cartão pré-pago para fazer esse tipo de ligação. Já as chamadas locais que ultrapassarem a franquia serão um tanto mais caras: R$ 0,312 por minuto (sendo que, hoje, um pulso custa cerca de R$ 0,15). Entretanto, todos essas propostas ainda estão sendo discutidas e estudadas. A Anatel promete fazer todas as decisões sobre o regulamento em breve e as prestadoras deverão,oferecer o serviço, obrigatoriamente, a partir de 2006.