Existe um tipo de cesárea mais perigoso para seu bebê, diz estudo. Veja qual é

Obesidade, alergia e diabetes são alguns dos problemas futuros que um bebê nascido por cesariana pode ter, segundo estudos científicos. Atualmente, considera-se que um dos motivos para isso é a ausência de contato do recém-nascido com as bactérias do corpo da mãe, algo que acontece durante o parto vaginal. Mas um novo estudo sugere que essa não é uma verdade absoluta e que nem todas as cesáreas oferecem os mesmos riscos.

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Riscos da cesárea para o bebê: entenda o estudo 

Um amplo estudo, realizado pela Universidade de Aberdeen, na Escócia, acompanhou durante 15 anos o crescimento de mais de 300 mil bebês nascidos no país, o que permitiu que o desenrolar da saúde desses indivíduos fosse avaliada a longo prazo.

Foram estudadas as ocorrências de asma, Síndrome do Intestino Irritável, obesidade, diabetes tipo 1, câncer e morte precoce.

Aproximadamente 4% nasceram através de cesárea planejada, enquanto 17% passaram por uma cesariana de emergência e 79% nasceram via vaginal.

Resultados 

Diferente do esperado, os resultados do estudo mostraram que as cesarianas planejadas, feitas em condições mais controladas, geram mais complicações de saúde que a cesárea de emergência ou o parto vaginal. A explicação para isso é a ausência de trabalho de parto, importante para o desenvolvimento posterior do indivíduo.

Entre os achados da pesquisa:

– Bebês nascidos de cesáreas planejadas tiveram risco 35% maior de desenvolver diabetes tipo 1 em relação aos bebês que passaram por cesariana de emergência;

– Asma: as chances de desenvolver a doença aos 5 anos foram de 10,3% para os que nasceram através de cesariana planejada, 10,1% para aqueles que passaram por cesárea de urgência e 9,6% entre os bebês que nasceram de parto normal;

– Todos os bebês nascidos através de cesárea tiveram maiores chances de desenvolver obesidade aos 5 anos em comparação com os bebês que passaram por parto normal.

Os pesquisadores não encontraram diferenças estatísticas significativas entre os tipos de parto para câncer e Síndrome do Intestino Irritável.

Importância do trabalho de parto 

A explicação dos pesquisadores para a melhor saúde dos bebês que nasceram de cesárea planejada quando comparados aos bebês que nasceram de cesárea agendada é a ausência de um trabalho de parto no segundo caso.

Aparentemente, todo o estímulo preparatório para o nascimento que ocorre durante o trabalho de parto, incluindo a circulação de hormônios sexuais, como a ocitocina, e hormônios relacionados ao estresse, é importante para o crescimento saudável, mesmo que seja interrompido pelo procedimento cirúrgico da cesárea.

Além disso, quando ocorre o trabalho de parto, mesmo que o nascimento não ocorra por via vaginal, ocorre o contato inicial do bebê com as bactérias do corpo da mãe, processo importante para o desenvolvimento do sistema imunológico. É como se essa migração de bactérias, que ocorre de maneira sutil e sem desencadear doenças, preparasse a criança para os futuros micro-organismos causadores de doença que ela encontrará durante a vida.

Cesárea X parto normal 

Vale lembrar que a cesárea é um procedimento cirúrgico importante para salvar vidas que deve ser utilizado apenas quando, por motivos de saúde da mãe ou do bebê, o parto normal não puder ser feito. A via vaginal é o tipo de parto mais seguro e saudável para o bebê, salvo exceções.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de cesarianas em um país deve ser de, no máximo, 15%. Aqui no Brasil os números chegam à casa dos 80%.

De acordo com as diretrizes da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), as situações em que pode ser indicada a cesariana são: apresentação pélvica do bebê (quando o bebê está ‘sentado’), gestação de gêmeos, sofrimento fetal agudo (identificado pelo batimento cardíaco), fetos com mais que 4,5 kg, posição transversa do feto, placenta prévia oclusiva, descolamento prematuro da placenta com feto vivo, procidência de cordão (quando o cordão umbilical está embaixo do feto e pode ficar comprimido entre o bebê e o canal de parto durante a expulsão), malformações genéticas, como hidrocefalia, mãe com herpes genital ativo (primeira infecção) ou HIV e existência de cesáreas anteriores.