Governo faz campanha para reduzir cesáreas: por que isso é vital para mãe e bebê?

Na tentativa de frear o número de cesáreas desnecessárias, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), em parceria com o Hospital Israelita Albet Einsten e com o Institute for Healthcare Improvement, criou o projeto Parto Adequado. Unindo hospitais, agentes de saúde e gestantes, a campanha visa combater o aumento do número de cesáreas em datas festivas, como o carnaval e as festas de final de ano. Entenda como o projeto funciona e qual é a importância dele para a saúde de mães e bebês.

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Segundo dados levantados pela pesquisa Nascer no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz, 84% dos nascimentos acontecidos em hospitais privados é via cirurgia cesariana. Na rede pública, a porcentagem é de 40%. De acordo com Jacqueline Torres, coordenadora do projeto, não há justificativa médica para taxas tão elevadas.

Riscos da cesárea eletiva

No documento de apresentação estão contidas informações alarmantes sobre a realização de cesáreas eletivas – ou seja, aquelas que são marcadas antes que o bebê e o corpo da mulher deem indícios de que estão prontos para o trabalho de parto. Entre elas estão as de que, nestes casos, existem 120 vezes mais chances de um bebê desenvolver problemas respiratórios e três vezes mais riscos de a mãe morrer durante o procedimento em comparação a um parto normal realizado de forma segura e com monitoramento de especialistas, sejam eles médicos, ginecologistas, obstetrizes ou parteiras.

Outro dado preocupante é em relação à saúde do recém-nascido. Dos óbitos neonatais registrados no país, 25% são está relacionado à prematuridade.

Campanha Parto Adequado

É exatamente para minimizar esses riscos que a campanha surgiu. Com a mensagem: “Respeite o tempo do seu bebê. Para o nascimento não há feriado: evite o parto agendado, escolha o parto adequado”, ela tem como objetivos oficias mobilizar profissionais, prevenir gestantes e alertar a sociedade. “Não há evidências científicas que justifiquem agendar um parto com antecedência, salvo algum risco claro para a saúde da mãe e do bebê. Por isso é importante se informar, buscar a opinião de outros profissionais, conversar com o seu médico. A mulher tem o direito de ser informada e ser parte ativa na decisão do tipo de parto”, ressalta a coordenadora.

Atualmente, 38 hospitais privados e 4 do Sistema Único de Saúde (SUS) adotaram as diretrizes do projeto e, a partir da assinatura do documento, se comprometeram a fazer adequações que levam em conta bases dos direitos humanos, adaptação do ambiente hospitalar, treinamento de equipe para garantir a segurança do parto normal e revisão das práticas utilizadas durante o atendimento à gestante e ao bebê, durante o pré-natal até o pós-parto.

Benefícios do parto normal

Entre outros benefícios, o parto normal é a melhor via de parto quando mãe e bebê estão saudáveis porque:

  • As bactérias presentes no canal vaginal fortalecem o sistema imunológico do bebê, evitando o desenvolvimento de alergias e outras doenças futuras;
  • As contrações regulam o batimento cardíaco, a circulação sanguínea e o funcionamento do pulmão do bebê para a vida fora do útero;
  • Os hormônios liberados no trabalho de parto estimulam o vínculo entre mãe e bebê e o aleitamento materno e aceleram a recuperação dopós-parto.