Podemos pensar nos sonhos como filminhos que assistimos na hora em que embarcamos no bonde de Morfeu. Não escolhemos o estilo e nem o roteiro, apesar de sermos protagonistas. O elenco é um caso à parte, nem sempre está à nossa altura ou é de nosso agrado, tipo de peça pregada por Hipnos, o não tão conhecido deus dos sonhos. E ele, como eficiente diretor da cinemateca onírica, para não deixar ninguém entediado, costuma variar muito os títulos em cartaz. Mas com certeza, tanto na vida real como nos becos do nosso subconsciente, o que dá bilheteria são as sessões de sonhos eróticos, que seguem a linha de qualquer filme do mesmo gênero: provocam excitação, suores e rubores. Só que, devido às cenas picantes, a maioria acaba censurada pelo tribunal do nosso juízo recobrado.
Durante um ano, temos uma média de 1460 sonhos e, certamente, uma parte dessa marca corresponde aos sonhos eróticos. Categoria que pode ir desde o sexo completo, com direito a cigarrinho no fim, à mais sem-pé-nem-cabeça das orgias (se é que orgia tem pé e cabeça). “Eu sempre sonho que estou fazendo sexo com um colega meu de trabalho e meu chefe fica nos observando. Acordo envergonhada, mas com um tesão danado”, conta a administradora de empresas Tatiana Santiago.
E, no campo dos sonhos, fazer sexo com desconhecidos ou com pessoas fora de questão pode ser lugar-comum. “Sonhei que estava transando com meu ginecologista. Eu fiquei chocada e comecei a pensar sem parar no médico. O que rolou tinha sido muito bom e logo tratei de marcar uma consulta, para o tira-teima. O sonho poderia ser um sinal, ele ser o homem da minha vida, sei lá… Mas era tudo sonho mesmo, não rolou nada”, diz a gerente de marketing Marina Bismark. O sexólogo Hélio Felippe explica que fazer sexo com estranhos no sonho pode simbolizar o proibido. “O rosto desconhecido em nossos sonhos representa o proibido, algo que você deseja mas por algum motivo a realização deste desejo é impossível. O rosto é estranho, mas o significado não. Freud denominou isso de Elaboração Onírica”, afirma ele.
Então, como Hipnos, o tal deus do sonho, gosta de dar uma de gênio da lâmpada, realiza pelos seus meios desejos impublicáveis, como sair com o marido da amiga ou até com a própria. “Uma vez tive um sonho que estava transando com minha melhor amiga. Acordei assustada, pensando que poderia estar ficando com tendências homossexuais. Aí, passei uns dias até evitando de falar com ela, porque comecei a achar que tinha tesão nela. Hoje, estou recuperada do baque e vi que foi apenas sonho”, confessa a veterinária Mônica Garrido. A arquiteta Suzana Pastore vincula seus sonhos eróticos ao tesão recolhido. “Eu tenho esses sonhos quando estou de abstinência sexual. Mas de qualquer forma as trepadas são, literalmente, dos sonhos, posso até gozar! Elas quase sempre são satisfatórias e ao passo que acordada nem sempre…”, brinca ela.
E, quem pensa que falta de sexo pode motivar sonhos desta natureza e sensações de deixar a perna bamba, acertou. “O organismo produz hormônios que ativam a sexualidade. A partir do momento que o sangue está carregado deles e não extravasa, o sistema nervoso autônomo se encarrega de realizar o ato. Funciona mais organicamente do que fisicamente ou manualmente. É claro que isso acontece muito mais com pessoas jovens do que com adultos, que já têm uma vida sexual mais ativa. O que pode acontecer é um adulto sexualmente ativo, que esteja em abstinência sexual, vir a ter tais sonhos eróticos e, consequentemente, um orgasmo”, explica o sexólogo Hélio Felippe.
O único problema sobre o sexo onírico é que você não tem como perguntar se foi bom pra alguém. Mas como o sonho é seu e ninguém tem nada a ver com isso, se foi bom pra você…