Um terremoto de força 9.1 na escala Richter atingiu a costa do Japão em março de 2011 e provocou um forte tsunami que afetou sobretudo a região de Tohoku, oeste do país. Além das consequências diretas do desastre natural, o tsunami foi responsável também por transportar 289 diferentes espécies marinhas das águas japonesas para o mar dos Estados Unidos.
Como 300 espécies foram parar do outro lado do oceano?
A descoberta de quase 300 diferentes formas de vida oriundas da Ásia na costa leste dos EUA foi divulgada na publicação do artigo científico “Tsunami-driven rafting”, na prestigiada revista Science. Entre as espécies encontradas, mexilhões são os mais comuns, mas há também caranguejos, mariscos, anêmonas e estrelas do mar.
No artigo, os cientistas relatam que o terremoto ocorrido no Japão em 2011 provocou ondas tão fortes que levaram a um evento de “rafting biológico transoceânico sem precedentes históricos conhecidos”. De acordo com o texto, esse tipo de evento é muito raro de ser observado e muito difícil de ser quantificado.
Quando o tsunami estourou no Japão e no oceano Pacífico, arrastou consigo inúmeros objetos para o mar. Entre esses objetos, havia muitos produzidos a partir de materiais não biodegradáveis, como plásticos, por exemplo. Dessa forma, são muito mais resistentes à erosão da água salgada.
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E foi graças a esses materiais que os animais puderam se mover todo o oceano, anexos aos objetos transportados pelas correntes marinhas.
“A expansão da infraestrutura dos litorais aumentou as fontes globais de materiais plásticos disponíveis para a colonização biótica. Isso interage com tempestades induzidas por mudanças climáticas”, explica o texto. Os autores acreditam que muitas outras espécies ainda devem chegar ao litoral norte-americano.
Fenômeno gera preocupação
Na análise dos cientistas envolvidos com o trabalho, a migração de espécies endêmicas da costa japonesa para a costa norte-americana pode ser um sinal de diversos problemas ambientais, potenciais perigos para a biodiversidade dos oceanos: grande presença de plástico nas águas, mudanças climáticas que promovem ciclones e tempestades mais intensas e ameaça de invasão de espécies sobre outras.
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