Um coração pode bater fora do corpo? Um aparelho criado pela empresa TransMedics tem feito justamente essa tarefa: a fim de facilitar transplantes, ele mantém o coração (e outros órgãos) funcionando com o fornecimento de oxigênio e pulsação de sangue rico em nutrientes – assim, o órgão de pessoas que morreram é “reanimado” para salvar outras pessoas.
Apesar de a inovação ser vista como positiva, há uma discussão ética sobre o uso do “coração em uma caixa” para uma segunda pessoa e sobre o tempo de espera para retirada do órgão do paciente que morreu.
Reanimação de órgãos com aparelho

Como funciona
De acordo com a empresa, o órgão se mantém vivo graças ao fornecimento de oxigênio e de uma bomba instalada no aparelho para manter o fluxo pulsátil de sangue quente e rico em nutrientes para o órgão.
Tudo é controlado por um monitor sem fio. O sistema de baterias permite que o equipamento seja transportado sem riscos de parar de funcionar.
“No caso do coração, são monitorados parâmetros como pressão aórtica, fluxo coronário, temperatura do sangue e frequência cardíaca”, explica a TransMedics.
Pontos positivos
Segundo a TransMedics, o aparelho tem um diferencial importante na área de transplantes de órgãos: em vez de ele ser arrefecido, ou seja, submetido a baixas temperaturas, para se manter conservado, ele é mantido “vivo” e quente; isso, de acordo com os fabricantes, faria com que o órgão suportasse mais tempo fora do corpo.
O que tem sido discutido
A retirada do órgão para transplante é feita quando o paciente tem morte cerebral constatada de acordo com a legislação de cada país, ou seja, acontece a morte do cérebro e do tronco cerebral, mas é possível manter o funcionamento dos órgãos por meio de aparelhos. Só quando o coração para de bater naturalmente é que se caracteriza a chamada morte circulatória.
Acontece que, em países que essa tecnologia está sendo utilizada, como o Reino Unido, há poucos casos de morte cerebral.
Isso levantaria o debate ético sobre quanto tempo os cirurgiões devem esperar, após a morte circulatória, para retirar o coração e o reanimar para outro paciente, de acordo com matéria da revista MIT Technology Review.
Como tem sido usado
Fato é que cada equipe médica tem feito o procedimento com seus próprios parâmetros: na Inglaterra, médicos chegaram a reiniciar o coração dentro do paciente morto. A equipe esperou cinco minutos, bloqueou o suprimento de sangue para o cérebro e reiniciou o coração dentro do doador.
Já na Austrália, médicos já fizeram três procedimentos em que aguardaram dois minutos depois que o coração de uma pessoa parou para removê-lo. Em 20 minutos, eles o colocaram no aparelho para “ressuscitá-lo”.
Ele é vendido na Europa e na Austrália. Autoridades médicas ainda investigam a possível utilização nos Estados Unidos. Não há informação sobre a chegada do equipamento no Brasil.
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