
O que os doces tipicamente brasileiros têm em comum? Claro, além de deliciosos, a maioria deles têm nomes para lá de esquisitos. Baba de moça, pé de moleque, teta de nega…
Infelizmente, a maioria destes nomes está ligada a conceitos preconceituosos enraizados no Brasil há muitos anos.
Além disso, a criação destes doces data dos tempos do Brasil império e da escravidão e as origens de seus nomes peculiares estão envoltas em divertidas histórias e mitos que valem a pena conhecer; veja:
Pé de moleque

O doce existe desde os tempos do segundo reinado no Brasil e era vendido nos tabuleiros das baianas vestidas a caráter. Não era raro as pobres baianas serem alvo de furto dos moleques que vagavam pelas ruas. Conta-se que diante do furto as baianas diziam “Pede, moleque, pede, moleque” e na boca do povo o nome acabou virando pé de moleque.
A segundo versão da possível origem do nome é mais histórica e faz referência ao calçamento de pedras de regiões como Ouro Preto, Paraty, etc. As pedras eram colocadas no chão pelos escravos e seus filhos as assentavam com os pés. Por isso esse tipo de calçamento é conhecido como pé de moleque e o doce de amendoim, por ter a aparência parecida, pode ter levado esse nome.
A terceira versão diz que o nome do doce se dá por sua aparência ser semelhante à planta do pé dos meninos de rua da época, cheios de calos e bicho geográfico… Nada agradável comparar isto com um doce, né?
Baba de moça

Outro doce que existe desde os tempos do Brasil Império e conta-se que era um dos preferidos da Princesa Isabel. Com clara influência dos típicos doces de ovos portugueses, com os ovos moles, o doce ganhou nome e versão brasileira, que leva leite de coco.
Dessa vez, a origem do nome é um pouco mais óbvia e um tanto degradável. Do mesmo modo que o pé de moleque, comparar um doce à baba de qualquer moça, mesmo da mais bela, não é uma ideia muito boa.
Teta de Nega

A lenda em torno do doce conta que ele foi feito em homenagem à ama de leite da Princesa Isabel. Difícil de imaginar que uma escrava pudesse receber qualquer homenagem, ainda mais naqueles tempos.
Mas o que conta a história é que, quando a pequena Isabel tornou-se a mais nova herdeira e sucessora do trono, ficava feio para a imagem de sua família que ela tivesse uma ama de leite. Foi então que, para acabar com o problema, o bispo mor criou uma bolsa de couro queimado que simulava o seio da ama e armazenava o leite dela.
Anos mais tarde, quando Isabel foi proclamada herdeira do trono, ela encomendou ao mesmo bispo doces e quitutes para comemorar o novo posto. O bispo resolveu fazer um doce que homenageasse seu maravilhoso feito (ou engenhoca) para desmamar a princesa. Foi então que a maria-mole coberta de chocolate foi apelidada de teta de nega.
Maria-mole

O doce, molenga e sem-graça para muitos, segundo a lenda, foi criado por uma escrava chamada Maria para substituir o sorvete. Sim, conta-se que a família real portuguesa tinha o hábito de mandar vir por mar carregamentos de gelo dos Alpes europeus para fazer sorvete. Certa vez, um desses navios não chegou e, para resolver o problema, Maria tentou fazer algo semelhante misturando coco, açúcar, agua e mocotó, o que deu textura gelatinosa ao doce.
Nega maluca

Segundo a lenda, Nega Maluca era uma escrava que não sabia falar português e levou esse nome porque ninguém entendia nada do que ela falava. Certo dia, ela se atrapalhou e derramou chocolate acidentalmente na receita de bolo e acabou criando essa delícia que levou o seu apelido.