Sou uma fraude? Como a síndrome de impostor atrapalha ótimos profissionais

por | jul 26, 2016 | Ciência

Esqueça o filme “Prenda-me Se For Capaz” e o charlatanismo do personagem de Leonardo DiCaprio. A síndrome do impostor tem a ver com baixo autoestima profissional, ainda que possua ressalvas.

Este termo foi cunhado pela primeira vez pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, em 1978. Segundo elas, o sentimento é de “falsidade em pessoas que acreditam não ser inteligentes, capazes ou criativas, apesar das evidências de grandes realizações”. Ou seja, ter uma realização é o que endossa a sensação de síndrome de impostor.

Atrizes bem-sucedidas, como Emma Watson (saga “Harry Potter”) e Kate Winslet (“Titanic”), já relataram em algumas ocasiões se autoconsiderarem ‘fraudes’, e não tem estatueta de Oscar que reverta isso. Segundo um estudo da Universidade Dominicana da Califórnia, liderado por Gail Matthews, pelo menos 70% dos profissionais apresentam a síndrome do impostor, em maior ou menor grau – principalmente, as mulheres.

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‘Senso natural de humildade’

Em artigo ao jornal The New York Times, o planejador financeiro Carl Richards classificou a síndrome do impostor entre o ‘fazer algo parecer fácil’ e ‘descontar seu valor’. Ele argumenta que muitas pessoas talentosas tendem a colocar seu talento naturalmente adquirido como algo secundário.

“Acredito que parte da síndrome do impostor surge de um senso natural de humildade sobre o nosso trabalho. Isso é saudável, mas pode facilmente atravessar a linha até chegar a um medo paralisante”, argumenta Richards.

Um dos principais bloqueios da síndrome do impostor é impedir que determinado profissional avance numa área que se julga competente. É nessa hora que a síndrome se mostra mais nociva: muitas vezes, esse sentimento te leva a questionar seu esforço no trabalho e faz com que utilize ‘armas de defesa’, como usar o carisma como uma técnica para conseguir aprovação pelo que faz, ou procrastinar, argumentando que ‘funciona melhor sob pressão’.

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Não falhe, aceite

Em entrevista ao Huffington Post, a psicóloga norte-americana Valerie Young, autora do livro “Os Pensamentos Secretos das Mulheres de Sucesso”, afirmou que as consequências da síndrome do impostor podem fazer, também, com que você relaxe de vez, impedindo-o de tomar riscos justamente por se achar um ‘fracasso’.

“Parte de você entende que empreender esforços para atingir um objetivo também o torna vulnerável. Afinal, e se você dedicar todo esse tempo e energia para construir um negócio e, de repente, falhar?”, questiona Valerie.

Um dos passos que Richard aponta para ‘superar’ a síndrome de impostor é aceitá-la. É possível encarar o fato de que você não é habilidoso com algo que, provavelmente, pode prover seu sustento ou garantir realizações invejáveis (um Oscar, um Pulitzer, uma promoção no trabalho).

“Sabemos como este sentimento se chama”, explica Richards. “Sabemos que outras pessoas sofrem disso. Sabemos um pouco o motivo de nos sentirmos desse jeito. E agora sabemos como lidar com isso: convide-o e lembre-se sempre do motivo de ele estar lá e o que ele significa”.

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