E as estatísticas continuam. A boa notícia é que, segundo relatório da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), dos 5.564 municípios brasileiros, 65% já possuem iniciativas de coleta seletiva. “O volume de lixo coletado no país saltou de 96 mil toneladas diárias em 2003 para 140 mil toneladas em 2007, um aumento de 45%. Desse total, 60% não têm um destino final adequado”, ressalta Helio.
Segundo ele, a cultura do descartável propicia o acúmulo, nos lixões e aterros, de quantidades cada vez maiores de resíduos, produtos fora de uso e embalagens desnecessárias. “Nem todos precisariam ter como fim as latas de lixo. Até 30% dessa montanha produzida diariamente nas cidades brasileiras é composta por materiais recicláveis, que, se adequadamente separados, coletados e encaminhados, poderiam ser reaproveitados na confecção de novos produtos por meio dos processos de reciclagem”, garante. A ABRELPE estima que cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos sólidos deixem de ser coletados todos os anos e acabem por ter um destino incerto, geralmente inadequado.
A coleta, o transporte, o tratamento e a decomposição do lixo são processos que geram gases de efeito estufa
A coleta seletiva também contribui para conter o aquecimento global. Como? Helio Mattar explica: “A coleta, o transporte, o tratamento e a decomposição do lixo são processos que geram gases de efeito estufa. Primeiro pelo uso de combustíveis fósseis em todo o processo de coleta e transporte dos resíduos, depois pelo consumo de energia quando há tratamento do lixo e, finalmente, pela emissão de metano na sua decomposição”. Assim, quanto menos lixo houver, menor será o volume de emissões de gases que agravam o efeito estufa.
Adesão à idéia
Muitas empresas aderiram ao movimento de preservação do planeta e incluíram a coleta seletiva em seu cotidiano. Agora, multiplicam as informações entre seus funcionários. “Em geral, as empresas estão dedicando mais atenção ao reaproveitamento e reciclagem de materiais especificamente. Podemos dizer que elas estão se tornando também mais responsáveis sócio e ambientalmente, pois desenvolvem mais ações nesse sentido”, explica Mattar.
E o retorno é bastante positivo. Pelo que parece, os consumidores estão cada vez mais atentos ao comportamento das empresas em prol do meio ambiente. Segundo pesquisa realizada pelo Akatu, os brasileiros têm valorizado mais as empresas que caminham na direção da sustentabilidade. “Nos últimos anos, cresceu – de 36%, em 2005, para 43%, em 2006 – a proporção de consumidores que usam seu poder de compra e de comunicação para premiar empresas que tenham práticas adequadas de responsabilidade social e ambiental. O que mostra que a consciência no consumo é também levada à apreciação das empresas sob critérios sociais e ambientais, e não apenas os tradicionais critérios de preço, qualidade, inovação e design”, compara o diretor do instituto.
Agora que você já sabe um monte de coisas sobre a coleta seletiva do lixo, faça a sua parte. Para começar, procure as cores da coleta multi-seletiva nas ruas e estabelecimentos comerciais: azul para papel e papelão, vermelho para plásticos, verde para vidros e amarelo para metais. Tente também separar seus resíduos domésticos e encaminhá-los para reciclagem. E não fique triste se cada um dos seus materiais, cuidadosamente separados, sejam lançados dentro do mesmo caminhão. Na cooperativa, eles são separados por tipo e subcategorias.
Iniciativas como esta e muitas outras contribuem para melhorar a nossa própria qualidade de vida – e o planeta só tem a agradecer. A reciclagem pode poupar muitos recursos naturais: a cada 50 quilos de papel velho reciclado, uma árvore é poupada; cada mil quilos de vidro reciclado poupa 1.300 quilos de areia; mil quilos de plástico reciclado salvam milhares de litros de petróleo e a mesma quantidade de alumínio que não vai para as latas de lixo economiza cinco mil quilos de minérios da natureza. E isto é só o começo. Bom, não é?





