Não há quem escape de pensar sobre futuro profissional. Ao decidir sobre os rumos que a carreira irá tomar, está em jogo não só a fonte de renda, mas a realização pessoal. Afinal, é sempre melhor ganhar dinheiro fazendo o que se gosta. No pacote de dúvidas que surgem nesta hora, analisar a companhia para qual se trabalha é o primeiro passo. Às vezes você pode ser perfeito para as necessidades da sua empresa, mas ela não é ideal para você.
Há pessoas que mudam de emprego até para ganhar menos num primeiro momento e fazem a escolha certa
É comum que, depois de anos de trabalho no mesmo local, surja a fatídica pergunta: está valendo a pena todo o esforço? Na conta entram as horas extras, as tarefas levadas para casa, o estresse do dia-a-dia. Entretanto, para avaliar se compensa investir outros tantos anos de sua carreira na companhia, é preciso antes fazer seu planejamento de vida. Quem dá o conselho é Gilberto Guimarães, diretor da multinacional francesa BPI no Brasil, especializada em consultoria de recursos humanos. E ele fala como um dos executivos mais experientes da área, mas também como alguém que soube colocar em prática a lição.
Gilberto decidiu sair de uma empresa para ter a chance de viver longe da confusão de São Paulo. Com mais flexibilidade, mudou-se para uma chácara no interior. “Vivo numa felicidade extrema, com meus cachorros, meus livros e meus discos”, conta. Segundo ele, é preciso que o profissional trace metas e pense onde quer estar daqui a dez anos. Uma dica é fazer algumas perguntas, como: O que quero estar fazendo? Com quem? Em qual lugar quero morar? As respostas podem servir de guia para saber qual o melhor lugar para trabalhar. “Se meu sonho é morar na França e produzir meu próprio vinho, não vou buscar emprego numa empresa americana ou japonesa”, exemplifica Gilberto Guimarães.
Descobrir o com o que realmente quer trabalhar pode simplificar a tarefa de escolher a empresa. O ideal é começar pensando no que gosta de fazer e, especialmente, no que te faz bem. Nessa hora, o melhor é tentar não se influenciar pelas ansiedades da família, afirma Gilberto Guimarães. “Costumamos nos guiar pelos exemplos familiares. Mas se o pai for um empreendedor que não teve muito sucesso, o filho não pode abandonar a idéia de ter um negócio próprio por conta disso”, observa.
Com o planejamento de vida feito, é hora de arregaçar as mangas. “Se a empresa em que trabalha estiver alinhada com seus objetivos, ótimo. Caso contrário, busque alternativas”, diz o consultor. E ele é enfático: vale a pena sacrificar o salário e optar por uma remuneração mais baixa para trabalhar em um local que traga os benefícios que se procura. “Ninguém tem sucesso fazendo o que não gosta ou com quem não tem afinidade. Ganhar 10% a mais ou a menos, no final, não faz tanta diferença se você vive infeliz. É um dinheiro rapidamente absorvido e que pode ser compensado”, observa.
Se definir este projeto de vida não for tão simples assim, há a alternativa de buscar uma consultoria. Existem empresas e profissionais especializados em orientar quem anda em dúvida sobre sua carreira, com programas chamados de “coaching”. O objetivo deste tipo de consultoria pessoal é garantir que o profissional faça a escolha certa.
Mas as dúvidas podem surgir até mesmo para quem já esta seguro do que quer fazer e aonde deseja chegar. No momento de optar entre uma empresa ou outra, o que deve ser levado em conta? O primeiro ponto é a perspectiva de crescimento que a empresa oferece, orienta Edmilson Oliveiras, consultor executivo da Agnis. Ou seja, saber qual o cargo máximo que se pode alcançar e, então, avaliar se ele corresponde aos seus objetivos. “No passado recente, o salário era o principal motivador. Mas, hoje, a possibilidade de evolução no cargo conta bem mais. Há pessoas que mudam de emprego até para ganhar menos num primeiro momento e fazem a escolha certa”, afirma o consultor.