O temor em relação a provas está presente na vida de todas as pessoas desde cedo. Na escola temos que ter um bom desempenho para passar de ano e não acabar recebendo um castigo dos pais. Na adolescência o grande fantasma é o vestibular, pois para garantir o futuro precisamos conquistar uma vaga na faculdade de qualquer maneira. Já adultos, quando nos tornamos profissionais, um dos testes no qual temos que tirar nota (muito) boa – valendo um emprego, o que, infelizmente, está na lista de “espécies ameaçadas de extinção” – é o de concurso público. Só que nesse caso não basta ser bom ou ficar na média, tipo passar de ano com 5 ou ter uma segunda chance na reclassificação. Somente os melhores candidatos – leia-se aqueles que chegam muito perto de gabaritar a prova – conseguem entrar.
Em ano eleitoral, como o que estamos vivendo, é comum a realização de concursos por vários órgãos públicos para preenchimento de suas vagas. O reflexo desse boom em um mercado marcado pelo desemprego é o crescimento do número de inscritos, incluindo aí muita gente que nunca havia pensado em se tornar um funcionário público antes. “Muita gente liga para gente dizendo que já se inscreveu para fazer um determinado concurso, mas não sabe direito o que quer dizer a sigla do órgão, ou a função a que está concorrendo. Essa pessoa tem pouquíssimas chances de passar, chamamos de seleção natural”, conta Helena Trenkenreich, coordenadora de concurso do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, um dos maiores realizadores de concurso do país.
Segundo Helena, existem dois importantíssimos passos iniciais a serem tomados por quem está pensando na possibilidade de fazer um concurso de forma séria – e não simplesmente gastar dinheiro e neurônios (e sonhar que o emprego cairá do céu embrulhado em papel de presente). O primeiro é ler atentamente o edital, que é amplamente divulgado inclusive pela internet, para ver se tem o perfil e os pré-requisitos pedidos pelo órgão público. Em segundo lugar, é necessário que o candidato se informe sobre as atribuições da função que exerceria dentro da empresa, pensando se essas vêm ao encontro de sua área de atuação e, principalmente, de sua vocação.
Ok, você já leu o edital, se informou e tomou consciência de que é aquilo o que quer. E agora? A palavra mágica nesse estágio é preparação. Traduzindo: não tem jeito, é meter a cara e estudar mesmo o conteúdo programático apresentado no manual do candidato. “A prova de um concurso público é diferente daquelas que fazemos no ensino regular. Por isso o estudo deve também ser diferente. Pela alta relação candidato/vaga, as provas são feitas com o objetivo de reprovar, ou seja, geralmente são cheias de armadilhas e induzem a pessoa a seguir um raciocínio errado. E isso tudo faz parte do teste”, ressalta Jorge da Costa Ferreira, fundador e diretor do Centro de SABER (Suporte à Aprendizagem Baseada em Educação Remota), que oferece serviços de apoio para estudo por conta própria, entre eles uma metodologia específica para concursos públicos.
Jorge explica que o bom desempenho em um concurso não depende somente de estudar a matéria apresentada no conteúdo programático, mas também em ficar atento às “firulas”, aqueles detalhes do português, matemática e outras matérias que não são tão simples de resolver, e que sempre são usados para testar o candidato. “Fazer cursos preparatórios, que encaminham seu estudo para esse caminho e dão outros macetes em relação ao gerenciamento do tempo, e resolver questões de provas anteriores são os melhores caminhos para a preparação para os concursos públicos”, diz o diretor, ressaltando que não é nenhum demérito ser reprovado em mais de um concurso. “Tenho juízes amigos meus que foram reprovados 10 vezes antes da aprovação. Diria que o normal é até se fazer, no mínimo, uns cinco concursos para ter sucesso. Esta repetição, que leva a uma melhora progressiva da performance, também faz parte da preparação”, esclarece.
Outra questão importante em relação à preparação para os concursos é o cuidado em não achar que anos de experiência prática garantem a vaga. “É muito comum vermos profissionais atuantes no mercado, com anos de experiência, reclamando que não passaram. Esta prática não faz diferença na prova, uma vez que na grande maioria dos concursos ela tem um enfoque acadêmico. O ideal seria que todos os candidatos fizessem uma prova mais prática, mais isso sairia muito caro e ainda poderia dar margens a contradições sobre as respostas corretas, o que não pode existir nos concursos”, afirma Helena. Assim, se o seu objetivo de vida profissional é adquirir uma matrícula de funcionário público, não há muita escapatória. Vai ter que estudar, passar por mais algumas provas e não pode nem pensar em tirar nota vermelha. Boa sorte!
Para saber mais:





