Trabalho voluntário

Quantas vezes você já não se viu chocada com as injustiças do mundo e com vontade de ajudar a quem precisa de alguma forma? Só que ficou tudo na base da teoria, não foi? Na maioria das vezes, a razão de não colocar a idéia em prática é a falta de tempo. Afinal, em uma sociedade tão competitiva, assombrada pelo desemprego e pelos baixos salários, é comum nos ocuparmos com outras prioridades.

Todo mundo se empenha ao máximo em crescer profissionalmente, para, assim, garantir uma melhor qualidade de vida no futuro. Entretanto, por incrível que pareça, muita gente tem mostrado que é possível aliar o crescimento profissional a uma atitude solidária. Como 28 de agosto é Dia do Voluntariado, vamos conhecer melhor quem faz e o bem que se faz por aí.

O paradigma de que o voluntariado é uma atitude assistencialista está mudando. Hoje, as pessoas querem ser voluntárias porque desejam mudar uma realidade, participar da construção de uma sociedade melhor

Foi-se o tempo em que voluntariado era sinônimo de assistencialismo. Distribuir roupa e comida uma vez ao ano não é mais a principal estratégia. Hoje em dia, acredita-se que a ajuda ao próximo é muito mais eficiente quando suas potencialidades são exploradas e estimuladas do que se suas necessidades forem, momentaneamente, supridas. “As ações assistencialistas ainda são necessárias em países como o Brasil, que têm um déficit social tão grande que não vai conseguir ser revertido sem a participação efetiva da sociedade civil. Mas o paradigma de que o voluntariado é uma atitude assistencialista está mudando. Hoje, as pessoas querem ser voluntárias porque desejam mudar uma realidade, participar da construção de uma sociedade melhor”, assegura Heloísa Coelho, diretora-executiva da organização não-governamental RIOVOLUNTÁRIO, uma central de voluntariado que cadastra e encaminha voluntários para diversas instituições.

Uma pessoa pode ser voluntária nas mais variadas áreas. Aliás, no ramo da ajuda ao próximo não há fórmulas nem receitas a serem seguidas. Basta ter criatividade para desenvolver uma nova possibilidade de trabalho que contribua para o crescimento dos dois lados. “É possível agir em todas as áreas: promoção da saúde, geração de renda, meio-ambiente… Enfim, o conhecimento de qualquer pessoa pode ajudar outras”, explica Heloísa. Não importa se você é engenheiro, dentista, administrador, psicólogo, dona-de-casa ou estudante. E também não tem problema se o contato com a comunidade não é muito a sua. “A maioria das instituições precisa de ajuda não só para o trabalho direto com o público ou com a causa beneficiada, mas também através do que chamamos de ‘atividades meio’, como contabilidade, programação visual, redação de textos e tradução. Muitos trabalham até em casa, como no caso dos voluntários online”, diz Heloísa, lembrando que as pessoas podem ser voluntárias em ações pontuais, como em uma campanha ou na organização de um evento.

É dessa forma que os voluntários resolvem duas questões de uma vez só: transformam sua vontade de ajudar em realidade e, ao mesmo tempo, qualificam-se como profissionais. Cada vez mais as empresas prezam profissionais que têm consciência de seu papel como cidadãos, classificando-os como pessoas ativas dentro da sociedade. “Acho difícil uma empresa não levar isso em consideração, ainda mais numa época em que estão, cada vez mais, investindo em responsabilidade social”, argumenta Andrea Huggard-Caine, diretora da Huggard-Caine Consultoria e Gestão em Recursos Humanos. Além disso, segundo Andrea, o voluntariado é uma oportunidade a mais de a pessoa mostrar o que é capaz de fazer. “Tem gente que tem um emprego remunerado de recepcionista, por exemplo, mas como atividade voluntária desenvolve o site de uma ONG. É importante que esse tipo de experiência seja colocado no currículo, porque mostra uma habilidade, um atributo da pessoa. Por outro lado, se ela doa comida uma vez por mês, não tem a ver isso entrar no CV”, recomenda a consultora.

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