Uma técnica conhecida como realidade virtual imersiva, em que o usuário é transportado para um cenário digitalizado ao usar um dispositivo específico, permitiu que cientistas da Universidade de Barcelona simulassem a experiência de ficar fora do próprio corpo.
Para criar o ambiente perfeito para que as pessoas tivessem a sensação de ‘sair’ do corpo, os cientistas usaram óculos de realidade virtual e fones de ouvido em 32 voluntários.
Dessa forma, o corpo virtual projetado era como se fosse o corpo de cada um deles.
Todos os movimentos causavam uma ‘reação’ nos voluntários. Por exemplo, se eles tivessem que tocar em algum objeto, sofriam uma vibração nas mãos. O mesmo acontecia se tivessem algum impacto em qualquer outra parte do corpo.
“Essa configuração dá origem a uma forte ilusão perceptiva de propriedade sobre o corpo virtual”, disseram os pesquisadores, que publicaram a descoberta no periódico PLOS One.
As descobertas podem ajudar no tratamento de pessoas que têm excessivo medo da morte – principalmente ao apresentar algum tipo de doença perigosa.
Experiência fora do corpo
Os cientistas controlavam as ilusões da realidade virtual. Isso fazia com que o ponto de vista dos voluntários, enquanto observadores, experimentassem uma nova sensação. “Quando o ponto de visão é erguido e levantado para fora do corpo virtual, para que ele seja visto como se estivesse abaixo do usuário, isso pode resultar na experiência de estar fora do corpo”, explicaram.
Apenas um grupo dessas pessoas testou esse ponto de visão diferente. A eles, os cientistas chamaram de ‘grupo experimental’. Outra metade continuou interagindo com a realidade virtual como se estivesse controlando o próprio corpo (‘grupo de controle’).
Depois de várias simulações e testes, os voluntários tiveram que responder a algumas perguntas. A ideia era entender se realmente sair de fora do corpo estava relacionado a um medo menor de morrer – algo devidamente apresentado pelo grupo ‘experimental’.
Efeitos psicológicos da experiência
Citando descobertas anteriores, que mostravam como as pessoas brancas tendem a ser menos racistas quando estão na ‘pele’ de uma pessoa negra, ou quando há o instinto de machucar alguma pessoa que estaria te machucando ao sair rapidamente de seu corpo, os pesquisadores pontuam que estar fora do corpo é uma oportunidade de encará-lo de forma menos cautelosa, implicando em ações que, comumente, não faríamos no dia a dia.
“Nós mostramos que também pode haver outros efeitos psicológicos devido a uma experiência virtual fora do corpo em relação a um corpo virtual previamente possuído”, escreveram os cientistas.
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