Conhecida como Dr. Pimple Popper (“doutora estouradora de espinhas”, em tradução livre), a dermatologista Sandra Lee fazia uma fortuna no YouTube, porém, acabou perdendo parte de sua fonte de lucro após uma mudança na percepção da plataforma sobre seus conteúdos.
No Brasil, ela também é conhecida como ” A Rainha dos Cravos“, por causa do seu programa no Discovery Home & Health.
Conteúdo explícito
O problema enfrentado por Sandra Lee acontece com muitos influenciadores e youtubers: após a plataforma revisar seus conteúdos, eles foram considerados muito “explícitos”, e por isso, tiveram queda e restrição de anunciantes — que são justamente a fonte de renda dos criadores de conteúdo no YouTube. Após chegar próxima dos 100 mil dólares mensais por visualizações no YouTube entre 2014 e 2016, o canal Dr. Pimple Popper foi considerado explícito demais para monetização.
Como o nome pode indicar, o principal conteúdo da dermatologista são vídeos relacionados a remoção de cravos e espinhas. Porém, como profissional da saúde, Sandra argumentou em entrevista ao portal Insider que seus conteúdos são educativos e que, por isso, não deveriam receber tais punições.
Lee sente estar ajudando a combater uma batalha de desinformação médica ao atuar com informação dermatológica nas redes. Além das barreiras de anúncios, a médica também lamentou sua queda de audiência, que também tem ocorrido no TikTok pelo mesmo tipo de restrições. “Elas (plataformas de redes sociais) esperaram ficar grandes o suficiente para então poderem reprimir e fazer restrições. (…) Eles mudaram as regras do nada”, afirmou. Atualmente, na tentativa de reverter a situação financeira, a dermatologista vende assinaturas para conteúdo exclusivo em seu canal.
Como funciona o filtro de conteúdo do YouTube?
Antes de “derrubar” um canal por conteúdos explícitos, o YouTube dá “avisos” sobre alguns dos vídeos considerados dentro dessa categoria de risco. Esses alertas são conhecidos como “strikes”, que podem acontecer algumas vezes antes da perda definitiva do canal e de seus conteúdos.
A medida é feita para preservar o público de conteúdos potencialmente “nocivos” ou “ofensivos”, que iriam contra as diretrizes de elegibilidade para publicidade da plataforma. Segundo o YouTube, para estar apto a obtenção de uma receita de anúncios, o conteúdo do criador precisa evitar os seguintes temas:
- Linguagem imprópria;
- Violência (incluindo “jogos, realistas ou não”, vídeos “jornalísticos, educativos, artísticos ou documentais”, que demandam contexto adicional);
- Conteúdo adulto (“com exceções limitadas a conteúdo não explícito sobre educação sexual e vídeos de música”);
- Conteúdo chocante (“conteúdo incômodo, repulsivo ou chocante” sem censura ou contexto adicional);
- Atos perigosos ou nocivos (“que promove comportamentos perigosos ou nocivos que resultam em sérios danos físicos, emocionais ou psicológicos”);
- Conteúdo de ódio e depreciativo (“que incita ódio, promove discriminação, menospreza ou humilha um indivíduo ou grupo de pessoas”, lembrando que conteúdos “de comédia ou que apresentam sátira” podem ser uma exceção);
- Drogas recreativas e conteúdo relacionado a drogas (“apresentar ou promover a venda, o uso ou o abuso de drogas ilícitas, medicamentos/substâncias controladas ou outros produtos perigosos”);
- Conteúdo relacionado a armas de fogo (“com foco na venda, na montagem, no uso abusivo ou na utilização incorreta de armas de fogo reais ou falsas”);
- Questões polêmicas (“temas que podem ser perturbadores para alguns usuários e que normalmente são consequências de tragédias humanas”);
- Eventos sensíveis (“essa política vale mesmo para vídeos compostos apenas de comentários ou sem imagens explícitas e só se aplica a eventos sensíveis após o 11 de setembro”, portanto, “notícias de fontes confiáveis ou vídeos documentais sobre um evento histórico” podem ser monetizados na plataforma);
- Permitir comportamento desonesto (“que glorifica ou promove comportamentos desonestos, como fraudes, trapaças ou invasões de computadores pessoais ou pagos”);
- Conteúdo inadequado para crianças e famílias;
- Conteúdo ofensivo e degradante (de ódio e depreciativo);
- Conteúdo relacionado a tabaco.
As medidas também buscam promover um ambiente seguro e confiável para todos os públicos. A tabela completa de definições sobre os conteúdos pode ser conferida neste link. Em nota, o YouTube também alerta para a relevância de informar o contexto dos vídeos: “Conteúdo artístico, como vídeos de música, pode ter elementos como linguagem imprópria, referências ao uso de drogas ou temas sexuais não explícitos e, mesmo assim, ser adequado para publicidade”.