Os padrões de beleza afetam todas as pessoas, incluindo aquelas que estão bem perto de atingi-los. No entanto, quanto mais distante daquilo que é tido como “bonito”, mais um indivíduo sofre. Grande exemplo é o das pessoas gordas, que além de sofrerem censura sobre seu próprio corpo, ainda têm seus hábitos policiados e suas características inferiorizadas. Essas ações, embora possam parecer sutis, são constantemente reforçadas com expressões bastante comuns no dia a dia.
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A expressão indica que todo corpo gordo, por estar fora dos padrões, não tem beleza. No entanto, a ideia de “feio” ou “bonito” é uma construção e não está livre da influência da mídia e das propagandas de cosméticos, que sistematicamente criam defeitos nas mulheres e, sem seguida, produtos ou procedimentos para solucioná-los.

Uma pessoa não é gorda somente por questão de saúde e, independente da causa, ela deve ser respeitada. A aceitação das caraterísticas físicas do outro não deve passar por nenhum tipo de aprovação ou tutela, ela deve simplesmente ser aceita.

A expressão é problemática porque coloca as duas caraterísticas como excludentes – se uma pessoa é gorda, automaticamente ela não pode ser bonita, como se as duas não pudessem existir ao mesmo tempo. Mais uma vez, reforça a ideia de que o gordo não é bonito.

Se um amigo diz que é baixo, não tem porque ficar insistindo que ele não é para amenizar a situação. Embora para muitas pessoas a palavra ainda seja pejorativa, pessoas gordas vêm se aceitando e esvaziando o adjetivo de sentido negativo.

As pessoas que estão dentro da média ou próximas dos padrões tidos como “normais”, ao falarem que estão gordas, estão esvaziando o sentido da palavra e a atribuindo a situações negativas.

Mais uma vez, a expressão traz a ideia de que pessoas gordas não são bonitas. E elas são, assim como qualquer outro indivíduo.

O controle sobre o corpo e as escolhas da outra pessoa é um grande desrespeito. Independente das características físicas, as roupas devem ser julgadas apenas por que as está usando.

Induzir que uma pessoa não pode usar a roupa de praia que quiser por conta do seu tipo físico e outro desrespeito.

Atribuir o ato de comer a pessoas gordas também é problemático porque reduz a capacidade dessas pessoas a apenas alimentar-se.

A expressão passa a ideia de que, já que ser gorda é ruim, a pessoa deve ao menos ser legal para compensar. A colocação, no entanto, é um grande equívoco. Ser gorda não é bom nem ruim é apenas uma característica, assim como ser legal ou não, e uma não inviabiliza a outra.

Na verdade, referenciais de beleza são sempre individuais e, por isso, desvalorizar a escolha do outro pautando-se pelo peso de uma terceira outra pessoa é preconceituoso e inferiorizante.

Ao usar essa expressão, o indivíduo está supondo que uma pessoa com o corpo gordo é inferior e não é capaz de ter outras características interessantes e atraentes.
Vídeo
Para tratar desta mesma temática, reforçar que ser gorda não é defeito e nem xingamento e ressignificar a palavra, a blogueira Tati, do Gorda e Zen, gravou um vídeo onde cita mais 18 expressões preconceituosas e explica o motivo de cada uma delas ser ofensiva. Assista e entenda que, mesmo que não te atinja, o hábito pode afetar a saúde psicológica e emocional de muita gente, mesmo que discreta, indireta e subjetivamente.