Amigas para sempre

Aos 20, vocês só querem saber de sair para rir, se divertir e badalar por aí. Aos 30, a vida vai ganhando novos contornos, os assuntos e prioridades mudam e as saídas não ficam tão constantes assim. Aos 40, a realidade é bem diferente: filhos, maridos, trabalho, contas a pagar e cada vez menos tempo para passarem juntas. Quem tem uma amiga de fé, irmã, camarada mesmo, daquelas que conhecem a fundo todos os seus medos e angústias sabe: a vida pode te levar para caminhos diversos, mas uma verdadeira amiga sempre vai estar lá, ajudando a construir a sua história. Selecionamos algumas mulheres para contar como é a relação delas com suas melhores amigas em diferentes momentos da vida de cada uma. Confira!

No dicionário Aurélio, a palavra amizade é definida como “sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou atração sexual”. Entre as pessoas, o termo ainda pode ganhar outros tantos significados. Mas, afinal, por que ter um amigo é tão importante em nossas vidas? “Desenvolver relacionamentos de amizade é uma necessidade básica do ser humano. É com os amigos que aprendemos a gerenciar nossos sentimentos e emoções e também compartilhar experiências e valores sem nenhuma espécie de cobrança ou censura”, afirma o psicólogo clínico Elísio Mello Costa.

Você quer também passar pelas coisas legais que a outra pessoa está passando. Mas não existe falsidade. Se existir, então não tem amizade. As duas coisas não combinam

Elísio lembra que, no Brasil, o termo amizade é muito elástico, podendo ser usado em várias situações e em diversos níveis de relacionamento. “O brasileiro é muito aberto e tem facilidade em começar e desenvolver algum tipo de camaradagem. Entretanto, muitas vezes os laços são frágeis e quando se rompem, são difíceis de recuperar. Em certas situações somos muito volúveis”, afirma ele.

Não é à toa, portanto, que longas e sinceras amizades sejam raras. As bases dessa relação precisam ser construídas de forma sólida e mantê-las é um exercício de desprendimento. “No começo, quando ainda somos jovens, temos muito apego aos nossos amigos. Queremos fazer os mesmo programas, andar sempre juntos. É uma fase de descobertas em que a gente precisa do outro como suporte e também para nos espelharmos nele. Isso é muito comum entre os adolescentes. Com o amadurecimento, percebemos que nosso amigo não precisa estar sempre junto para se fazer presente e importante. Não temos mais essa relação de dependência. Ao invés de quantidade, vamos preferindo qualidade nos encontros”, afirma o psicólogo. É, nada como a maturidade…

Vinte e poucos anos

Em geral, quando se tem 20 anos, ainda são poucas as preocupações que as pessoas possuem. É a época da faculdade, festas, namoros… “Queremos apenas uma amiga para ir à night com a gente”, define, entre gargalhadas, a fisioterapeuta Tatiana Albuquerque, 23 anos. Mas logo ela emenda: “Não, isso também faz parte. Ainda não tive grandes problemas, nenhum drama sério para dividir com a Lu. A gente está na fase de curtição, em que passamos muito tempo juntas saindo, fazendo coisas divertidas”, conta ela, referindo-se à amiga Luciana Taveira, publicitária, 24 anos.

Mas, segundo a publicitária, não foram somente alegrias que elas tiveram durante os longos 15 anos de amizade. “É aquela coisa, você não pode nos exigir muitas experiências de vida para falar. Temos as experiências adequadas à nossa idade. Nem mais nem menos”, diz, cheia de pompa, Luciana. Então, como ela definiria uma amizade sincera entre as mulheres em tão tenra idade? “Respeito e cumplicidade. O primeiro porque acredito que essa seja a base de qualquer relação e cumplicidade eu classifico como compreensão e apoio. Queremos nos divertir juntas e sabemos que uma pode contar com a outra”, complementa. Então .

Já Tatiana acredita que ainda é cedo para falar em amizade profunda, daquelas cantadas e proclamadas de diversas formas. “É muito difícil definir amizade. É um conceito muito amplo, profundo”, diz.

Mas, será que existe amizade sincera entre as mulheres? Elas garantem que sim! Mas, afirmam, comparações são inevitáveis. “Você quer também passar pelas coisas legais que a outra pessoa está passando. Mas não existe falsidade. Se existir, então não tem amizade. As duas coisas não combinam”, filosofa Luciana.

Para o futuro, as duas pretendem dividir um apartamento. “Aí a curtição será total”, afirm, animada, Tatiana. “Não teremos preocupações, nem nossos pais na nossa cola. Temos que aproveitar nossa juventude e nossa amizade, né?”, completa.