O que motiva a traição parece ser o cerne da questão e um grande diferencial na hora de avaliar a gravidade da situação. Espera-se da mulher uma postura mais romântica em todos seus relacionamentos, seja o oficial ou extraconjugal. A jornalista Michelle Licory também analisa a questão por este prisma e acredita que esta é a razão que encobre a traição feminina. “Para uma mulher trair com seu encanador, ela tem que ser muito atirada. Porque sexo pra gente dificilmente é só um simples ato sem envolvimento. E a gente não costuma sentir a tal “necessidade” da mesma maneira que os homens. Tanto que eles têm a necessidade física da masturbação. Geralmente, quando a mulher trai é de caso pensado. Ela planeja, mesmo que se arrependa depois. Como normalmente não é um impulso que vem do nada, é mais fácil de esconder”, diz.
A traição fere o “contrato de exclusividade” assinado por ambos quando se dispuseram a ficar juntos. Quando existe uma prova de infidelidade no relacionamento, a crise é inevitável, mas a dor de cabeça novamente não é a mesma para o homem e para a mulher. O psicólogo Aílton Amélio afirma que não é fácil para nenhum dos dois enfrentar a situação, mas a chave do problema é distinta. “Ambos ficam perturbados com isso, mas a mulher se preocupa mais se o homem está apaixonado. Já o homem, se preocupa se a mulher transou”, afirma.
Sexo e amor
Eles são mais infiéis sim. Mas antes de ser tomada por um espírito quase corporativista e soltar aquele catártico “cafajestes!”, saiba que este quadro está mudando. Existe uma gradual diminuição entre os índices de infidelidade masculina e feminina. O psicólogo Bernardo Jablonski atribui esta mudança à emancipação feminina e ao clima de liberação sexual “que faz com que as mulheres, mesmo tendo como meta o vínculo sexo/amor, acabem se envolvendo com mais facilidade em relações de curta-duração”, defende. A mulher se sente um pouco no fogo cruzado com tantas informações a digerir. Ela é independente e quer estar em pé de igualdade com o homem. Mas, muitas vezes, não deixa de lado o mito romântico do “felizes para sempre”, da donzela salva por um cavaleiro perfeito.
Elas estão querendo cada vez mais diversão e prazer do que paixões e amores duradouros
A estudante de Rádio e TV Renata Rossi vê a luta pela emancipação da mulher um dos motivos para a mudança no comportamento feminino e, ao comentar o tema, deixa transparecer um pouco deste turbilhão de sentimentos com que a mulher moderna tem de lidar. “As mulheres, hoje em dia, estão banalizando muito as relações amorosas, talvez tanto quanto os homens. Elas estão querendo cada vez mais diversão e prazer do que paixões e amores duradouros. Acho que a gente deve viver o agora, e o corpo da gente é a única fonte de prazer garantido, então, temos que usufruir de tudo que ele nos oferece. É valido passar por fases de deslumbre, deixar de lado um pouco os sentimentos, mas no fundo, que mulher não quer encontrar o príncipe encantado pra amá-la pela vida inteira?”, questiona.
Para a esteticista Ângela Paredes, a traição feminina vem aumentando por conta da liberdade já conquistada pela mulher. Para ela, a mulher não se sente mais presa em seus relacionamentos, tem mais coragem para ir à luta e buscar seu par perfeito. “O que acontece é que agora já não agüentamos nada, com a primeira mudança, seja o que seja, já deixamos a pessoa. Isso porque já não nos conformamos, sabemos que sempre podemos encontrar outra pessoa que goste mais da gente”, encerra.