Como andar na garupa da moto

por | jun 30, 2016 | Comportamento

Subir numa moto sempre dá aquele friozinho na barriga e uma sensação de liberdade fora do comum. Mas não basta colocar o capacete, sentir o vento no rosto e abraçar o motorista para pegar a estrada. Na garupa, não só a emoção deve ser dividida, mas também a responsabilidade. Afinal, não estamos numa montanha-russa e o equilíbrio sobre as duas rodas precisa de uma cumplicidade ainda mais refinada entre os dois motociclistas. 

Quem garante é o instrutor de pilotagem da Federação de Moto Clubes do Estado de São Paulo, conhecido entre os motociclistas pelo apelido de Picka Pau e que sob hipótese alguma revela o seu verdadeiro nome. ” Compartilhar uma moto em movimento, além do prazer da companhia, é uma corresponsabilidade“, observa ele, que credita o sucesso do percurso ao piloto e seu garupa, embora caiba ao primeiro toda a responsabilidade sobre a condução moto. O medo e a insegurança de quem está atrás representam perigo. “Um mau garupa pode causar tanto mal quanto um piloto ruim”, compara Eduardo Tomalik, coordenador do portal Tudo de Moto.

Basta um gesto brusco com um dos braços para tirar tudo do lugar. Porém, é na hora de fazer as curvas que as coisas complicam. O garupa deve seguir o condutor ao se inclinar para realizar o movimento. Quem tentar se manter ereto pode brigar com o movimento proposto. “Se você é novata na garupa, essa é a hora de se segurar bem no piloto e tentar se comportar como se fosse parte da moto, inclinando o seu corpo no mesmo ângulo”, indica Tomalik. E nada de se distrair ao olhar a paisagem! “O certo é direcionar a visão para o lado de dentro da curva. Seu corpo faz parte da aerodinâmica”, ressalta Picka Pau.

E, como na hora da curva a emoção aumenta, é natural que a pessoa que está na garupa dê beliscões, gritos e broncas nos motoristas. Apesar de fazer parte da diversão, essa é uma conduta que os especialistas reprovam. “Até mesmo apertar demais a cintura do piloto atrapalha. Isso tira a concentração dele, o que altera perigosamente a trajetória na curva“, considera o coordenador do portal Tudo de Moto.

Se não podemos apertar demais o piloto, onde devemos dar aquela segurada com mais força nos momentos em que a adrenalina sobe? De acordo com os especialistas, isso depende da velocidade em que a moto estiver. “Em acelerações mais altas, é melhor que ambos estejam mais próximos para evitar a ação do vento”, ensina o instrutor de pilotagem. Para trajetos curtos em ambiente urbano, a recomendação é que os apoios sejam feitos nos locais apropriados da moto: pés na pedaleira traseira e mãos nas barras de apoio ou alças que ficam ao lado do banco do carona. “Algumas motos contam com apoio nas costas, com a instalação de sissy-bar, chamado de Santo Antônio. Outras possuem os baús traseiros que também ajudam a se apoiar”, recorda o instrutor.  Vale lembrar que o Código de Trânsito Brasileiro estipula que, assim como o motorista, o passageiro deve andar sempre com os equipamentos de segurança, principalmente com o capacete. Trafegar um passageiro sem capacete é uma infração gravíssima proposta no Artigo 244, inciso II.

Segundo os especialistas, estar na garupa é semelhante a um casamento: experiência e intimidade são fundamentais para que a parceria dê certo. “Não é de todo ruim que o apoio aconteça na cintura do piloto ou até mesmo o abraçando”, considera Eduardo, reforçando que toda relação tem um desgaste: “Se for exagerado, o apoio poderá prejudicar o piloto, o que o deixará cansado antes do previsto. Isso pode levar a dores no pescoço, nas costas, nos punhos, antebraços e até mesmo nas pernas”, aponta.

O apoio no piloto deve ser somente para manobras de curvas e por um curto período de tempo. “Você pode segurar no ombro, nas coxas ou abraçar o motorista na altura da cintura”, recomenda Tomalik. Enfiar as mãos por dentro da camisa, camiseta, colete ou jaqueta é proibido. “Muito menos enfiar os dedos nos passantes da calça. É um apoio muito perigoso em caso de acidentes”, completa o coordenador do portal Tudo de Moto.