Antes, é um verdadeiro jogo de sedução: troca de olhares, lingeries sensuais, música para fazer clima, um bom vinho. Durante, é uma loucura. Beijos frenéticos, abraços apertados, posições criativas, troca de suor, carinhos, lambidas e amassos. Até a respiração aumentar, a freqüência cardíaca disparar, o coração saltar e… chega-se ao Nirvana. Mas, e depois? Uns preferem ficar coladinho, fazendo carinhos. Outros, uma boa soneca ou até mesmo um banho daqueles. Independente do que se faz depois do sexo, o importante é que os dois estejam satisfeitos. Em todos os sentidos.
O antes e o durante muitas vezes são tão intensos, loucos e selvagens que nem dá tempo para conversar. “Sempre começamos na sala. Ele, testando meus limites. Depois de tudo, sentamos no sofá para um cigarro, minhas pernas geralmente por cima das dele. É o momento do carinho tranqüilo, das palavras doces, olhos nos olhos, beijos suaves no rosto. ‘Como você está? Como foi sua semana? Saudades…”, descreve a empresária Martha Santos. Ela confessa que esse é um momento curto, já que logo a loucura continua. Dessa vez, no quarto. “Curtimos ficar agarrados, esperando o coração acalmar, para depois nos separarmos. O cigarro é de praxe, para ambos. O cinzeiro entre nossos corpos, ele de barriga pra cima, eu de bruços. É a hora gostosa do papo sem compromisso, falando da vida, dos amigos em comum, dos filhos, algum artigo interessante que lemos, a situação do mundo, qualquer coisa que tivermos vontade. É a nossa pausa, a nossa curtição, às vezes até com um copo de vinho. Hora de recuperar as forças”, relata. Para ela, nada mais normal que uma sonequinha aditivante para a próxima rodada.
Quando a transa é muito intensa, não há corpo que agüente e situações inusitadas são conseqüências naturais – ou quase. Depois de uma tarde de amor ardente, a executiva Samantha Machado acabou surpreendida com o fim do seu dia. “Estava numa posição meio estranha, de costas para ele, minha perna por cima dele, seu braço por cima de mim e a mão sobre meu seio. Eu tinha percebido e ouvido seu desejo explodindo, e estava deixando meu corpo acalmar um pouco, ainda o sentindo dentro de mim. E de repente veio o silêncio. Mal ouvia sua respiração. Virei o rosto e dei de cara com ele dormindo profundamente! Caramba!!! Tão rápido assim? E ele nem tinha se mexido da posição em que estávamos”, admira-se Samantha, que sentiu uma profunda sensação de carinho ao perceber o semblante sereno e um meio sorriso de satisfação nos lábios dele. “Não me mexi, não queria acordá-lo, e nem sair daquela posição, que apesar de desconfortável, era extremamente gostosa. E ficamos assim por um bom tempo, eu até adormeci por alguns minutos. E depois, nos mexemos, ele saiu de dentro de mim, mas seu braço continuou por cima do meu corpo. E assim ficamos por uma boa hora”, conta ela, que só o acordou porque sabia que era hora de ele ir.
E quem pensa que esse negócio de dormir depois da transa é coisa de homem, está muito enganada. O ato sexual deixa o corpo, para ambos os sexos, exaurido. Para a sorte da estudante Mônica Guedes, que não dispensa uma boa relaxada na pós. “Durante seis anos de namoro, o nosso depois era sempre o mesmo. Dormíamos direto até sermos acordados por um telefonema da recepção do motel. Era quando nos arrumávamos imediatamente e íamos embora para ver se, em casa, não percebiam que fiquei mais de oito horas na rua para ‘assistir a um filme’ “, revela Mônica, que está encantada com a atenção e o carinho que o seu atual dispensa a ela, enquanto dorme. “Ele é um doce… Mesmo quando estamos exaustos, ele nunca dorme depois de transarmos. Eu é que sempre tiro uma ‘pestana’ e, quando acordo, ele está lá, me olhando e fazendo carinho… É bom demais!”, suspira.
Outro mito é o de que partir pra outras atividades depois do rala-e-rola é sinônimo de desinteresse. Há quem sinta necessidade de, simplesmente, se ocupar. “Adoro ler logo após as transas. Relaxo e absorvo melhor o conteúdo. Meu marido é que se incomoda, por querer ficar agarrado, juntinho, namorando. Eu fico, mas por pouco tempo. Gosto de estar ao lado dele, mas não deixo de ler meu livro só porque acabei de transar. Tem tempo para tudo”, conta a jornalista Maria Maia, garantindo que, se o tesão bater mais uma vez, não hesita em deixar o livro de lado e começar tudo de novo. “Isso nunca foi um problema na nossa relação. Quando ele está sem sono, fica fazendo massagens nos meus pés e me curtindo ou então dá uma chapada e ronca, ou melhor, ronrona”, brinca ela, totalmente apaixonada.
A atitude dos homens depois da transa é muito mais comportamental do que sentimental. Nada de ficar encucada porque o gatinho virou para o lado e dormiu. Cansaço é normal e gostar de ver TV também. “A mulher, na maioria das vezes, deseja muito mais o marido após o coito do que ele, mas isso não é uma regra. Na realidade, nada é regra. A mulher também pode ter sono, gostar de ver TV, sentir fome e comer. Muitas pessoas ficam com esse paradigma definido, de que isso é coisa de homem, quando na realidade não podemos generalizar”, explica o sexólogo Arnaldo Risman. Falta de paixão, educação, timidez, fome, sono, vontade de ver TV, de tomar banho e a própria personalidade são algumas razões para que, segundo ele, os casais não queiram ficar juntos depois do sexo. Não há explicações. É bastante singular, depende de cada um. “Nada impede de a pessoa fazer isso tudo ao lado ou acompanhado do outro. O importante é ter afeto. Isso é que está faltando na maioria das relações. Por isso ficam inventando géis e pílulas pra dar prazer. Daqui a pouco não vamos mais precisar de parceiros”, completa.
Mas, mesmo assim, todo cuidado é pouco para não ser mal interpretado. Principalmente no início de uma relação. “Quando comecei a sair com meu ex-marido, todas as vezes que acabávamos de transar, ele corria pro banheiro para se lavar. Achava aquilo repugnante e muito esquisito”, comenta a publicitária Silvia Ribeiro, que passou muito tempo acreditando que o cara tinha nojo dela. “Quando peguei mais intimidade, perguntei a ele qual era o problema. A explicação me tranqüilizou muito. Ele já tinha tido cistite várias vezes e o médico tinha orientado ele a se lavar após o ato para evitar problemas. Depois de saber o motivo, quando chegávamos ao orgasmo, segurava ele e assim a pressa foi passando”, conta.
Curtir cada momento, respeitando a individualidade e o ‘time’ do casal é essencial. Afinal, o depois é tão importante quanto o antes e o durante. Cada um com sua função, mas todos fundamentais para uma boa relação.