Após passar um bom tempo no congestionamento, chegar a um posto de gasolina é como encontrar um oásis no meio do deserto. Tempo para esticar as pernas, fazer um lanche na loja de conveniência e encher o tanque. Embora a parada ajude você a relaxar do caos do trânsito, é importante ter muita atenção na hora de abastecer, já que hoje em dia todo cuidado é pouco para não cair no golpe do combustível adulterado. Aprenda como se prevenir!
Antes mesmo de entrar em um posto, faça uma observação prévia dele. Entre as regras de comercialização de combustíveis estabelecidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços do litro devem estar bem expostos e visíveis à distância.
Chegar a um estabelecimento sem saber previamente quanto custa o litro, nem pensar! Por isso, evite andar com o carro na reserva e parar no primeiro que aparecer. Se, em algum local, você se deparar com um valor muito inferior ao que é praticado normalmente, ligue o sinal de alerta. Segundo dados do programa “De olho na bomba”, da Secretaria de Fazenda de São Paulo, 865 postos de combustível já foram interditados no estado desde o início do programa, em 2005. Entre as recomendações principais dos coordenadores estão: sempre duvidar dos preços muito baixos e pedir emissão da nota fiscal ao final do abastecimento.
Carro parado no pátio e frentista ao vidro. Essa é a hora de tomar a atitude de se levantar para acompanhar todo o processo de abastecimento. Verifique se o posto revendedor informa de maneira clara a origem do combustível comercializado. De acordo com a ANP, os postos de bandeira branca (sem distribuidor exclusivo) devem identificar o fornecedor do respectivo combustível em cada bomba abastecedora.
Outro ponto a ser observado antes de o funcionário encostar no seu automóvel é se o quadro de aviso da ANP contendo a razão social do posto, o vínculo com a agência e os respectivos telefones de contato dela está em local de fácil visualização. Tudo em conformidade, comece a acompanhar de perto os passos do frentista. “Se você estiver atenta durante toda a operação, os riscos de qualquer engano ou irregularidade se reduzem a quase zero”, considera Elisabete Hafner, proprietária do posto Jurema, no Rio de Janeiro.
Testes de combustível
A realidade, no entanto, é diferente. “Mesmo que não entenda muito do assunto, é importante estar ali, observando o que está sendo feito. O consumidor tem que fazer a sua parte. É muito comum as pessoas chegarem aos postos ao celular ou até mesmo fumando, ambos proibidos“, lembra a proprietária.
Após analisar o serviço, você pode exigir fazer um controle da qualidade do produto oferecido. Existem dois testes que qualquer pessoa pode – e deve – fazer na bomba. O primeiro deles é o da quantidade. Se houver suspeita de divergência entre a quantidade de combustível adquirida e a efetivamente armazenada no tanque do veículo, faça o teste. Hafner explica: ” Todo posto é obrigado a ter um galão de 20 litros, certificado pelo Inmetro, para aferir a quantidade despejada pela bomba. A margem de erro tolerada entre a quantidade indicada pela bomba e a contida no recipiente é de 100ml para mais ou para menos”.
Mas o principal temor de qualquer motorista é mesmo a qualidade do combustível. Entre as inúmeras consequências do uso de um produto adulterado, destacam-se a formação de resíduos em bicos injetores, válvulas, velas de ignição e câmara de combustão, perda de potência e aumento de consumo. Cada combustível tem uma medição diferente.
Nos carros a etanol, as adulterações mais comuns são a adição inadequada de água e o uso do etanol anidro, chamado de “álcool molhado”, que pode ser identificado por sua coloração laranja. O etanol dever ser límpido e incolor. Caso contrário, pode estar adulterado. Os postos também devem ter, ao lado da bomba, um equipamento chamado de termodensímetro, que afere a coloração e o nível de água misturada ao álcool. O etanol hidratado tem cerca de 5% de água, indicada pela marca vermelha. Quando o etanol apresentar um teor de água um pouco maior, sua densidade aumenta, e com isso, podemos verificar que o densímetro irá ultrapassar a marca vermelha de aferição correta.
Nas gasolinas, a análise deve ser feita por meio de um procedimento conhecido como teste da proveta. Atualmente a legislação permite uma mistura de até 25% de etanol combustível à gasolina. Segundo a ANP, as maiores irregularidades estão na adição em excesso do etanol e de outros solventes ao combustível. O teste é colocar 50 ml de combustível em uma proveta de 100 ml, completar os outros 50 ml com uma solução de água e sal e misturar. Ao final de 15 minutos, a água e o álcool incolores vão se depositar no fundo e a gasolina, de tom amarelado, acima. Cada mililitro de solução incolor acima dos 50 ml de água corresponde ao álcool contido na gasolina. Multiplique essa adição por dois e some um: assim, você chegará à porcentagem de álcool na gasolina do posto.
Posto de confiança
Trabalhoso, não? Sem tempo para fazer esse teste a cada estabelecimento que paramos, a dica é escolher um para chamar de seu. “Abasteça sempre no mesmo lugar”, recomenda o programa “De olho na bomba” da Secretaria de Fazenda de São Paulo. Faça o teste e, se der tudo certo, habitue-se a utilizar somente a gasolina deste posto. “Eu tenho clientes que vinham com seus pais ao meu posto e hoje trazem seus filhos. Acabam criando um vínculo com os funcionários, o que é ótimo para fugir das irregularidades”, acredita Elisabete.
E você, já teve problemas na hora de abastecer? Comente e compartilhe sua experiência com a gente!