Dirigindo em estrada de terra: dicas para encarar o caminho

por | jun 30, 2016 | Comportamento

Nas férias de inverno, sempre surgem aqueles hotéis e pousadas aconchegantes com boas ofertas para aproveitar o friozinho, não é? Mas, para chegar até lá, não raro é ter que lidar com estradas de terra e entradas de acesso mais complicado do que as que costumamos encontrar em nossas cidades. Por isso, é bom aprender a lidar com as intempéries desse ambiente diverso para fazer o trajeto com segurança. Saiba como impressionar na condução sobre a terra!

Facões, costela de vaca, atoleiros…

A principal diferença entre o asfalto e a terra está na aderência. A tração do carro fica comprometida no novo terreno e a possibilidade de derrapar, patinar e perder o controle aumenta substancialmente. Por isso, no artigo 61 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB), a velocidade máxima permitida em estradas rurais é 60 km/h. “O contato do pneu com o chão é menor, dependendo da característica da terra. É um terreno que não tem um padrão”, explica Luiz Fonseca, instrutor de direção defensiva.

Cada piso tem uma característica diferente. Existem aqueles que ficam muito lisos e escorregadios quando chove. “Nesses casos, o problema é o que chamamos de costela de vaca. Por conta do tráfego intenso, a estrada fica cheia de pequenas ondulações diminuindo ainda mais o contato do pneu com o solo”, esclarece Luiz. Os mais arenosos e com cascalho ajudam a aumentar a aderência. “Outro obstáculo são os chamados facões, que é quando o tráfego acaba formando trilhos na pista com as marcas das rodas, deixando a parte entre elas mais alta”, explica. O pior dos casos, segundo Fonseca, está nos solos com terra mais fofa, que podem se tornar lamaçais ou atoleiros em caso de chuva.

Mas como saber se dá ou não para passar? Acostumada com as condições adversas, a piloto de Rally Helena Deyama dá a dica: “Primeiro, é dar aquela olhada básica. Em caso de atoleiro, é bom observar o tamanho dos sulcos das rodas deixados pelos outros carros”, recomenda ela. O procedimento ideal passa por tirar o sapato e botar o pé na lama. “É muito prudente passar a pé, com a ajuda de um bastão ou galho, para ver se está afundando muito e o tipo de barro que vamos enfrentar”, ensina a piloto de Rally. “Não adianta ter pressa em estrada de terra, porque, se tiver, você não vai chegar, vai atolar ou derrapar com facilidade. Tem que ser mais precavida ainda”, reforça Luiz Fonseca.

Pés sensíveis

Ainda que a pressa seja inimiga das estradas de terra, conduzir devagar demais também não é bom para vencer o desafio. Segundo os especialistas, o que vale nessa hora é detectar a sensibilidade do carro e do terreno que está atravessando. “Alguns tipos de atoleiro exigem maior aceleração do veículo, para não perder potência e embalo. Mas muito cuidado com o acelerador: em pisos molhados mais lisos, a aceleração excessiva vai fazer o carro derrapar”, compara Deyama. Leveza é a palavra de ordem, com velocidade constante e uma aceleração média. “Engate uma segunda marcha que tem mais torque e vá passando. O terreno é mais sensível, por isso você precisa trabalhar de uma forma diferente. Se acelerar muito, atola. Se frear muito forte, o carro escorrega”, ensina Fonseca.

Atenção redobrada em curvas e descidas

“Nas curvas evitar fazer movimentos bruscos e desvios radicais”, alerta Helena. Pisos com baixa aderência exigem atenção especial em curvas e descidas, porque intuitivamente as pessoas tendem a frear quando sentem que vão perder o controle do carro. Isso só vai piorar a situação.

“A recomendação é sempre diminuir a velocidade ou frear antes de entrar em uma curva ou enfrentar uma descida maior”, diz a pilota. Outro fator relevante é que, em sua maioria, estes tipos de estrada não contam com os serviços básicos de resgate em emergências.  “Antes de tentar passar, dê uma olhada nos mapas, confira os equipamentos de segurança do carro e veja se o telefone está com sinal e bateria suficientes”, ressalta o instrutor de direção.

Existem modelos de carros mais preparados para este tipo de travessia, como caminhonetes e jipes, que normalmente possuem tração nas quatro rodas. No entanto, sempre após passar por um desafio desses, é bom dar uma checada para identificar possíveis avarias. “Se a travessia tiver sido muito severa, com muita lama ou água profunda, é conveniente parar, sem desligar o motor, e abrir o capô para checar se está tudo ok. Olhe embaixo do carro para ver se não ficaram galhos ou elementos enroscados na suspensão e sistema de tração”, recomenda Helena.

E você, já teve alguma experiência off road? Já passou por apuros ou domina bem esse terreno? Comente e compartilhe com a gente!