Do Cauim ao Champagne

Receita de Cauim. A leitora Rejane Lima quer uma receita de cauim. Esse era o fermentado predileto dos nossos índios, pelo menos dos tupiniquins encontrados por Cabral e comitiva assim que chegaram ao Brasil. Os portugueses ofereceram vinho, mas os donos da terra preferiam vinho feito de mandioca, o seu cauim.

A bebida era utilizada mais em rituais. Só mulheres, de preferência virgens, podiam prepará-la. Os tubérculos da mandioca (ou aipim, macaxeira) eram cortados em finas rodelas, em seguida cozidas num grande pote até ficarem macias. Após resfriadas, as mulheres as mastigavam e as cuspiam num segundo pote. Levava-se a mistura para o fogo novamente, com as índias mexendo aquela pasta com colher de pau até que o cozimento se completasse. Só então a bebida era levada para um grande pote de barro e deixada fermentar. Essa prática ainda sobrevive entre os indígenas que resistiram às práticas dos chamados “civilizados”.

Enzimas de nossa saliva convertem o carboidrato encontrado na mandioca (e em outras frutas, sementes, raízes, tubérculos) em açúcares, que vão fermentar. A bebida resultante é opaca e dens

Enzimas de nossa saliva convertem o carboidrato encontrado na mandioca (e em outras frutas, sementes, raízes, tubérculos) em açúcares, que vão fermentar. A bebida resultante é opaca e densa. Pode ser consumida pura ou adicionada a frutas.

Os japoneses faziam exatamente a mesma coisa para produzirem o saquê. Mastigavam o arroz e o cuspiam em tigelas. Os incas tinham (e ainda têm) a chicha, feita da mesma maneira, só que a partir do milho.

Não parece muito complicado. Consegui na internet a seguinte receita: descasque o aipim, leve-o ao fogo para cozinhar. Uma vez macio, deixe-o esfriar. Caso queira pular o capítulo de mastigar e cuspir, após cozido e frio, raspe-o bem, jogue o resultado numa panela, adicione açúcar e deixe fermentar. Em dois ou três dias esse cauim caseiro estará pronto. Mas atenção: não testei essa receita (até porque não sou virgem). Saiba mais sobre o cauim aqui.

O vinho e suas temperaturas. Respondo aqui a várias questões sobre temperatura de serviço de vinhos. O caso é que se bebermos vinho muito gelado, vamos insensibilizar o nosso palato e, portanto, não perceber os sabores. Se o bebermos muito quente, mal perceberemos os taninos e o álcool ficará desagradavelmente dominante.

Os brancos ficam melhores entre 10 e 13º C. A maioria dos tintos estará correta entre 17 e 18º C. Claro que há exceções, como em todas as regras. Champagne deve estar bem geladinha, entre 8 e 9º C. Os tintos leves e frutados, como o Beaujolais Nouveau ou o Dolcetto devem ficar na altura dos 14-15º no primeiro caso, e dos 15-16º C, no segundo. Os rosés ficam melhor entre 10 e 13º C.

Atenção: não gele brancos e rosés na geladeira, onde a temperatura varia de 1,5 a quase 5º C. Você vai ter de esperar um tempão até que cheguem aos 10 e 13º C.

A temperatura do vinho deve ser tomada diretamente na bebida. Muita gente mede pela temperatura da garrafa (existem termômetros para isso). A garrafa está numa adega sob uma temperatura de 12º C. É retirada de lá para uma sala onde a temperatura é de, digamos, 26º C. A garrafa vai aquecer mais rapidamente do que o vinho. Uma garrafa num balde com gelo e água resfriará mais rapidamente do que o vinho dentro dela. O recomendável, nos dois casos, é que você coloque um pouco de vinho na taça e tome a temperatura.