Meninas, eu vi!

Pegar o namorado, marido ou mesmo o caso da sua amiga com a boca na botija, ou seja, dando aquele amasso em outra, é uma situação bastante delicada. Primeiramente, bate aquele misto de indignação e revolta, porque vem à cabeça a imagem de sua pobre amiga falando com tanto carinho do traidor, seguido do pensamento de desmascarar o canalha o quanto antes. Mas um pouco depois, refeita do baque, você começa a pensar na reação que ela terá e, mais adiante, analisando friamente a situação, as dúvidas a respeito do que fazer pairam sobre sua consciência: contar ou não contar, eis a questão.

Entregar que o amado da sua amiga desfila com uma sirigaita a tiracolo enquanto ela desfila com adereços na cabeça – que não ficam bem em ninguém – pode não ser uma tarefa simples. Ao mesmo tempo que você não quer que ela faça papel de boba, também não quer que o papel de invejosa caiba a você. “Uma vez contei para uma amiga que vi o namorado dela com outra e me arrependi. Ela brigou com ele, mas depois se acertaram e eu é que acabei mal na história. O cara ficou com raiva de mim e fez a maior intriga com ela, que ficou achando que eu estava de olho nele”, conta a médica Mônica Albuquerque. No entanto, tem quem prefira ficar bem com sua própria consciência. “Já peguei a namorada de um amigo meu com outro cara e contei. Eu acho que não contar é trair também, a pessoa faz o que quiser com a informação, inclusive ficar com raiva de mim. Ele me agradece até hoje e ela me odeia de morte”, revela a designer Lais Miranda.

Só que tem muita gente que gosta de ser cega ou permanecer na escuridão para não enxergar a escada encostada na cerca. “Eu tenho uma amiga que fala que se alguém flagrar o marido dela com outra, não precisa contar. Ela diz que não está disposta a tomar nenhuma atitude e ao passo que se souber…”, revela a dentista Bárbara Antunes. E aí, a questão se torna uma faca de dois gumes e toda a sua sensibilidade deve ser posta em prática. “Eu acho que tudo depende da amiga para saber se deve ou não contar”, acredita a vendedora Márcia Villaça, afirmando que caso fosse com ela, preferiria saber. “Sempre falo para as minhas amigas que se algum dia pegarem meu marido com outra quero que me contem, senão vou me sentir duplamente traída”, diz ela. E na opinião da psicóloga Patrícia Madruga, Márcia tem toda razão de ficar magoada. “Não contar que a amiga está sendo traída é uma traição também. Independente se ela vai ficar com raiva ou não, você tem que fazer o seu papel”, acredita ela.

Outra saída pode ser encostar o sujeitinho na parede, com aquela célebre ameaça ‘você conta ou eu conto’. “Uma amiga minha estava sendo enganada pelo marido e outra amiga em comum que também era casada. Olha que situação, todo mundo era amigo e eu comecei a perceber que rolava um clima entre eles. Um belo dia estava passando por uma rua e vi os dois saindo do motel. Tive que tomar uma atitude, não podia deixar dois amigos bancando os cornos. Eles acabaram assumindo o caso”, comenta a empresária Fátima Acioly.

Mas ao mesmo tempo em que o dito cujo tem a cara de pau de desfilar por aí com uma mulher que não é a sua, ele diante do irremediável, se transforma na mais dócil e arrependida das criaturas. “Eu vi o namorado da minha amiga com outra menina e ele veio falar comigo desesperado pedindo para não contar a ela. Chegou a se ajoelhar e quase chorou se dizendo arrependido, que amava ela, essas coisas”, conta a arquiteta Suzana Brito, dizendo que resolveu omitir o fato da amiga por achar que o fulano realmente estava arrependido. “Não contei mas avisei que se desconfiasse que ele estava armando novamente, não iria fazer o mesmo”, diz ela. A psicóloga Patrícia Madruga comenta que quem faz a opção de não contar, não precisa se sentir amicíssima da onça. “Quem tem receio de contar achando que está se metendo na relação dos outros, pode usar do expediente de tentar abrir os olhos da amiga, alertá-la e tentar mostrar que algo pode estar errado”, finaliza ela.