Sem seguir padrões
Há também quem encontre compromisso em relações que não se encaixam nos padrões estabelecidos. A psicóloga explica: “Muitas pessoas criam a sensação de comprometimento de outras formas e têm um relacionamento aberto, diferentemente do que a gente entende como tradicional, e conseguem manter relações livres e felizes. Mas isso porque eles se sentem supridos do fator ‘compromisso’.
Um exemplo disso é a relação que a engenheira civil Sílvia de Andrade mantém com seu namorado, Victor. Juntos há dez anos, eles vivem em casas separadas. Ela, no bairro carioca da Barra da Tijuca, e ele no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. “Eu fiquei viúva e tinha três filhos para criar. Depois de quatro anos, conheci o Victor e começamos a sair. No primeiro ano, a gente ficou junto, mas só se via de vez em quando. Só depois que a gente começou a namorar de verdade”, conta a engenheira.
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Ao contrário do namorado, Sílvia, que já subiu ao altar uma vez, explica que não tem interesse em se casar novamente. “Meus filhos não gostam da Zona Sul, já tinham a vida deles aqui na Barra. A mesma coisa acontece com o Victor. Além disso, não tenho mais interesse em casamento. Do jeito que levamos nossa relação é melhor, temos mais liberdade para cada um viver a sua vida. A gente até vem conversando sobre a possibilidade de morar junto, porque meus filhos estão mais velhos, mas ainda não quero. De repente, depois de os filhos saírem de casa. Para mim as coisas estão boas do jeito que estão. Me acostumei com a nossa rotina. Nos vemos sempre, saímos, jantamos um na casa do outro, mas preciso de um lugar só meu, de um momento só meu”, diz.
Nome aos bois
Pietra, que faz parte do polêmico programa “Papo Calcinha”, do canal a cabo Multishow, acredita que o rótulo é de extrema importância. “Quando você está saindo com um cara, chega um momento em que alguém precisa falar articuladamente que sim, que isso é um namoro e temos um compromisso. ‘Agora vamos transar e depois ir até a locadora?’. Os envolvidos sabem em que tipo de ‘pacto’ estão se envolvendo, e que concordam com isso, não é apenas uma ‘viagem platônica’, em que apenas um está comprometido”, explica.
A loira acredita que a tendência à indefinição do vínculo existe, mas que a relação que se cria a partir daí está longe de ser aberta, já que não haverá diálogo e consenso. “O não-rótulo só pode existir com o silêncio das duas partes, nunca cobrando nem questionando nada, o que eu acho bem difícil. A partir do momento em que os dois sentam para conversar, estará dando um rótulo, ainda que seja ‘podemos fazer qualquer coisa, mesmo estando juntos'”, exemplifica.
Pietra faz coro com a psicóloga Beatrice quando afirma que não é o título que beneficia o casal, mas o que ele desenvolve e estabelece para si: “Um acordo sobre os limites de cada um, e com tudo bem claro, só pode vir a beneficiar a relação. A rotulação não traz mais segurança. O que traz mais segurança são a cumplicidade, a amizade, o respeito e a vontade de fazer funcionar!”, ressalta. Ela observa que a falta de rótulo pode significar um medo de compromisso, mas que, na maioria dos casos, é apenas um envolvimento menor de uma das partes “ou pura cara de pau mesmo!”.