Querida leitora que está na Alemanha vibrando com nossas cores:
Ainda preocupada com as geometrias de nossas táticas? Torcedora, se eu estivesse aí pela Alemanha não me preocuparia muito com o tal do quadrado mágico. Fique sabida como o Carlos Drummond de Andrade, no seu Sermão da Planície: Bem-aventurados os que, por entenderem de futebol, não se expõem ao risco de assistir às partidas, pois não voltam com decepção ou enfarte.
Não, não desejo qualquer dano à sua saúde. É que fora dos estádios a Alemanha tem a verdadeira solução para o tal do quadrado mágico. Pois aí, nessa bela terra, o quadrado mágico é a própria mesa dos bares, cantinas e tavernas. Uma terra com vinhos e cervejas que ganhariam quaisquer campeonatos, com prazer aos cubos, tem tudo para curar qualquer preocupação.
Nem chegue perto de vinhos como Liebfraumilch, Piesporter Michelsburg ou Zeller Schwarze Katz: apesar de muito conhecidos, são os que derrubaram a imagem de qualidade dos vinhos alemães no exterior
A mágica do vinho. Os alemães, graças aos romanos, produzem vinho desde o ano 800 da era
Cristã. E que vinhos!Na sua grande maioria brancos (na razão de 4 brancos para um tinto). Você vai encontrá-los todos, excelentes, 40% mais baratos do que em qualquer outra parte. Com eles poderá acompanhar uma refeição ou apenas degustá-los, refrescar-se. E a grande estrela, a razão para experimentá-los repousa basicamente na grande uva Riesling. Procure pelas safras de 2001 e 2002, anos ótimos para essa poderosa e deliciosa uva. Escolha garrafas que contenham as expressões “Erzeugerabfüllung” ou “Gutsabfüllung”, demonstrando que os vinhos foram engarrafados na vinícola que os cultivou e vinificou – o que significa quase sempre em maior qualidade. Nem chegue perto de vinhos como Liebfraumilch, Piesporter Michelsburg ou Zeller Schwarze Katz: apesar de muito conhecidos são os que derrubaram a imagem de qualidade dos vinhos alemães no exterior.
Diferentemente da França, cada vinícola alemã pode produzir vinho de mesa ou vinho fino, de qualidade. Ou ambos. Na França, apenas uma qualidade de vinho é produzida por produtor. Observe nos rótulos:
Deutscher Tafelwein: o equivalente francês a Vin de Table, ao espanhol Vino de Mesa, ao português Vinho de Mesa e ao italiano Vino da Tavola. É o vinho mais simples. Ao lado dele, temos o Deutscher Landwein, equivalente ao francês Vin de Pays, ou vinho regional. Um vinho simples de uma determinada região.
Em seguida, chegamos ao patamar superior: os vinhos de qualidade. Temos dois tipos: o Qualitätswein b.A. ou apenas QbA: são normalmente “chaptalizados” (expressão que indica adição lega de açúcar durante a fermentação para dar mais corpo à bebida).