Pais, filhas e maridos

O pai costuma ser o primeiro homem na vida de uma mulher. É aquele herói dos contos de fadas que aparece para proteger as donzelas de todo o mal que o mundo pode lhes causar. Sua figura é tão forte que pode influir até mesmo na hora de arranjar um parceiro. Um estudo publicado recentemente, feito por especialistas da Universidade de Pécs, na Hungria, afirma que as mulheres têm tendência a escolher namorados parecidos com seus pais, especialmente quando houve um bom relacionamento familiar. Os pesquisadores analisaram as feições de 312 pessoas de 52 famílias e fizeram comparações entre sogros e genros. O resultado reforça a hipótese de que as crianças moldam um modelo de seus pais e acabam buscando alguém que se encaixe nele.

Entendendo a questão

De acordo com a psicanalista Ana Beatriz Edler, toda a maneira de uma mulher ver o mundo é passada pelos pais. “São figuras estruturais que marcam a personalidade dos filhos e determinam as escolhas na hora de realizar suas conquistas”, explica. “Ter um pai cúmplice e amigo faz muita diferença, mas não significa que o contrário vá impedir uma mulher de ser muito feliz nos seus relacionamentos”.

A imagem negativa que alguns pais deixam, segundo a Dra. Ana, pode ser até mais prejudicial do que aquele que abandonou. Ela explica que a ausência permite à filha criar um modelo de pai imaginário, baseado em um conhecido. “Um vizinho, o pai de uma amiga, um personagem de filme, quase todos podem ser um pai na cabeça da criança”.

“Quando o exemplo é negativo, o que normalmente ocorre é a filha arranjar um rapaz com os mesmos problemas que o pai, para resolver a questão passada no relacionamento atual. Mas isso não é uma fórmula de bolo. Ela também pode negar toda essa problemática e buscar uma pessoa completamente diferente”, diz.

Ana Beatriz conta que, em seu consultório, chegou a ter muitos casos em que a figura paterna era o centro dos problemas de relacionamento. Em muitos deles, o otimismo e a vontade de ser feliz imperaram e fizeram muitas mulheres darem a volta por cima.

“Uma vez atendi uma paciente que o pai vivera até seu terceiro mês de vida. Tudo o que ele pôde dar para a filha foi um livro em inglês e duas bonecas. É incrível como o psiquismo funciona: ela, só com esses elementos, teve a mesma profissão do pai, falava inglês maravilhosamente bem, se casou com um rapaz com o mesmo nome do pai e teve, por fim, duas filhas”.

ANA PAULA BRANDÃO PINTO, bióloga, 27 anos

Foi amor à primeira vista! Desde o dia em que a bióloga Ana Paula nasceu, há 27 anos, seu pai, o engenheiro Marcos Pinto, sempre fora seu eterno apaixonado. Fazia de tudo para a pequena, desde pegá-la nas festinhas às três da madrugada até consolar as brigas de amor da menina. “Meu pai é um amigão, um cúmplice”, comenta a bióloga. “Chegou até a ganhar título de ‘mãe do ano’ entre os amigos”, brincou.

Mas, por mais que Marcos fosse o primeiro grande homem da sua vida, ele não seria o único. Ana Paula cresceu e encontrou o contabilista Alexandre Gierszonowicz, com quem está de casamento marcado para breve. E quem acha que esse paizão iria enciumar no dia em que a filha lhe contasse as pretensões matrimoniais, se engana. “Eu e minha irmã vamos nos casar e ele está muito contente”, conta a bióloga. Ela diz que Marcos nunca teve ciúmes de seus namorados: “pelo contrário, sempre os agregou na família”.

Ana Paula revela que ao conhecer seu noivo não imaginava quantas coisas ele tinha em comum com seu pai. “Eles são muito parecidos no jeito. Os dois são esquecidos, gostam de conversar sobre as mesmas coisas. Adoram esporte e falar sobre carros”, conta a bióloga. “É engraçado isso, porque não foi nada de caso pensado, foi uma grande coincidência!”.