O título desta coluna já diz tudo: estou aproveitando para atualizar a pilha de perguntas que chegam via e-mail.
Pergunta: Leitora quer saber se é verdade que aquela concavidade na base da maioria das garrafas de vinho serve mesmo para ajudar no serviço da bebida, criando uma “pega” para o vasilhame. E também se é verdade que quanto mais profunda essa depressão melhor é o vinho, pois ela teria relação com pressão.
Resposta: Essa concavidade é uma lembrança dos tempos em que o vidro das garrafas era muito frágil e ainda feito artesanalmente por sopradores. Foram eles que criaram essa depressão pensando em fortalecer a garrafa. Esse recurso foi muito útil principalmente para as garrafas de Champagne, em que a pressão interna é muito alta e constante. O vidro moderno é muito mais forte e as garrafas são produzidas industrialmente por máquinas, sem a necessidade dessas concavidades. Falam também que elas ajudam a reunir sedimentos do vinho ou a servir a bebida (isso se o leitor tiver polegares muito fortes). Bobagem. A verdade é que são mantidas por uma tradição puramente estética, embora não duvide que, quanto maior for a concavidade mais forte parecerá a garrafa (e o vinho). Logo: uma questão de estética e de marketing.
A mais antiga região demarcada do mundo foi criada em Portugal, no Douro, e tem 250 anos
Pergunta: Dois leitores brigam pela mais antiga região demarcada de vinhos: um diz que é a França, outro que é a Alemanha.
Resposta: Ninguém ganhou. A mais antiga região demarcada do mundo foi criada em Portugal, no Douro, e tem 250 anos. Vamos lembrar que na antiguidade Portugal exportava vinhos para o Império Romano. Os vinhos franceses vieram muito depois.
Selecionei essa questão de propósito, pois o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto vai realizar uma degustação de seus vinhos no Rio no próximo dia 6 de novembro, a partir das 16 horas, na Casa de Cultura Julieta de Serpa, um palacete no Flamengo. Um importante acontecimento que vai marcar justamente os 250 anos dessa primeiríssima região demarcada. Para degustar as preciosidades a serem apresentadas, os chefs Francesco Carli (do Cipriani), Frédéric de Maeyer (do Eça) e Mônica Rangel, (do Gosto com Gosto, de Visconde de Mauá) criarão entradas e sobremesas especiais.
Pergunta: O vinho das garrafas magnum é exatamente o mesmo das garrafas comuns? Ou seja, o leitor acha que o vinho colocado nas garrafas de 1,5 litros não é o mesmo do que vai nas garrafas de 750 ml.
Resposta: Leitor, é o mesmo vinho, pode ter certeza. E é sempre o mesmo vinho o que vai para as meia-garrafas ou para as de 187 ml (também chamada de Pony ou Split – utilizadas quase que exclusivamente para espumantes) ou para qualquer tamanho de garrafas de vinho. Alguns produtores usam a magnum ou a jeroboão (3 litros), a Balthazar (12 litros) ou a Soverign (50 litros) ou para qualquer dos 13 tamanhos dessas garrafas, pois acreditam que o vinho nelas amadurece mais lentamente (ou seja: um recipiente mais apropriado para guardar os vinhos). Além disso, a produção dessas garrafas é muito pequena e por isso conseguem preços mais altos junto aos colecionadores.