Um projeto muito especial tem ajudado mães de bebês prematuros a celebrar as conquistas diárias de seus pequenos guerreiros.
Com graça e gentileza, profissionais da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará/Ebserh, criaram o projeto “Mêsversários” – uma iniciativa que celebra cada etapa vencida e aproxima mães de recém-nascidos prematuros que precisam ficar sob cuidados de saúde na UTI Neonatal.
O olhar sensível para as histórias de amor e superação que atravessam a maternidade foi a motivação dessa equipe, que com um grupo de 20 profissionais da saúde, realiza cerca de 14 “mêsversários” por mês para celebrar a vida dos pequenos.
Projeto de acolhimento a bebês prematuros celebra “Mêsversários”
Para celebrar a vida de bebês prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), uma equipe de saúde tem realizado “mêsversários” dos recém-nascidos em tratamento.
A estratégia é realizada na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará/Ebserh, e tem como principal objetivo tranquilizar os pais e mães de bebês prematuros que enfrentam um período de internação.
Desde seu início, em maio de 2021, o projeto já realizou mais de 130 “mêsversários”. A média de comemorações mensais é de 14 minieventos, que são planejados diretamente pela equipe responsável.

A técnica de enfermagem Ana Gardênia Firmino, uma das idealizadoras do projeto, explicou que a ação começou durante a pandemia, quando o acesso das mães aos bebês enfrentou restrições por conta da Covid-19.
“Tive essa ideia em 2020, quando a visitação das mães aos seus bebês ficou restrita por conta da pandemia”, explicou Gardênia. Agora, no entanto, ele se prolongará, como explica a enfermeira neonatologista Rebeca Rocha: “O projeto iniciou durante a pandemia, mas ele vai perdurar, porque virou rotina dentro da unidade”.
Todos os bebês participam da ação, exceto aqueles que tiveram Covid-19, devendo, assim, cumprir o isolamento e seguir em incubadora.
“Comemorar etapas vencidas a cada mês”
Ao todo, 20 profissionais se organizaram para auxiliar nos eventos, incluindo técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional.
“Tem bebês que ficam muito tempo com a gente, que nascem muito prematurinhos. Vivenciam uma batalha a cada dia para sobreviver. E aí a gente resolveu comemorar essas etapas vencidas a cada mês”, celebrou a enfermeira.
Alguns pais já ficam ansiosos pela comemoração, e até profissionais fora do grupo inicial do projeto acabam se envolvendo.
Como são os “mêsversários” na UTIN

Os “mêsversários” são realizados para os bebês que nascem na maternidade e completam pelo menos um mês no hospital. A ação não depende de inscrições dos pais, pois é realizada pela própria equipe como uma ação interna.
Rebeca explica que todos os bebês são elegíveis e que a única contraindicação é eles estarem “clinicamente bem no dia do ‘mêsversário'” para comemorar mais uma etapa vencida”.
“A festa consiste somente no preparo do bebê. A gente monta um cenário, um bolo fake e o bebê é fantasiado”, explica Rebeca.
A equipe se organiza semanalmente pela ordem de datas de nascimento, programando os eventos a curto prazo. Como a rotatividade na maternidade é alta e o estado de saúde dos bebês varia com facilidade, não é possível planejar com muita antecedência.
Todas as roupas e decorações são confeccionadas pela própria equipe. “De início, a gente usava o próprio material hospitalar, o que a gente tinha. Agora usamos TNT e EVA, é tudo descartável, porque não podemos usar de um bebê para o outro. Já escolhemos muitos temas, com muita criatividade”.
Mundo de princesas, Minnie Mouse e a Turma dos Chaves entre trigêmeos são alguns exemplos das temáticas abordadas nas festinhas.
“Só pai e mãe podem participar. (O evento) dura em média 15 minutos para o preparo e mais 15 para o momento, porque não pode atrapalhar a rotina dos bebês”, explicou Rebeca.
Na prática, a ideia é fotografar os bebês bem rápido, para que não cansem nas posições feitas pela equipe. “É o tempo para bebê e mãe curtirem um pouquinho e fazermos as fotos”.
Projeto fortalece vínculo entre mães e bebês
Rebeca também conta que as fotos ajudam a manter mães que moram longe mais esperançosas sobre a alta hospitalar dos filhos.
“As vezes a mãe não está presente, pois algumas moram no interior e não têm condições financeiras de estarem presentes no dia. Porém, independente delas estarem ou não, a gente comemora, porque as fotos aproximam”.

Muitas vezes, as dificuldades de encarar o ambiente hospitalar acaba afastando as famílias justamente no momento em que mais precisam ficar juntas.
“Essa estratégia aproxima mais ainda a mãe do bebê e renova a esperança de que o bebê está próximo da alta. A gente comemora cada uma das barreiras que eles enfrentaram, e isso faz com que as mães se aproximem ainda mais da assistência e cuidado com esses bebês”, conta.
Para as crianças, o efeito positivo é similar. “Quando os pais participam, tornam a alta hospitalar mais palpável. É uma vitória de todos: do bebê, da mãe e do pai, e da equipe, que cuidou dele enquanto precisava de cuidados”.

A enfermeira enfatiza o sentimento de gratidão que toma a equipe de saúde ao acompanhar o sucesso das ações. “A gente vê a realização do nosso trabalho enquanto profissional de saúde, de como a gente conseguiu vencer, junto com eles, essa batalha da prematuridade”.
Para Ana Gardênia, o projeto sintetiza tudo que a profissão representa: “Fazer uma ação como essa é mostrar que a enfermagem é bem mais que cuidado: é amor em tudo que faz”.