Renovar a Carteira Nacional de Habilitação tem o seu lado burocrático, não há como negar. Mas, olhando sob outro ponto de vista, pode ser uma ótima oportunidade para revisar as lições para dirigir bem e ficar atenta às novas regras do Código Brasileiro de Trânsito (CTB). E, claro, sair por aí esbanjando charme e gentileza ao volante. As provas de atualização disponíveis contribuem para reciclar quem já está acostumada com o trânsito há mais de uma década e, assim, ajudam a torná-la mais cordial.
O primeiro passo é observar a validade da sua CNH. Se ela estiver prestes a vencer, fique atenta para dar entrada no processo de renovação. Os motoristas têm um mês para conseguir o novo documento e, apenas durante este prazo, é permitido trafegar com a carteira antiga. Uma boa dica é reunir os documentos necessários numa só pasta: original e cópia da CNH antiga, RG, CPF, comprovante de residência e comprovante do pagamento da taxa de serviço, conhecida como Duda. Em alguns estados também é necessário levar uma foto 3×4 com fundo branco.
Em seguida, as taxas de serviço relativas a exames médicos, Duda de renovação de CNH e, para motoristas profissionais, a exame psicotécnico devem ser pagas e os exames médicos necessários agendados. A novidade fica por conta das provas de atualização. Aos habilitados antes de 1998, um pequeno teste com noções de primeiros socorros e conscientização ambiental também fará parte do processo. “O trânsito deveria ser um aprendizado constante, pois todos nós devemos estar dispostos a aprender nas ruas, sempre”, entende Cecília Bellina, psicóloga de trânsito. A exceção fica para o Estado do Rio de Janeiro, onde as provas não são obrigatórias.
Para Jorge Lordello, especialista em segurança no trânsito, essa é a hora de conscientizar quem está ao volante. “Como estamos modernizando cada vez mais as nossas leis, é importante que todos saibam quais são as novas regras do jogo. É uma reciclagem do conhecimento”, destaca. A revisão nos exames médicos se torna mais importante com o passar do tempo. “O fato de eu, no passado, estar em boas condições não quer dizer que hoje eu esteja da mesma forma. Neste período, posso ter desenvolvido um aumento de grau na miopia”, exemplifica Bellina.
O objetivo de tantas mudanças é diminuir os incidentes. “Existem duas maneiras para fazer com que o condutor se torne mais educado: através de normas mais rígidas e de trabalhos de conscientização”, afirma Lordello. Segundo ele, quem dirige têm em mãos uma chance única. “É para isso que serve a burocracia da renovação, para que não se volte a cometer infrações. É necessário tirar um aprendizado do processo”, frisa. Para Bellina, a consequência é trágica. “Essa falta de responsabilidade com as regras e o respeito no trânsito acaba custando a vida de muita gente”.
O problema, segundo a psicóloga, está na forma como as pessoas enxergam o processo de renovação da carteira de habilitação. “Elas não buscam adquirir conhecimento, estão apenas correndo atrás de um documento necessário para dirigir”, diagnostica. Para Bellina, isso também está presente nas autoescolas. “Aos poucos, começamos a ver alunos interessados em professores qualificados para ensinar como conviver nas ruas.”
Para Lordello, criar leis é uma maneira eficiente de melhorar o convívio social no trânsito, pois muda a maneira de lidar com ele. Ela lembra: “O uso do cinto de segurança não era obrigatório e, por isso, não era usual. Só após se tornar uma infração passível de multa, foi possível dar início à mudança de mentalidade. A fiscalização é que deu conta da implantação da norma. Hoje, já é cultura”.