Inspirada nas regras do hipismo, essa atividade requer bastante concentração e habilidade, e claro, quanto mais rápido for feito o percurso, melhor.
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No Brasil, o Agility se formou realmente no final dos anos 90. A primeira competição oficial aconteceu em São Paulo, no parque da Água Branca, em 1998. A Comissão Brasileira de Agility (CBA) é a responsável pela regulamentação dos campeonatos nacionais e pela participação do Brasil em campeonatos internacionais. A CBA é ligada à Confederação Brasileira de Cinofilia, a CBKC.
Para saber sobre os campeonatos, inscrições e locais de treinamento em todo o país, acesse o site da CBA.
Conheça a competição
Como é a prova e quem pode participar
É uma prova de superação de obstáculos e não é necessário ser de raça ou ter pedigree para participar.

De acordo com Samy Wroblevski, o atual campeão brasileiro da categoria midi grau 3 e o responsável pela Comissão Técnica da CBA, a velocidade é muito importante, mas não é apenas ela que importa: “O Agility é uma prova em que se testa, principalmente, a rapidez aliada à agilidade do cão. Além disso, é avaliada a habilidade do pet, que deve passar por um percurso da maneira correta, sem sair da sequência estabelecida pelo juiz, ou derrubar obstáculos. Se um ou mais cães terminam um percurso sem faltas, o desempate é medido pela velocidade: o mais rápido vence.”
Durante uma prova de Agility, o dono deve conduzir ser cão pelo percurso na ordem correta dos obstáculos, sem tocá-lo ou lhe oferecer qualquer tipo de gratificação. Os comandos usados são verbais e corporais (através da movimentação) e qualquer contato físico é considerado uma falta que pode, até, resultar na desclassificação da dupla. “É um esporte onde a dupla se forma com o tempo, um entendimento e sintonia do condutor e o cão”, afirma Ana Burnier, da Confederação Brasileira de Agility.
O percurso só é divulgado para as equipes alguns minutos antes do início da competição. Logo, é impossível que uma dupla treine exclusivamente o circuito em que vai competir.
Qualquer cão, de qualquer tamanho, raça (ou sem raça definida), pode participar do Agility, talvez por isso tenha se tornado tão popular. Afinal, as demais competições caninas exigiam raças rigidamente dentro dos padrões.
Para que a competição seja justa, o Agility é dividido em 3 categorias:
- Categoria Small – para cães medindo menos 35 cm na cernelha.
- Categoria Medium– para cães medindo de 35 cm até menos de 43 cm na cernelha.
- Categoria Large – para cães medindo mais 43 cm na cernelha.
A cernelha é a medida da base da pata até o final do tronco, onde começa o pescoço. Dentro da competição do Agility, também existem várias modalidades que variam de acordo com a dificuldade do percurso.
Os tipos de obstáculos
Os obstáculos utilizados atualmente e regulamentados pela CBA são 12.
Rampa A
Consiste em duas rampas, uma em aclive e outra em declive, no formato da letra A.

Esse aparelho consiste em duas rampas, com 90 cm de largura no topo, aumentando para 1,15 m na base, por 2,7 m de comprimento, articuladas entre si, deixando o topo a 1,70 m do chão.
A rampa não deve ser lisa, ela costuma ter barretes a cada 25 cm, ser de borracha ou ter ranhuras para auxiliar no atrito entre a rampa e o cão, impedindo que ele escorregue.
As partes inferiores e laterais deverão ser pintadas em cor contrastante a uma distância de 1,06 cm em relação ao solo, indicando as zonas de contato, área em que o cão deve pisar, senão será penalizado com uma falta.
Passarelas
São pranchas estreitas que ficam em elevação, podem ser retas, em aclive ou em declive.

As passarelas podem ser um obstáculo por si só ou até serem combinadas com outros aparelhos, e têm altura mínima de 1,20 m e máxima de 1,30 m. São formadas por três pranchas com comprimento mínimo 3,60 m e máximo de 3,80 m e 30 cm de largura.
Assim como a ampa A, as passarelas também são pintadas em cores diferentes que indicam a zona de contato a ser pisada. Se essa zona não for respeitada, a equipe perde pontos.
Veja como essa cadelinha é treinada para andar na passarela reta e então em declive:
(Agility Training – Dog Walk – YouTube)
Gangorra
O cão deve subir por uma rampa, e ao chegar no meio, ela, como uma gangorra, muda de posição, e o cão deve continuar o trajeto.

É um do aparelhos mais temidos, tanto pelos cães quanto pelos treinadores. É considerado um obstáculo de maior grau de dificuldade pois requer equilíbrio tanto para caminhar sobre a prancha estreita quanto para não cair quando o ponto de equilíbrio da rampa muda.
A prancha deve ter no mínimo 3,60 m e no máximo 3,80 m. Também deve ser colorida indicando as zonas corretas de contato. O eixo central, que fica bem no meio da prancha e é responsável pelo efeito gangorra deve ser de 60 cm, medida do solo ao topo da prancha.
Na gangorra, a prancha deve ser antiderrapante mas sem os barretes.
Veja como funciona e como treinar seu cãozinho na gangorra:
(Dog Training: Teaching Obstacles: Dog Training: Teeter Totter – YouTube)
Mesa
É uma superfície na qual o cão deve esperar 5 segundos até que possa seguir para o próximo aparelho.
A mesa consiste em uma superfície quadrada, elevada, na qual o cão deve pular e esperar o tempo correto para seguir para o próximo obstáculo. Ela deve ter uma área máxima de 1,20 m² e altura de 60 cm para a categoria large e 35 cm para as demais categorias.
Veja como funciona o treinamento do elemento “Mesa”:
(Dog Agility Exercises: Dog Training Obstacles: The Table)
Slalom
São várias estacas em linha pelas quais o cão deve passar em zigue-zague.
O slalom é um aparelho impressionante e com um grau de dificuldade elevado. O cão deve ter muita destreza para passar pelas estacas sem pular nenhuma. O cachorro deve entrar no slalom sempre com a estaca a esquerda, caso entre com a estaca à sua direita, ele perde pontos.
São 12 estacas com 1,20 m de altura, em um espaçamento de 60 cm entre si. Elas são rígidas, o que dificulta a passagem, e têm entre 3 cm e 5 cm de diâmetro.
Veja o vídeo:
(Agility Dog con PICCI. Slalom training – YouTube)
Túneis
São de dois tipos: o aberto e o fechado.

Os túneis podem parecer fáceis de ultrapassar, mas são um verdadeiro desafio.
O túnel aberto, também conhecido como túnel rígido, é feito de tecido e argolas, deve ser flexível para que se façam várias curvas, dificultando o trajeto. O comprimento varia de 3 a 6 m e o diâmetro é de 60 cm. Ele é chamado de “aberto” pois o percurso todo já se encontra em 60 cm e se o trajeto fosse reto, seria possível enxergar a saída.

O túnel fechado também é feito de tecido em sua extensão, mas a entrada é um tipo de cilindro. Dessa forma, a entrada é aberta mas não se enxerga a saída, pois o tecido está caído. O arco de entrada deve ter 90 cm de extensão e 60 cm de diâmetro. O tecido deve ter 3,5 m de extensão por 65 cm de diâmetro.
Ambos os túneis representam um grande obstáculo, pois o cãozinho fica alheio ao ambiente externo. O treino de túnel é bastante demorado porque poucos cães entram voluntariamente.
Veja como é o treinamento para os túneis aberto e fechado, respectivamente:
(Dog Agility Exercises: Dog Training Obstacles: The Tunnel – YouTube)
(Dog Agility Exercises: Dog Training Obstacles: The Chute – YouTube)
Saltos simples e duplos
São os obstáculos que mais agradam à plateia.

Os saltos simples variam de altura entre as categorias Small (25 a 35 cm), Medium (35 a 45 cm) e Large (55 a 65 cm).
Os saltos simples são um salto único. Nessa etapa, os cães devem pular sobre obstáculos. As barras devem ser removíveis.
Os saltos duplos são compostos de dois saltos simples seguidos, a altura dos saltos 1 e 2 devem ser diferentes. Os saltos duplos são obrigatoriamente realizados com barras removíveis; a mais alta deve ser a segunda e a diferença de altura entre elas deve ser de 15 a 25 cm.
Veja como é o treinamento dos saltos:
(Dog Agility Exercises: Dog Agility Training: Jumping – YouTube)
Pneu
O cão deve pular pela abertura central.

O objetivo é passar pelo interior do pneu sem tocar nas extremidades. O pneu é fixo em uma haste e a altura é regulada de acordo com a categoria do cão: 80 cm para cães grandes e 55 cm para cães médios e pequenos. O diâmetro a ser pulado deve ter no máximo 60 cm.
Assista ao treinamento do salto de pneu:
(Dog Agility Exercises: Dog Training Obstacles: The Tire – YouTube)
Salto em distância
São plataformas colocadas em série que devem ser saltadas sem que o cão encoste em nenhuma.
Nos saltos em distância, o importante é o alcance do salto e não a altura. Plataformas de diferentes alturas vão sendo acopladas até que se tenha a distância correta. A distância a ser pulada é estipulada de acordo com a categoria do cão:
- Categoria Large: de 1,20 a 1,50 m (entre 4 e 5 plataformas)
- Categoria Medium: de 70 a 90 cm (3 a 4 plataformas)
- Categoria Small: de 40 a 50 cm (2 plataformas)
A plataforma mais alta, ou seja, a última, deve ter 28 cm de altura, e a mais baixa, a primeira, deve ter 15 cm. Veja como é o treinamento para esse tipo de obstáculo:
(Dog Agility Exercises: Dog Agility Training: The Broad Jump – YouTube)
Regras e o julgamento
As regras das competições de Agility
A largada é dada como o silvo do apito do juiz e então, assim que o condutor passar a linha do primeiro obstáculo, não poderá mais tocar no cão.

Os competidores só conhecerão o percurso alguns minutos antes da prova. O circuito vai ser, então, reconhecido pelo dono do bichinho.
Apesar do Agility não ser uma prova de velocidade, o fator tempo é importante. Nas competições existem o TSP, tempo standard de percurso, e o TMP, tempo máximo do percurso.
O TSP é uma média calculada do tempo padrão que devem demorar para completar o circuito. A velocidade escolhida para calcular o TSP varia de acordo com o grau de dificuldade do percurso e do nível da competição. O tempo standard é calculado a partir da divisão do comprimento da prova pela velocidade estipulada, ou seja: em um circuito de 150 m realizado a 2,5 m/s, o TSP é de 60 segundos.
Já o TMP é o tempo máximo que a dupla tem para realizar a prova. Se esse tempo for estourado, a dupla está desclassificada. O TMP geralmente é uma vez e meia do TSP.
Ao soar o silvo do apito que dá início à prova, o dono deve soltar a coleira do animal e dar o sinal para que ele inicie o percurso. Ele não poderá tocar no cachorro em nenhum momento.
Como é feita a contagem de pontos, faltas e o julgamento da competição
A decisão dos juízes é inapelável e o desempate pode ser feito pelo tempo.
De acordo com a CBA, ” O objetivo é fazer com que o cão ultrapasse o conjunto de obstáculos na ordem indicada, sem cometer faltas, dentro do TSP. Entretanto o TSP é somente um índice de referência, em nenhum caso a velocidade deve ser considerada como principal critério. Agility não é uma prova de velocidade, e sim de habilidade. Em caso de empate, o cão com menos faltas no percurso deverá ser favorecido. O tempo somente será levado em consideração quando o total de faltas for idêntico.”
A pontuação segue os padrões internacionais, o percurso deve ser efetuado na ordem correta, sem pular nenhum obstáculo. Caso o TSP seja ultrapassado, a dupla é penalizada em 1 ponto para cada segundo fora do tempo estipulado. Há também as chamadas “zonas de contato”, especificamente das rampas, passarelas e gangorras. Essas zonas correspondem a locais em que o cão deve pisar, caso ele “pule” aquela zona de contato, demarcada com cor, a dupla é penalizada em 5 pontos para cada zona de contato perdida.
No slalom acontece a mesma coisa, caso o cão entre ou saia pelo lado errado, será penalizado em 5 pontos.
Na gangorra, o cão deve esperar que a rampa toque o chão para que ele desça, ele não pode simplesmente pular, se o fizer, a penalização é de 5 pontos. No caso da mesa, por exemplo, o cão só pode subir por três lados, se subir pelo lado errado é penalizado. Uma vez em cima da mesa, ele deve permanecer na mesma posição (sentado, deitado ou em pé), por 5 segundos; se descer antes desse tempo, ele deve reiniciar esse obstáculo.
As faltas mais graves, que podem ocasionar a eliminação, são, de acordo com a Comissão Brasileira de Agility:
- Comportamento impróprio com o Juiz
- Brutalidade com o cão
- Ultrapassagem do TMP
- Três refugos no percurso
- Ordem incorreta dos obstáculos
- Não execução de um obstáculo
- Abordar um obstáculo no sentido oposto
- Condutor ultrapassar um obstáculo
- Condutor tem um objeto na mão
- ecolocar o cão na linha de saída depois de tê-la cruzado (exceto por ordem do Juiz)
- Cão utilizando coleira ou enforcador
- Parar o cão no percurso (exceto por ordem do Juiz)
- O cão sujar o percurso, abandonar o percurso ou não estar mais sob controle do condutor
- Cão ou condutor que destruam ou invadam um obstáculo
- Cão que mordisca o condutor várias vezes
Premiação
O Agility é o esporte canino mais praticado do mundo. Ele mantém o dono e o pet bem em forma, estimula a mente e cria um lindo laço entre condutor e executor. É um esporte superdemocrático: para participar basta querer e ter quatro patas. E como se não bastasse todo o bem-estar e o forte relacionamento proporcionados pelo Agility, de quebra os campeões ainda podem levar prêmios dos patrocinadores, como rações, brinquedos, artigos de higiene e cuidado.
E aí? Se animou para deixar seu cão em forma e ainda se divertir muito?
Assista ao campeonato de Agility e vá se preparando, quem sabe o próximo campeão não é o seu melhor amigo?
(Agility – International – Large – Agility Finals – Crufts 2012 – YouTube)
Matéria revisada por um profissional veterinário da Equipe AgendaPet.