Como acho que nós tendemos a nos identificar com as estórias de terceiros (contadas nos livros, filmes, novelas, revistas, no cabeleireiro, no almoço com as amigas, enfim em todos os lugares), vou dividir com vocês alguns casos ilustrativos dos sentimentos e emoções humanas.
Maria viveu uma infância feliz, assim como a adolescência, em cidade pequena do interior desse nosso Brasil querido. Cheia de charme, alegria e amigos, sonhou com uma vida repleta de romantismo e felicidade. Até o presente momento, tudo tinha se encaminhado de forma a confirmar suas expectativas. Aos 16 anos viveu uma tórrida paixão, correspondida, com quem veio a se casar e ter filhos. Sua festa de casamento foi inesquecível, Maria estava linda e feliz como sempre imaginara.
Não se considerava infeliz, via Maria como uma mulher bonita, séria, honesta, suave, agradável. Conviver com ela nunca foi um desprazer, mas tudo mudou quando se viu apaixonado por Ana
O casal ainda curtia o primeiro ano de casamento quando surgiu possibilidade de morar em diferentes lugares do país. Leonardo (assim chamava seu marido) progrediu muito profissionalmente e, felizes como nunca, deixaram para trás a cidade natal e se lançaram a muitas mudanças e viagens. Os filhos chegaram e estão agora com idades entre 10 e 17 anos.
Tudo corria bem. O casal estava sempre unido, os filhos sempre por perto, situação muito comum em famílias que vivem longe de seus lugares de origem. Ao longo dos anos, Leonardo teve a oportunidade de conhecer muitas pessoas diferentes e, como manda o tradicional figurino, sempre que teve algum relacionamento fora do casamento, o fez de forma discreta e sem nenhum envolvimento emocional. Maria se dedicou completamente à família e, ajudada pelas constantes mudanças de domicílio, acabou abdicando completamente de seus anseios profissionais. É bem verdade que estes nunca estiveram à frente de seu grande prazer e realização em cuidar da família. Podemos, em segurança, afirmar que Maria vivia feliz, sentindo sua vida cheia de sentido e propósito.
Leonardo passou todos esses anos voltado demasiadamente para o trabalho, afinal era o provedor e estava determinado a ter uma vida tranqüila. Considerado pelos amigos como ambicioso, ele admite que enquanto todos curtiam férias, feriadões e finais de semana prolongados, ele se dedicava ao trabalho. Não estava atento a nada mais. Não pensava sobre sua relação. Não se considerava infeliz, via Maria como uma mulher bonita, séria, honesta, suave, agradável. Conviver com ela nunca foi um desprazer, mas tudo mudou quando se viu apaixonado por Ana.