Troquei o carro pela bicicleta: histórias de mulheres que fazem bonito sobre duas rodas

A bicicleta vem se tornando uma alternativa para quem quer deixar o carro na garagem, fugir do transporte público ou ter mais qualidade de vida. Se você pensa em entrar para este time, mas ainda não deu o primeiro passo (ou a primeira pedala, melhor dizendo), vale a pena conferir as experiências de mulheres que já fazem bonito em cima da magrela. 

Em outubro de 2015, um mochilão pela Europa inspirou Julia Bezerra a mudar seu estilo de vida. “Em Amsterdã, achei o máximo ver a cidade totalmente projetada para bikes, tomei coragem e aluguei uma. Voltando pro Brasil, decidi desencostar a minha e comecei a dar umas voltas com ela”, conta.

Nos últimos anos, a prefeitura de São Paulo investiu em ciclofaixas e ciclovias, o que foi um incentivo extra para a carioca que vive na capital paulista. “Comecei com passeios de 10 ou 15 km aos fins de semana e, quando me dei conta, estava andando de domingo a domingo. Hoje, pedalo em média 50 km por dia, e faço tudo de bike: vou ao mercado, barzinho, casa de amigos”, declara.

Julia é freelancer e trabalha em casa, mas vez ou outra tem que sair para fazer entrevistas ou participar de reuniões – e vai de bike, claro. “Dou preferência a caminhos com ciclovia, principalmente as das avenidas grandes, que são muito bem projetadas e eficientes. Andar naquela faixinha vermelha pintada no chão dá uma sensação de segurança muito maior”, afirma.

Apesar disso, vale lembrar que o ciclista pode andar no “espaço dos carros”. Bicicletas são consideradas veículos e têm o direito de circular com os outros automóveis, de preferência pelo lado direito da via. De acordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), “os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados”.

A bike também ajuda a jornalista a otimizar tempo. O trajeto até uma das empresas para que presta serviços demorava entre 40 e 50 minutos de carro. Hoje, leva entre 25 e 30 minutos de bicicleta. De quebra, ela ainda abandonou a academia que frequentava sem a menor vontade e ganhou mais qualidade de vida.

“Meu dia é muito mais divertido! Antes, eu trabalhava sentada o dia todo e, no comecinho da noite, ia até a academia, onde fazia bicicleta ergométrica (que ironia!). Hoje, acordo mais cedo e passo duas horas na rua andando de bicicleta antes de começar meu expediente. Não consigo mais me ver sem esse ritual pra começar o dia”, comenta.

Xará da jornalista, a estudante Julia Guadagnucci defende que, quem tem a oportunidade de trocar a superlotação e o estresse do metro e do ônibus pela bicicleta, deve se dar essa chance. “Comecei a ver a bike como uma possibilidade de transporte há um ano e meio. Na verdade, acho que falta um pouco de autoconfiança para acreditar que conseguimos nos locomover nesta cidade gigante usando duas rodas e nossas pernas de motor”, afirma.

“Andar de bike é só amor. Além de ser muito bom pra saúde, me estresso bem menos. Você tem tempo para refletir, sentir o vento no rosto e curtir as ruas da cidade”, ressalta a estudante, que usa a bike para fazer os trajetos entre sua casa e as duas faculdades que cursa.

No entanto, a convivência entre bicicletas e automóveis ainda precisa de muitos ajustes. “O brasileiro ainda não tem o hábito de respeitar o ciclista. As pessoas acham que a rua é do carro, é muito importante mudar essa mentalidade. Mas sou otimista, acho que estamos caminhando nessa direção”, finaliza Julia Bezerra.

A verdade é que um trânsito seguro só é construído quando os envolvidos (caminhões, ônibus, carros, motos, bicicletas e também pedestres) se respeitam e entendem que o direito de um termina quando começa o direito do outro. Com responsabilidade, paciência e sabedoria, dá para fazer bonito atrás do volante e em cima da bike. 

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