Uma das piores consequências da violência e do abuso é a dor silenciosa que eles causam. Embora seja um problema comum na vida de milhares de meninas e mulheres em todo o mundo, falar sobre ele ainda é difícil para boa parte das vítimas. Para incentivar a discussão e o empoderamento feminino, a blogueira e atriz Olivia Godoy de Moreira decidiu contar sua história e deu uma lição emocionante na internet.
“Demorei muito tempo para dizer a mim mesma que eu havia sido vítima de um estupro porque é muito difícil reconhecer isso no primeiro momento. Depois do estupro, me senti uma pessoa horrível e só conseguia ter pena de mim mesma até perceber que, na verdade, eu não tive culpa do que aconteceu”, explica Olivia. Foi apenas quando conseguiu entender o que, de fato, ocorreu com ela, que a jovem decidiu compartilhar sua história. Ela acha que pode ajudar mulheres que viveram o mesmo a reunir forças para superar.
Violência física x psicológica
“Temos uma ideia errada de que só houve violência, estupro, abuso quando a mulher foi violentada fisicamente. No entanto, como aconteceu comigo, isso pode acontecer de maneira muito mas sutil do que se imagina – o que também dificulta a compreensão do fato”, comenta.
No vídeo, ela explica que preferiu não detalhar seu caso para que os expectadores não identificassem apenas esse tipo de história como violência. “Qualquer ato feito contra a sua vontade e que faça você se sentir mal depois é estupro, não importa o lugar ou como foi. As mulheres precisam falar sobre isso”, conta.

Superação
Embora discutir e falar sobre o problema sejam partes importantes da superação, o processo não é simples. “O que mais escutamos é que essas coisas acontecem, que é assim mesmo e que precisamos virar a página, mas não é assim: não dá simplesmente para seguir a vida, isso marca e não podemos diminuir a dor das pessoas”, explica.
Já se passaram três anos desde o estupro e embora Olivia sinta que superou o episódio, o receio em falar sobre isso ainda existe, principalmente pela sensação de culpa. “Por muito tempo senti uma culpa muito grande e tinha muito medo que isso virasse um rótulo, ‘a menina que foi estuprada’. E muitas mulheres também têm medo de levar esse rótulo e de passar a ser vista com pena, como uma vítima por todo mundo”, conta.

Para quem contar?
Os grupos feministas e de apoio a mulheres foram os primeiros refúgios de Olivia, que compartilhou a história com as participantes. Além disso, a terapia psicológica também foi importante para superar o trauma. “Se uma mulher conta sobre a violência que sofreu é fundamental mostrar solidariedade e apoio. Às vezes nem é preciso discutir muito, mas, sim, fazer com que ela não se sinta sozinha. Somos mulheres fortes a quem coisas ruins acontecem. Apesar de termos sido vítimas, não temos que carregar esse fardo para sempre”, pontua.
Como denunciar
Mulheres vítimas de violência sexual devem procurar uma delegacia de polícia ou ligar para o 180, número da Central de Atendimento à Mulher, do Governo Federal.
É muito importante sempre fazer um Boletim de Ocorrência e dar início a um processo contra o agressor.
Você também pode procurar pela Delegacia da Mulher mais próxima de você – a ONG Maria da Penha disponibiliza uma lista de delegacias especializadas e pode ajudar. Lá, você receberá todas as instruções necessárias para abrir um Boletim de Ocorrência.
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