Abobrinhas

Em homenagem a um filme que eu vi essa semana – eu sei que minha coluna não é de cinema, mas é que não estou me agüentando. Acontece o seguinte: no filme, a deusa, a magnífica, a poderosa e absoluta Michelle Pfeiffer, que faz cinqüenta anos agora em abril, mas está infinitamente mais linda que muita gente de vinte que eu conheço, se interessa por um rapaz onze anos mais novo. A história transita entre a relação dela com a filha de treze anos, a vida profissional e a relação com o sujeito.

De tempos em tempos, aparece um personagem no papel de Mãe-Natureza (mas que, pra mim, tá muito mais pra Madrasta da Cinderela. Duvido que um estrupício daqueles possa ser mãe de alguma coisa), para atormentar a pobre Michelle. Ele diz que não adianta ela lutar para manter aquele corpo espetacular, porque a decadência é irreversível, que até é possível fazer plástica no rosto, mas que não há como fazer lifting no estômago ou pôr toxina botulínica no útero e outras barbaridades do gênero. Diz ainda que, fatalmente, o rapaz com quem ela sai vai perceber que ela é ve-lha e que, na improbabilidade da relação ir adiante, uma hora ele certamente quererá ter um filho, coisa que dificilmente ela poderá dar. Alguém aí já está revoltado? Então deixa só eu contar o nome do filme em português: Nunca é Tarde para Amar. Momentin que agora eu vou revelar a idade da protagonista no filme: quarenta anos. QUARENTA! Agora, só cá entre nós, alguém aí acha que quarenta anos é “tarde para amar”? Francamente… Fiquei furiosa com tanto preconceito, chauvinismo e injustiça. Humpf!

A abobrinha é prima da melancia, do melão e do pepino. Dizem os entendidos que ela só é abobrinha enquanto é verde e que se deixarmos uma abobrinha amadurecer e crescer, ela vira abóbora

Pois em homenagem a esse filme, hoje eu vou dar receita de abobrinha. E não vou dar uma só, não, porque a revolta é tanta que eu vou dar logo quatro.

A abobrinha é prima da melancia, do melão e do pepino. Dizem os entendidos que ela só é abobrinha enquanto é verde e que se deixarmos uma abobrinha amadurecer e crescer, ela vira abóbora. Acho meio improvável, mas na condição de criança que acreditava que ovo dava em árvore, acho que não tenho muito direito de comentar, né? Dizem ainda que a abobrinha é nativa do continente americano, desde o Peru até o sul dos Estados Unidos.

Lá em casa, a gente faz abobrinha basicamente de quatro jeitos diferentes. Dois são saladas e dois são quentes, todos deliciosos. Primeiro, os vergonhosamente fáceis:

Abobrinha no microondas

1 abobrinha (ou 2, ou 3, ou quantas você quiser)
Fondor (ou sal)
Azeite

Lave a abobrinha e corte o cabinho inferior e tire a ponta superior. Corte a dita cuja em rodelas de menos de 1cm e arrume em um refratário retangular, uma rodela ao lado da outra. Polvilhe com Fondor (Fondor é um tempero pronto, à venda nas boas casas do ramo, sem o qual eu não sei nem fritar ovo. Coisa de família, sabe? Use de Fondor o dobro do que você usaria de sal. Ou use sal mesmo) e regue com um fio de azeite, de forma que todas as rodelas sejam contempladas com um pouquinho. Cubra o refratário com um filme plástico e faça uns furinhos no plástico para que ele não estoure no microondas. Marque 3 ou 4 minutos na potência máxima, tire e sirva. Fica divino e ainda meio crocante. Difícil, né?

Salada crua de abobrinha

1 abobrinha (ou 2, ou 3, ou quantas você quiser), gelada
Aceto balsâmico
Azeite
Fondor (eu disse que era viciada nisso)

Trinta segundos antes de servir sua refeição (e tem que ser 30 segundos mesmo, porque a abobrinha ralada rende muuuuuita água), limpe as abobrinhas e rale num ralador grosso. Nem precisa descascar. Pra ficar bonitinho, eu costumo colocar a abobrinha ralada dentro de um potinho pequeno e desenformar, com a ajuda de um pão-duro, no prato.

Por cima, tempere com azeite, aceto balsâmico e Fondor. Se preferir, misture esses três ingredientes e sirva o tempero à parte, para que cada um pegue o quanto quiser. Corra para a mesa e coma o quanto antes.