Mãe-avó > Resposta de avó

1- Como é a rotina de uma avó-mãe?

2- O que mais gosta de fazer com os netos?

3- A senhora se sente gratificada com esta função?

4- Todos na família lidam bem com a situação?

Vovó Tatá é avó de treze netos e com mais um a caminho. Cuidou de dois netos e cuida de mais dois, um de quatro anos e outro de um ano e oito meses, com os quais ela mora.

1- A partir das nove horas da manhã minha filha sai para trabalhar, então eu assumo todas as tarefas relacionadas com a vida cotidiana das crianças. Isso me impede de passar a mão na cabeça deles como eu gostaria. Tenho que disciplinar como mãe. Se um dos netos não quer ir para a escola, não posso esmorecer como uma avó. Ajo como uma mãe, mesmo ele dizendo que está cansado, levo-o. Agora estou adaptando o menor na escola e meu coração fica apertado quando o vejo chorando, mas estou ali como mãe e não como avó. Já tomei conta de neto como avó, permitia muita coisa, ficava com pena se não queriam ir à escola e eles não iam. Agora, entretanto, preciso cumprir as tarefas de mãe, dou banho, vejo os deveres, adapto na escola, ponho para dormir, dou comida. Com esta filha não preciso levar os netos ao médico e nem ao dentista. Ela e o marido levam. Mas os dois primeiros netos que cuidei, minha própria filha dizia: “Vai você mesmo no médico, porque ele vai me fazer uma série de perguntas que eu não vou saber responder”.

2- Eu gosto muito de lidar com criança, eu tive sete filhos, portanto fiz isso a vida inteira. Mesmo com toda a função que uma criança demanda como dar banho, comida, levar para escola eu tenho o maior prazer. Depois vieram os netos, primeiro cuidei de dois, que hoje já estão grandes e agora destes dois. Mas o que eu adoro mesmo fazer é sentar no chão, brincar, pintar. Eu amo fazer isso.

3- Dou graças a Deus de ter esses netos para tomar conta. Sou extremamente gratificada com isso. Detestaria ter que pintar porcelana, jogar biriba, bater papo, eu adoro poder cuidar dos meus netos e ajudar os meus filhos.

4- Há uma grande harmonia entre todos nós. A minha filha Maria Isabel tinha um enorme sentimento de culpa, queria que eu saísse mais. Ela não acreditava que para mim aquilo era uma delícia. Ana já é diferente. Ela diz que isso é a melhor coisa que poderia ter acontecido. Claro, que ela se preocupa que eu também saia e me divirta. Também sinto que o meu outro genro é muito agradecido por eu ter tomado conta dos filhos dele, pois eles estavam começando as suas vidas profissionais e precisavam de muita ajuda. E se os outros filhos têm ciúmes, disfarçam muito bem.

Dona Léa de Barros Pinto, avó de dois netos, mãe da diretora executiva da GloboNews, Sandra Moreira, trabalhou a vida toda e, ao se aposentar, passou a cuidar dos filhos da filha.

1- Eu sempre procurei auxiliar a Sandra, por um motivo: eu não tive mãe e nem sogra para me ajudar então era obrigada a deixar a minha filha em casa com a empregada e sair para trabalhar. O Sandro, meu marido, me ajudava com ela à tarde, pois ele era jornalista e trabalhava de manhã. Mas, quando ela ficava doente era infernal, pois tinha que ir para a escola e só podia saber notícias dela na hora do recreio. Então, sempre sonhei com o dia em que minha filha fosse mãe, e eu estivesse aposentada, que iria ajudá-la no que precisasse. E assim aconteceu. Quando ela necessita de mim com os filhos eu sempre ajudo da melhor maneira possível. Por exemplo, quando ela morava em Belo Horizonte e ia trabalhar no interior, ela me avisava de manhã. Eu viajava à noite e passava alguns dias cuidando da minha neta juntamente com uma empregada. Ela morou na Bahia, então eu fui morar com ela durante um tempo, depois vim para o Rio. Na Bahia cuidava da menina mais à tarde, de manhã a Sandra dava o café, banho e passeava com ela. Mas fui eu que adaptei a Cecília na escola. Depois vim para o Rio e logo depois eles vieram também. Sempre que ela precisa eu vou para casa dela realizar as tarefas de mãe, dar banho, comida, levar nos cursos extras, que as crianças têm hoje em dia. Tem épocas que fico o dia todo lá e só volto para casa à noite, outras não, ela sempre tenta conciliar a vida profissional com a de mãe. Mas, sempre estou à disposição dela para ajudá-la.

2- O que mais gosto de fazer com eles é brincar e como adoro!

3- Eu me sinto completamente realizada em poder cuidar deles, não tenho o menor problema quanto a isso. Eu acho muito bom. Só que agora, já perdi a função do banho e de levar nos lugares porque o Ricardo já está com 12 anos. Agora minha função é mais de despachante: “Ricardo agora está na hora da aula de violão, Ricardo hora da aula de inglês”. Sandra sai às 11 horas da manhã e volta às nove da noite. E a Cecília que estava fazendo as compras da casa está morando fora, então estou indo ao supermercado, ao banco pagando contas. Agora sou avó-secretária. Uma avó multimídia.

4- Todos convivem bem com essa situação. Teve uma época apenas que o meu genro ficou com um pouco de ciúmes em relação à filha, mas depois superou. Os meus netos são muito agarrados comigo. Eu me aposentei e isto preencheu minha vida, ainda mais depois que fiquei viúva. Quando minha filha era pequena, eu, muitas vezes, não pude ficar com ela. Tinha que deixá-la com a empregada. Então, agora os netos completaram algo que ficou pendente na minha vida, no meu coração.

Dona Wilma de Azevedo Henrique, atualmente dona de casa, trabalhou a vida toda como professora e nunca se cansou de cuidar de crianças.

1- Eu cuidei de duas netas durante doze anos. Até os quatro anos elas vinham para minha casa pela manhã e iam embora só à noite. Quando os pais precisavam viajar ficavam comigo o tempo necessário. A rotina foi sempre de mãe: alimentação, banho, roupa limpa, então eu fazia tudo que estava ao meu alcance e fosse preciso. Depois começaram a freqüentar a escola, os pais levavam e eu ia buscá-los mais tarde. Então era a rotina de ajudar nos trabalhos de casa, comprar material escolar e além de levar ao dentista e ao médico. Também havia as aulas extra-curriculares: balé, natação, inclusive preparação para a primeira comunhão. Eu compartilhei de tudo isso e “agiativa”.

2- Eu gostava de fazer tudo, fazia com o maior amor e carinho. Me esmerava na alimentação, no uniforme limpinho, nos deveres de casa. Também ia ao cinema com elas, não havia nada em especial, pois tudo me realizava.

3- Senti e sinto a maior satisfação em poder cuidar das minhas netas. Atualmente elas moram fora, mas me mandam cartas me confessando que eu estou junto a elas sempre. A mais nova escreveu uma redação para a escola descrevendo a avó que me emocionou muito. Então, sou extremamente gratificada de ter cuidado de minhas netas. Mesmo elas morando longe, minha nora me liga muito e conta tudo e meu filho sempre que pode, vem me visitar. E quando posso, viajo para me encontrar com eles todos.

4- Todos se sentem felizes por eu ter cooperado muito no início da vida dele. MInha nora é maravilhosa comigo até hoje. Ela ficava satisfeita com tudo que eu resolvia. Deixava em minhas mãos a responsabilidade e concordava com as minhas decisões.