Diferentemente do que a maioria pode pensar, a família é o principal valor do jovem brasileiro. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em julho desse ano, diz que praticamente 99% dos jovens consideram a família como o fator mais importante em suas vidas. Em terceiro lugar vêm os amigos. Então, o negócio é saber usar essa vantagem para exercer influência de forma positiva. O mais importante é avaliar a forma como você vai lidar com essa troca de valores entre seu filho e os amigos dele. A psicoterapeuta infantil Lissandra Cianciaruso acredita mais no diálogo do que na proibição: “Os pais devem estar atentos às amizades de seus filhos, principalmente às virtuais, pois podem representar um risco em potencial. O mais importante é orientar os filhos e atentar-se aos comportamentos não como forma de controle, mas como orientação. Mais vale uma conversa franca, revelando medos e preocupações suas e de seus filhos, do que um simples castigo ou proibição”, recomenda.
Mais vale uma conversa franca, revelando medos e preocupações suas e de seus filhos, do que um simples castigo ou proibição
Por isso, o ideal é buscar conhecer as pessoas com quem seu filho anda antes que seja tarde demais. O engenheiro Écio Ribeiro conta como teve que alertar o filho de 15 anos, para prevenir que algo ruim pudesse acontecer: “Quando fui levá-lo à casa de um amigo, vi o colega entrando com garrafa de bebida na mão. Meu filho não chegou a agir diferente, mas conversei com ele e o orientei. Ele pediu que eu confiasse nele”, relata. Assim como Écio, às vezes, alguns pais levam mais a sério seu “sexto sentido” e percebem que é melhor sondar aquele novo amigo. O engenheiro diz que até tentou conhecer mais o grupo do filho, mas não teve sorte. “Não tive uma boa impressão desde o início. Posso até ter tido preconceito, mas não quis arriscar. Pedi para que ele se afastasse. Sempre tentei passar para o meu filho conceitos que são exemplo dentro de casa. Ele precisa ter personalidade para negar coisas que não são boas. Amigo de verdade entende e aceita”, defende.
Se a conversa não rende…
Há casos, porém, em que a conversa e a compreensão não são suficientes. A psicóloga especialista em desenvolvimento infantil Andrea Rapoport explica que, quando o adolescente passa a fazer parte de um grupo que não cultiva bons hábitos, pode ser necessário prestar mais atenção ao que ele faz, aonde ele vai ou, até mesmo, procurar ajuda profissional. Quando o jovem se junta a um grupo, é preciso procurar saber por que ele buscou aquelas pessoas, do que ele precisa e o que ele não está encontrando em casa. “Tem que estar aberto antes de criticar e ter sempre seus filhos próximos a você. Se, de fato, for uma mudança muito séria, pode ser que a terapia ajude. Pais e filhos têm que se entender”, pede Andrea.
Como já dizia o ditado, prevenir é o melhor remédio. Seja qual for a idade do seu filho ou quantos amigos ele faça, nunca deixe de conhecer a “patota” dele. Converse sobre os princípios que você mais valoriza todos os dias. Sempre que ele se comportar bem ou surpreender você com algo bom, não deixe de elogiar. Castigar e forçar a sua vontade quase sempre tem efeito contrário. “Negociar é uma ótima solução. Desenvolva a auto-estima do seu filho, faça com que ele acredite mais em si mesmo e precise menos das opiniões dos outros”, ensina Lissandra. A receita para estar atento às amizades do seu filho é mais simples do que parece. No fim, é só lembrar que você deve ser o melhor amigo que ele pode ter.