No Brasil, até 15% das crianças em idade pré-escolar apresentam algum tipo de atraso de fala
A frase “cada criança tem seu tempo” costuma servir de consolo a pais e familiares diante de sinais de atraso. Mas até que ponto essa ideia é verdadeira?
De acordo com a fonoaudióloga Adriana Fiore, que atua há mais de 20 anos no atendimento infantil, o atraso pode ser confundido com variações individuais, mas existem marcos claros para observar.
Quando é hora de procurar ajuda?

- Até 12 meses: ausência de balbucio;
- Até 2 anos: dificuldade para formar palavras simples;
- Até 3 anos: ausência de frases curtas.
“Se a criança não atingir esses marcos, o ideal é procurar avaliação fonoaudiológica para descartar ou confirmar a necessidade de intervenção”, orienta a especialista.
A importância da intervenção precoce

Um levantamento do Center for Disease Control (CDC) mostra que crianças acompanhadas precocemente por fonoaudiólogos têm até 70% mais chances de alcançar o desenvolvimento esperado.
Isso porque, na primeira infância, o cérebro atravessa a chamada “janela de oportunidade”, período em que os estímulos de linguagem são absorvidos com maior facilidade.

“A neuroplasticidade é enorme nos primeiros anos de vida. Se esse tempo é desperdiçado, os prejuízos podem se estender para a alfabetização, para a vida escolar e até para a socialização da criança”, explica Adriana.
O papel da família

Além da busca por avaliação profissional, Adriana reforça o papel da família no estímulo diário.
“Conversar, cantar, contar histórias e promover brincadeiras interativas são formas simples e poderosas de enriquecer a linguagem e favorecer um desenvolvimento saudável”, destaca.
Ela também alerta para um equívoco comum: a ideia de que a criança “não fala porque tem preguiça”.

“Esperar demais pode significar perder tempo precioso. Se há dúvida, é sempre melhor investigar cedo. O acompanhamento não serve apenas para tratar dificuldades, mas também para prevenir que elas avancem”, conclui.