A escolha do pai

Especialistas atestam: o pai tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança. “É ele quem complementa os cuidados oferecidos pela mãe. Se a função materna se relaciona à sobrevivência da criança – os cuidados básicos, físicos e emocionais -, é o pai quem deve cortar essa simbiose entre mãe e filho, permitindo que o bebê se desenvolva e que a mãe volte a ter outros interesses para além do bebê”, define Tania Novinsky Haberkorn, psicóloga e sócia fundadora do Instituto Mãe Pessoa. Mas como prever se o homem que escolhemos para marido vai ser um bom pai?

“Antes do casamento, ele era amoroso. Sempre se preocupava comigo, abria a porta do carro, um verdadeiro cavalheiro”, conta a administradora de empresas Carla Cavalcanti* (30 anos). Mãe de Miguel* (4 anos), Carla achava ter encontrado o homem da sua vida, mas com o passar dos anos, a situação começou a mudar. “Ele saía com os amigos depois do trabalho e me deixava sozinha tomando conta do Miguel. Jamais renunciava às suas vontades para assumir a função de pai”, desabafa a administradora que acabou optando pelo divórcio. “Foi muito doloroso, o Miguel era pequeno e sentia muito a falta do pai”, lembra Carla.

Para a assistente administrativa Patrícia de Lima Passos (32 anos), mãe de Lara (12 anos) e Alexsandro (6 anos), a separação não foi fácil. Ela assumiu sozinha a maternidade dos filhos. “Tenho que me desdobrar para suprir as necessidades das crianças. Suportar ver elas passarem por constrangimentos como não ter a presença do pai nas festinhas escolares”, desabafa. E lamenta: “Ainda que ele fosse um bom pai durante o casamento, hoje mal visita as crianças”.

Atendendo aos pré-requisitos

Em tempos de igualdade de direitos, mulheres que trabalham fora e são donas do próprio nariz querem igualdade de deveres no que tange à criação dos filhos. Por que as mães devem continuar arcando com as maiores responsabilidades – leia-se: dupla jornada? Se o pai é tão importante, não estaria na hora revermos papéis estabelecidos em uma época de donas de casa e maridos provedores? Quais são as características que as mulheres do século XXI desejam encontrar nos parceiros?

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Nenhuma mulher nasce sabendo ser mãe. Também nenhum homem pode nascer sabendo ser pai. Pai e mãe ‘nascem’ juntos com o primeiro filho.

A bancária Mariana Cestari (29 anos), mãe de Vinícius (1 mês), opina: “Para ser um bom marido e pai, o homem precisa ter caráter, ser sincero, amoroso, companheiro, dedicado e, acima de tudo, saber abrir mão das vontades individuais para colocar o filho em primeiro lugar”. Ela não teve dúvidas ao escolher o companheiro. “Antes mesmo de engravidar já sabia que estava com a pessoa certa. Ele havia demonstrado, diversas vezes, ter carinho por crianças. E sempre expressava o desejo de ter filhos”, conta Mariana. Patrícia complementa: “Para ser um bom pai é preciso, antes de tudo, ser um bom filho. Também não deve ser egoísta e ter amor pelo próximo”.

Tania Haberkorn acredita que, quanto mais saudável, aberto e bem resolvido é o relacionamento, melhores as chances dos dois se sentirem seguros na função de pais. Quanto à escolha do parceiro, a psicóloga dá uma dica: “Diz um ditado judaico que devemos olhar três comportamentos fundamentais em um homem: primeiro, como ele lida com o dinheiro (se é generoso, sabe ganhar e gastar com discernimento). Segundo, como ele lida com a frustração. Uma pessoa que possui recursos internos para lidar com as desilusões tem maiores chances de ser um companheiro e um pai melhor. Por fim deve-se observar como ele se comporta diante dos vícios: bebida, jogo e drogas, a fim de não comprometer o relacionamento nem influenciar negativamente como modelo de pessoa para os filhos”, completa.

A especialista alerta para o fato de que nem sempre é possível determinar o perfil paterno com exatidão. “Nenhuma mulher nasce sabendo ser mãe. Também nenhum homem pode nascer sabendo ser pai. Pai e mãe ‘nascem’ juntos com o primeiro filho. Tentar prever como um ou outro serão após o nascimento dos filhos não é tarefa fácil”, argumenta.