Como os pais escolhem as babás e quais as funções que desejam que elas desenvolvam? Será que está claro para os pais o papel da babá no contexto familiar?
Essas perguntas são fundamentais quando se tem em mente a necessidade de se contratar uma profissional desta área. Ao responder às perguntas, o que estará por trás de cada resposta é se pais e mães sabem exatamente quais são as suas próprias funções.
Ora, é bem verdade que na atualidade a maioria das mulheres está inserida no mercado de trabalho, assim como é verdade que também deseja e, por isso, não abre mão de exercer o papel de mulher, esposa e mãe. Será? Penso que seria necessário reescrever esta frase da seguinte forma: a maioria das mulheres, além de trabalhar, quer casar e ter filhos. E o que muda de fato na essência destas frases?
Os pais precisam pensar que são eles os educadores, são eles a principal referência de afeto que as crianças precisariam ter
Há uma grande diferença entre desejar e querer. O sentido destes verbos pode definir a postura de quem está envolvido no fato em si e na sua atuação. Na primeira frase, o verbo desejar vem seguido do verbo exercer. Na segunda frase, o verbo querer está sozinho e a falta de complemento na ação sugere um vazio, um buraco que está pronto a ser preenchido… Por quem?
Talvez seja um bom tema para um próximo artigo tratar da diferença entre o desejo de ter filho e a necessidade ou exigência social. Mas quero me ater à questão da escolha das babás e a sua função.
É preciso pensar nas funções das babás a partir das suas próprias funções como mães e pais. É certo que hoje esta profissional é mais do que uma cuidadora. Ela passa a ser uma referência para a criança, já que é com ela que fica a maior parte do tempo.
Ser uma referência não quer dizer que será a única e nem a mais importante que a criança terá em casa, mas tudo vai depender de quanto os pais delegam para a profissional algumas das funções que deveriam ser exercidas pelos mesmos.
Para que de fato cada um desempenhe o seu papel, é preciso ter em mente o que cada um espera do outro.
A escolha da babá tem que seguir os mesmos padrões de quando se escolhe uma escola para as crianças, isto é, conhecer quais são seus valores morais, o que ela pensa sobre o mundo e sobre a educação de crianças. Colocá-la para responder a situações, problemas, pode dar o norte e avaliar se a profissional está em consonância com os valores da família. É preciso lembrar que crianças estão em formação (formando sua identidade – seu caráter e valores) e, sendo assim, os hábitos e costumes de quem convive com as crianças podem ser introjetadas por elas, principalmente se a participação dos pais for pequena.
Ainda que encontrem uma excelente substituta para os momentos em que não podem estar com os filhos, os pais precisam pensar que são eles os educadores, são eles a principal referência de afeto que as crianças precisariam ter. Os afetos são construídos a partir das relações. Se não há encontro, não há afeto. É preciso pensar que tipo de relação e quais os afetos que estão em jogo quando se tem uma babá “pronta” a servir os pais 24 horas por dia, todos os dias.