Crianças americanas até os 10 anos tomam, em média, 10 ciclos de remédios antibióticos. Segundo um recente estudo publicado no país, crescimento acelerado dos ossos, doenças inflamatórias intestinais, refluxo gastresofágico, ganho de peso e desenvolvimento de alergias estão entre as possíveis consequências do uso desmedido das substâncias.
Leia também:
Comidas que fazem mal para crianças: pipoca, nuggets, doces e mais
Mochila pesada traz riscos à saúde da criança
Dente de leite: dentista lista 4 cuidados para garantir a saúde
Remédios perigosos
Liderado pelo professor Martin Blaser, a pesquisa foi realizada no Centro Médico Langone, da Universidade de Nova York. Os remédios das classes mais popularmente prescritas para crianças – amoxicilina e tilosina – foram ministrados em camundongos na mesma medida que as crianças recebem nos primeiros dois anos de vida.
Os resultados assemelharam-se a estudos e hipóteses levantadas anteriormente de que o uso desses medicamentos pode ter relação com a obesidade infantil porque a exposição a alta dosagem altera a flora intestinal e atrapalha o funcionamento do intestino, reprogramando permanentemente o metabolismo do indivíduo.
Além disso, as pesquisas também indicam para um a correlação entre a bactéria atacada pelos remédios com o desenvolvimento de asma, rinites e alergias dermatológicas, isto porque a destruição de determinados tipos de microrganismos aumenta o refluxo gástrico – doença que está associada com as doenças do sistema respiratório e do esôfago.
Antibiótico faz mal para crianças?
Segundo os pediatras e neonatalogistas Camila e Marcelo Reibscheid, autores do site Pediatria em Foco, o uso inadequado e exagerado de antibióticos afeta o desenvolvimento da criança sim. Para eles, muitas vezes ocorrem abusos nas prescrições, já que, mesmo para casos onde não existem infecções – alergias, inflamações, doenças virais e catarros e febres sem causa bacteriana – as substâncias são prescritas.
Além disso, os especialistas afirmam que é preciso encarar com consciência os primeiros anos de vida da criança, fase em que seu sistema imunológico ainda está sendo formando. “Nos primeiros cinco anos de vida, a criança tem, em média, 10 viroses por ano. Não se trata de fraqueza do organismo, nem de baixa resistência e muito menos falta de cuidado. Os primeiros anos de vida são um período em que crianças apresentam infecções virais que desencadeiam tosse, chieira e sintomas nasais recorrentes mantendo uma irritação das vias aéreas, estas infecções promovem a produção de anticorpos. Após o 5º ano de vida, a criança está com o sistema imunológico mais amadurecido e resistente, fazendo com que as infecções virais diminuam progressivamente”, explicam.
Por fim, reafirmam que as únicas doenças que devem ser tratadas com antibióticos são aquelas causadas por bactérias e este diagnóstico só vem depois de uma série de investigações.