Atenção ao rotavírus

Para o desespero de muitos pais, sobretudo os de primeira viagem, durante os primeiros meses de vida é comum os bebês apresentarem vômitos, cólicas e desarranjos. Mas quando os sintomas prolongam-se por dias, o que poderia ser um reflexo do frágil e imaturo sistema digestório – em adaptação – pode ter uma razão muito mais sério: o rotavírus. Inimigo número um das mães, ele responde por 45% das diarréias agudas ocorridas em crianças menores de cinco anos em todo o mundo. Grave, a infecção por esse vírus precisa de atenção e tratamento. Estima-se que nos países em desenvolvimento as mortes por essa infecção cheguem a 600 mil casos ao ano.

Da família Reoviridae, o rotavírus leva esse nome pois seu formato lembra uma roda. Ele foi identificado em humanos pela primeira vez em 1973 e ainda que possa ser transmitido a adultos (com repercussão mais branda) acomete, principalmente, crianças de três meses a três anos de idade. “Essa faixa etária está muito mais exposta à infecção pelo vírus já que suas taxas de anticorpos (defesa) são bem inferiores a de um adulto. Crianças de baixo nível socioeconômico também costumam constituir grupo de risco visto que, além das condições precárias de higiene, detecta-se um maior número de desnutridos – condição que favorece o vírus”, explica Rosângela Ciongoli, pediatra do Hospital Sepaco, em São Paulo.Contraindo o rotavírus

“A transmissão do rotavírus pode ocorrer por contato com água, alimentos ou secreções respiratórias e fezes de pessoas contaminadas”, esclarece Rosângela. Antes mesmo do aparecimento dos sintomas, uma pessoa contaminada torna-se uma potencial transmissora. “Sua capacidade de transmissão dura até 15 dias após o início dos sintomas”, enfatiza Maria Cristina Senna Duarte, pediatra e diretora médica da Neovacinas – Clínica de Vacinação, no Rio de Janeiro.

A boa notícia é que estão disponíveis em qualquer posto de saúde duas vacinas orais para combater o rotavírus

Depois de um período de 48 horas de incubação do vírus, os sintomas costumam se manifestar e podem perdurar por até nove dias. “Diarréia, vômitos, febre e desconforto abdominal são as queixas mais freqüentes e, em grande parte, levam a uma forte desidratação. O comportamento da criança sofre modificações. São comuns os relatos de bebês que se tornam apáticos, sonolentos e irritadiços”, caracteriza Maria Cristina. Em casos mais severos, o rotavírus pode levar à gastroenterite (infecção do sistema gastrointestinal). “Isso ocorre porque o rotavírus produz uma toxina que danifica as vilosidades intestinais e altera sua mucosa”, explica a especialista.

Vale alertar que a contração do rotavírus não impede que ele se instale novamente. “O que ocorre é que existem vários sorotipos de rotavírus. Quando a criança se expõe a ele pela primeira vez, seu organismo cria uma resposta de defesa para aquele sorotipo específico e apenas algum grau de proteção para outros sorotipos que não a infectaram nessa primeira vez”, explica Maria Cristina. Por esse motivo os especialistas garantem que a primeira infecção pelo vírus é sempre mais grave que as demais.

Prevenção e Tratamento

Como prevenir é melhor que remediar, anote algumas medidas que podem manter o rotavírus bem longe do seu neném. “A primeira coisa a fazer é sustentar o aleitamento materno até os seis meses de vida da criança. Ele é um poderoso aliado contra o vírus já que é rico em anticorpos da mãe”, recomenda Rosângela. “Depois, é importante manter uma higiene adequada dos alimentos e fazer um controle do esgoto e dejetos”, acrescenta a pediatra.

A boa notícia é que estão disponíveis em qualquer posto de saúde duas vacinas orais para combater o rotavírus. “A diferença entra as duas está na forma de administração. A vacina Rotateq (Laboratório Merck Sharp&Dohme) é utilizada em três esquemas posológicos: aos dois, aos quatro e aos seis meses de idade. Já a Rotarix (Laboratório GlaxoSmithKline) é tomada em duas doses: aos dois e aos quatro meses de idade”, ensina Maria Cristina.

Depois do rotavírus instalado não há muito que fazer. “O tratamento fica por conta de prevenir a desidratação com uma grande oferta de líquidos via oral e, se necessário, via endovenosa”, afirma Rosângela. Além disso, “recomenda-se afastar a criança da creche para impedir a contaminação de terceiros e prestar atenção à quantidade e cor da urina, saliva e da lágrima, observando o comportamento da criança e mantendo contato direto com o pediatra”, finaliza Maria Cristina.

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