A insuficiência istmo cervical é um tipo de doença que acomete 1% das mulheres e atrapalha a continuidade da gestação. Para corrigir o problema e permitir que o feto continue em pleno desenvolvimento, muitas vezes um procedimento chamado de cerclagem é feito no segundo trimestre de gravidez. A ginecologista obstetra e especialista no procedimento Rosiane Mattar explica sobre as possibilidades da cirurgia e seus benefícios.
Veja também:
Cordão enrolado no pescoço não impede parto normal
Parto humanizado no SUS é possível
Violência obstétrica: saiba o que é e como denunciar
Insuficiência istmo cervical
Para gerar uma criança, o útero da mulher, após a implantação do óvulo fecundado, se fecha. O responsável pelo fechamento é o colo do útero. Porém, algumas mulheres apresentam uma falha mecânica neste fechamento e acabam sofrendo de abortos tardios ou de partos prematuros.
A doença geralmente só é detectada após as intercorrências da primeira gestação. Seu diagnóstico deve vir entre o intervalo entre uma gravidez e outra. Porém, seu tratamento só pode ser feito após a mulher engravidar novamente.
O que é a cerclagem?
A cerclagem é o tratamento para a insuficiência istmo cervical. A cirurgia é feita através da vagina e tem a função de suturar o colo do útero para que ele segure o feto até que esteja pronto para nascer.
“A cirurgia geralmente é eletiva e feita com anestesia raquidiana. Na maioria das vezes fazemos pela vagina. Em raros casos é preciso fazer via abdominal ou por laparoscopia”, conta a ginecologista.
Após o parto, o fio da sutura é retirado e, caso a mulher opte por engravidar novamente, um novo procedimento deve ser realizado.
Quando ela deve ser feita?
Segundo Rosiane, a cirurgia deve ser feita entre a 12º e a 16º semana de gestação, após o resultado do ultrassom morfológico. Isto porque o exame garante que tudo está correndo bem com o feto.
Entretanto, existem casos em que a mulher descobre durante a gravidez que sofre com o problema. “A cerclagem ainda pode ser feita até a 25º semana. Algumas vezes a paciente não sabe que tem o problema e aparece no consultório com o colo aberto e com a membrana visível. Então, fazemos um procedimento de emergência”, explica. Segundo Rosiane, embora seja possível, o procedimento apresenta maiores riscos.
Riscos
Exceto em casos emergenciais após a 16º semana ou em procedimentos feitos através de cortes abdominais ou laparoscopias, os ricos da cirurgia são baixos. O procedimento é seguro tanto para mãe quanto para feto.
Repouso absoluto e atividade sexual
Embora a imagem da cirurgia leve as pessoas a acreditarem que a mulher precise repousar, Rosiane diz que não passa essas recomendações às suas pacientes. “Eu particularmente não oriento nenhuma paciente minha a repousar ou parar de ter relações sexuais. Muitas param por medo, por questões psicológicas, mas não tem indicações nem para repousar e nem para deixar de fazer sexo”, diz.
Cerclagem e o parto
O procedimento é feito no colo do útero, porém, ele não influi na via de nascimento do bebê. “A cerclagem, se não existir nenhum outro agravante, não é indicação para cesárea. É melhor esperar o organismo da mulher entrar em trabalho de parto e ter parto normal”, recomenda a obstetra.
Beatriz Helena
Do Bolsa de Bebê