Não é incomum crianças serem pressionadas pelos pais a abraçarem estranhos ou até mesmo parentes. Com a justificativa de “ser educado”, os cumprimentos com abraços e beijos invadem o espaço dos filhos, sem qualquer validação da criança – que nem sempre quer ter qualquer contato físico com alguém.
Vulnerabilidade da criança
Pensando nisso, a escritora Katia Hetter escreveu um artigo em que chama atenção para a autonomia da criança em relação ao seu corpo e, como infringir essa autonomia, torna os pequenos mais vulneráveis em situações de abuso sexual.
Conforme a autora, forçar crianças a tocar pessoas quando elas não querem acaba por tornar mais aceitável toques sem consentimento. Hetter enfatiza que forçar o contato da criança por cortesia acaba por deixá-la vulnerável a pessoas potencialmente mal intencionadas.
Abuso sexual contra crianças
No Brasil, só em 2016, 17,5 mil crianças passaram por situação de abuso sexual, conforme divulgado pelo canal de denúncia Disque 100. Considerando que há um contingente enorme de pessoas que não denunciam, esse número na realidade é bem mais alarmante.
Considerando a violência sexual como um marcador para muitas crianças e jovens, é importante que desde muito cedo a criança entenda que seu corpo pertence a ela e que ninguém pode forçá-la a fazer algo que não queira. Toda criança tem o direito à privacidade.

Consciência do corpo
Ainda conforme a autora, o ideal é incentivar os pequenos a ouvirem seu próprio “senso de zona de conforto” e jamais incentivá-los a ignorar sua intuição, pois essa intuição é aquele sinal de alerta que toca a qualquer situação desconfortável perto de outra pessoa.
A criança nunca deve tocar ou ser tocada quando se sente desconfortável, sendo essa pessoa da família ou não, justamente para que ela não perca esse senso de proteção no futuro e para que ela possa expressar como se sente livremente.
Abuso infantil
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