Cuidado, frágil! > Muita calma nessa hora

Diferentemente do que aconteceu com a advogada Cláudia Martins, 41 anos, mãe da Clarinha, hoje com quatro anos. “Meu marido ficou comigo durante uma semana. Depois teve que viajar e aí foi dureza. Encarei a responsabilidade no início, praticamente, sozinha”, lembra. Sozinha fisicamente, pois no telefone esteve sempre perto da irmã. “Ah, eu ligava para saber se determinadas coisas eram normais. Tipo o cocô verde! Eu não sabia que saía daquela cor. Liguei para a minha irmã, perguntei, e ela me tranqüilizou”.

E assim, apesar de operada da cesariana e tensa com a situação, ela deu conta do recado. Segundo Cláudia, ela só correu mesmo do primeiro banho, já que o pai do bebê, Jeferson, ainda estava em casa. “Preferi o ver fazendo primeiro para me dar segurança”. Um receio que é normal. Já amamentar, por exemplo, ela adorou! Vai de cada mãe… No entanto, nenhum “trabalho” pode ser comparado ao que veio depois. Um dos maiores temores das mães de primeira viagem: o refluxo. Aquele processo no qual o alimento, sólido ou líquido, volta do estômago para o esôfago, causando queimação na garganta e incômodo.

Hoje, vejo que o controle emocional dos pais é mais importante do que os cuidados em si com os filhos

“Foi um sufoco! A Clara não dormia e a gente também não! E o pior é que custou para sabermos o que estava acontecendo. Era uma angústia só a ver chorando e não poder fazer nada”, conta. Como Clarinha não estava vomitando e continuou ganhando peso, demorou até alguém dar o palpite certo. E dá-lhe idas a pediatras, leituras de livros, conversas com amigos e buscas na internet! Após o diagnóstico do problema ficou mais fácil. Uma tipóia para ela dormir inclinada e três remédios amenizaram o incômodo. “Li tanto sobre o assunto que hoje posso dar uma palestra!”. A advogada não tem dúvida de que a falta de informação é o que a deixou desesperada. “Se soubesse do que se tratava exatamente na época, teria agido de outra maneira e ficado mais tranqüila”. E completa: “Hoje, vejo que o controle emocional dos pais é mais importante do que os cuidados em si com os filhos. Se eu tivesse recurso financeiro para engravidar de novo, teria uma penca”.

Mitos e bichos-de-sete-cabeças

A gravidez continua sendo um assunto cheio de mitos e lendas vindos da cultura popular. E desmistificá-los se torna mais do que necessário. “O ideal seria que o obstetra indicasse um pediatra para a mãe um mês antes de o bebê nascer. O que é raro de acontecer. Dessa maneira, ela começaria a entender melhor sobre o pós-parto”, diz a pediatra e também mãe Sônia Regina Louzada. E ela cita e recomenda outros serviços como os realizados em salas de espera dos hospitais públicos ou cursos que tenham como objetivo principal orientar a mulher. “Uma coisa não exclui a outra. Existem muitas dicas sobre o dia-a-dia que não precisam ser passados exclusivamente pelo médico”.

Agora, o problema é quando a informação passada por um profissional, por exemplo, se choca com o que foi dito pela avó, tia, enfim, uma pessoa próxima que já foi mãe. Quem nunca ouviu aquela frase “Já criei quatro. Acha que eu não sei?”. E, com certeza, sabe. No entanto, nem sempre o que uma mãe faz serve para a outra. E é preciso estar atenta para isso.

“Não existe leite fraco. Por incrível que pareça, muitas mães ainda acreditam nesse mito”, conta Sônia. A pediatra explica que durante o primeiro mês, principalmente, o bebê pode trocar a noite pelo dia. E aí a mãe tem que o acompanhar: dormindo no turno diário e amamentando no noturno. O que acontece, muitas vezes, é que ela dá o leite e a criança não dorme. Lógico, o bebê descansou o resto do dia! Resultado? Ela começa a achar que o leite dela é fraco e começa a dar papinhas, mingaus para deixar a criança mais forte. Alarga até o bico da mamadeira, que não tinha aquele tamanho à toa. A criança pode engasgar e ainda ficar obesa com tanta alimentação.

“E quando precisamos suspender o leite e seus derivados porque o bebê tem intolerância à lactose? Nem sempre a mãe cumpre ao pé da letra”, afirma Sônia. Tudo bem, às vezes fica difícil para o bolso da mulher e é compreensível. O fato é que muitas não aceitam porque têm pena de tirar o danoninho, o leite ou o chocolate da criança. “O bebê não conhece o sabor. Não fará falta para ele”, lembra a pediatra. Ou então escutam alguém mais próximo dizendo que é frescura. E nisso, a tosse, os sintomas respiratórios da alergia continuam…

Refluxo? Cólica? Choros na madrugada? Banho em um bebê com pele extremamente macia e escorregadia? Limpar o umbigo? Calma, antes de tudo! Não dá para mentir: ter filho é sinônimo de ter trabalho. No entanto, essa fase passa. É normal. Todas as outras mães sobreviveram a ela. Independentemente das dicas, este será o maior conselho do pediatra, da sua vizinha, da sua mãe… Passa, isso passa. De tal maneira que quando se der conta de que seu filho ou filha cresceu, tem vida própria e não depende mais dos pais, vai até sentir saudades da época em que trocava suas fraldas.